quarta-feira, 29 de abril de 2009

O estudo da identidade no âmbito da psicologia social brasileira

Por Wilson José Alves Pedro

Resumo:
O presente artigo propõe refletir especificidades da categoria identidade-metamorfose, apresentando alguns de seus pressupostos espistemológicos, teóricos e metodológicos. O que apresento remete à concepção de identidade desenvolvida pelo Prof. Dr. Antonio da Costa Ciampa e que utilizei no decurso de minha capacitação junto ao Núcleo de Pesquisa sobre Identidade, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social, da PUC/SP, bem como em minha prática de professor-pesquisador social na Psicologia/Gestão de Pessoas. Nesta perspectiva discorro sobre a temática Identidade explorando suas configurações num importante campo de estudos e intervenções psicossociais, cuja finalidade é compreender a interações e as transformações indivíduo sociedade.
para ler tudo clique aqui

segunda-feira, 27 de abril de 2009


"Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver a altura de meu mister e, por isso, de desprezar a idéia do reclame, e plebéia socialização de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta de minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Gênio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja"
Fernando Pessoa
foto by Kinho

domingo, 26 de abril de 2009

Acontece

A Universidade Federal da Bahia e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia têm a honra de convidá-lo a participar do Encontro Internacional
"As Reformas Psiquiátricas e a Transformação Cultural em Saúde Mental no Brasil e no Mundo: 30 anos da lei Franco Basaglia"
Destinado a todos aqueles que têm contribuído com as Reformas Psiquiátricas - usuários, familiares, trabalhadores, gestores, pesquisadores, estudantes e sociedade civil -, o evento acontece nos dias 11, 12 e 13 de maio de 2009, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador.
O encontro celebra os trinta anos da promulgação da Lei 180 na Itália e tem por objetivo fazer uma análise das diversas realidades do campo da saúde mental. Desenvolverá debates em torno dos modelos de serviços de saúde mental e da situação atual de desinstitucionalização em vigor em diversos países. Buscará também uma discussão acerca das estratégias de transformação cultural desenvolvidas em cada contexto para permitir a construção de um outro lugar social para pessoas com transtornos mentais.
Palestrantes confirmados: Franco Rotelli (Itália), Manuel Desviat (Espanha), Anne Lovell (França/EUA), Gregório Kasi (Argentina), Antônio Lancetti, Ana Marta Lobosque, Ana Raquel Santiago, Emerson Merhy, Eurípides Jr., Geraldo Peixoto, Jorge Solla, Magda Dimenstein, Naomar de Almeida Filho, Paulo Amarante, Pedro Gabriel Delgado, Roberto Tykanori, Sônia Romeiro, Walter Oliveira.
Apresentações culturais (entre outras): Show de abertura pela banda Harmonia Enlouquece (Rio de Janeiro); Peça de teatro "A Palavra do Silêncio", pelo Grupo Orgone de Arte (Santos), direção Renato di Renzo.
Convidam para a Conferência de Sidi Askofaré
Psicanalista da École de Psychanalyse des Forums du Champ Lacanien - France (AME.EPFCL - France). Diretor do Departamento "Découverte Freudienne" da Universidade de Toulouse 2 Le Mirail. Diretor de Pesquisa do Laboratório de Psicopatologia Clínica e Psicanálise da Universidade de Toulouse 2 Le Mirail e das universidades de Provence e Paul Valéry de Montpellier (França).

Figuras do sintoma: do social ao individual

Data: 8 de maio de 2009 (6ª feira) às 20:00 horas
Local: PUC-SP, R. Ministro Godoy 969 (Perdizes, São Paulo – SP), auditório 239, 3º andar (prédio novo)

ENTRADA FRANCA

HAVERÁ TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
Sidi Askofaré está no Brasil a convite do Fórum do Campo Lacaniano – São Paulo, onde realizará o evento intitulado "Clínica e teoria do corpo", nos dias 9 e 11 de maio de 2009. Informações e Inscrições no Fórum São Paulo: Tel: (11) 3057-1743 e (11) 3063-3703
SEMINÁRIO CIENTÍFICO INTERNACIONAL.
III SEMINÁRIO SOBRE TEORIA POLÍTICA DO SOCIALISMO: GYÖRGY LUKÁCS E A EMANCIPAÇÃO HUMANA.

Data: de 17 a 21 de agosto de 2009
Local: UNESP/Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho.
Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília.

Programação:
Dia: 17/08/2009
Horário: 19H30min. as 22H30min.
Local: Anfiteatro I
Abertura: Dr. Antonio Carlos Mazzeo (UNESP-FFC)
Conferência de Abertura: Dr. Nicolas Tertulian (França)
Coordenadora: Drª Ester Vaisman (UFMG)

Dia: 18/08/2009
Horário: 08H30min. as 12H00
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda I: O jovem Lukács.
- Dr. Mauro Iasi (UFRJ)
- Drª Arlenice Almeida da Silva (UNESP – FFC)
- Dr. Carlos Eduardo Jordão Machado (UNESP – FCL / Assis)
Mediador: Anderson Deo (Doutorando na UNESP – FFC/Marília)

Dia: 18/08/2009
Horário: 19H00 as 22H30min.
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda II: Política e Democracia em Lukács
- Marcos Tadeu Del Roio (UNESP – FFC)
- Carlos Nelson Coutinho (UFRJ)
- Antonino Infranca (Colegio Italiano de Barcelona / Espanha)
Mediador: Marcelo Lira Silva (Mestrando na UNESP – FCL/Ar)

Dia: 19/08/2009
Horário: 08H30min. as 12H00
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda III: Lukács e a razão dialética
- Dr. José Paulo Neto (UFRJ)
- Dr. .Ivo Tonet (UFAL)
- Dr. Antonio Carlos Mazzeo (UNESP – FFC)
Mediador: Estevam Alves Moreira Neto (Mestrando na UNESP – FFC/Marília)
Dia: 19/08/2009
Horário: 19H00 as 22H30min.
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda IV: Crítica do irracionalismo e a alienação (sugestão do Ricardo)
- Dr. Ricardo Antunes (UNICAMP)
- Drª Maria Lucia Silva Barroco (PUC-SP)
- Drª Maria Orlanda Pinassi (UNESP – FCL/Ar)
Mediador: Alessandro de Moura (Mestrando na UNESP – FFC/Marília)

Dia: 20/08/2009
Horário: 08H30min. as 12H00
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda V: Lukács e a Estética
- Drª Ester Vaisman (UFMG)
- Dr. Juarez Duayer (UFF)
- Dr. Miguel Vedda (UBA / Argentina)
Mediador: Fátima Cabral (UNESP – FFC/Marília)

Dia: 20/08/2009
Horário: 19H00 as 22H30min.
Local: Anfiteatro I
Mesa Redonda VI: Ontologia
- Dr. Sérgio Lessa (UFAL)
- Dr. Paulo Douglas Barsotti (FGV-SP)
- Dr. Andréa Catone (Università di Bari / Itália)
Mediador: Claudinei Cássio de Rezende (Mestrando na UNESP – FFC/Marília)

Dia: 21/08/2009
Horário: 19H 30min. às 22H30min.
Local: Anfiteatro I
Conferencia de encerramento
Dr. Iztvan Meszaros (Sussesx University – England)

Evento cultural: Bárbara Castelli, violinista da Orchestra dell´Accademia Santa Cecília
Dia: 18/08
Horário: 18H00
Local: Anfiteatro I

MINI-CURSOS:

Mini-curso I: Trabalho, Emancipação e Formação Humana Integral – Parte I
Dia: 18/08/2009
Horário: 14H00 – 18H00
Local: Anfiteatro II
Ministrante: Dr. Ivo Tonet (UFAL)

Mini-curso I: Trabalho, Emancipação e Formação Humana Integral – Parte II
Dia: 19/08/2009
Horário: 14H00 – 18H00
Local: Anfiteatro II
Ministrante: Dr. Ivo Tonet (UFAL)

Mini-Curso II: Fundamentos Ontológicos do Trabalho – Parte I
Dia: 18/08/2009
Horário: 14H00 – 18H00
Local: Anfiteatro III
Ministrante: Dr. Sérgio Lessa (UFAL)

Mini-Curso II: Fundamentos Ontológicos do Trabalho – Parte II
Dia: 19/08/2009
Horário: 14H00 – 18H00
Local: Anfiteatro III
Ministrante: Dr. Sérgio Lessa (UFAL)

Sessão da Comunicação:
Dia: 20 de agosto de 2009
Textos de 140 a 150 linhas (resumo expandido) de pesquisas em andamento ou completas, condizentes com os temas abaixo enunciados. Do resumo deve constar título, autor, curso / faculdade / universidade de origem, objeto, método e conclusões parciais. Corpo 12

Tema I: György Lukács e sua obra
Tema II: Teoria Política do Socialismo (Filosofia e História)
Tema III: Teoria Marxista no Brasil
Tema IV: Marxismo e Educação
Tema V: Movimentos Sociais e Marxismo
Tema VI: Organização do Trabalho

Inscrições
Alunos de Graduação: R$10,00
Alunos de Graduação (mini-curso): R$ 15,00
Alunos de Graduação (com trabalho): R$15,00
Alunos de Graduação (com trabalho e mini-curso): R$ 20,00
Alunos de Pós-graduação: R$15,00
Alunos de Pós-graduação (mini-curso): R$ 20,00
Alunos de Pós-graduação (com trabalho): R$20,00
Alunos de Pós-graduação (com trabalho e mini-curso): R$ 25,00
Profissionais: R$20,00
Profissionais (com trabalho): R$25,00
Profissionais (com trabalhos e mini-curso): R$ 30,00

Local e prazo: SAEPE / saepe@marília.unesp.br / www.marilia.unesp.br
de 10 de junho a 10 de agosto para inscrições de trabalhos até 17 de agosto para participação nos debates.
INSCRIÇÕES DE TRABALHOS

Estão abertas as inscrições de trabalhos para a II Jornada de Psicologia Sócio--Histórica da PUC SP.
Os trabalhos deverão ser enviados pelo site: http://www.pucsp.br/eventos/jornadasociohistorica/
Prazo até 11 de maio.
Não deixe de enviar seu trabalho!!!!
TODOS OS TRABALHOS SERÃO APRESENTADOS NA FORMA DE COMUNICAÇÃO ORAL

II JORNADA DE PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DA PUC SP

“Subjetividade e Transformação Social: Contribuições da Psicologia Sócio-Histórica”

03/06/2009 no Tucarena
(Rua Bartira sem nº - próximo a PUC SP)
Das 09h às 17:30h

PROGRAMAÇÃO:

09h às 9h30: Abertura
9h30 às 12:00: Conferência: Subjetividade e Transformação Social
13h30 às 16h00: Apresentação de Trabalhos como Comunicação Oral
16h às 17h30: Reunião Geral de Fechamento

Informações pelo e-mail: sociohistorica@pucsp.br

Promoção: Equipe de Psicologia Sócio-Histórica da Faculdade de Psicologia da PUCSP
Apoio: Faculdade de Psicologia PUCSP; Programas de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social; Psicologia Clínica e Psicologia da Educação PUCSP
Organização: Assessoria de Comunicação Institucional da PUCSP

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Iniciativas

Para aqueles que aparecem por aqui, como recentemente andamos falando um bocado sobre reconhecimento, solidariedade, posicionamentos, movimentos e ações que alimentam o mundo da vida e lutam contra a sua colonização pela ordem sistêmica, segue abaixo duas atividades para esse fim de semana que estão além de uma simples observação participante. Uma sábado e outra domingo. Fico pensando que iniciativas assim revelam mais que um interessante desejo de mudança, mas também outro modo de estar e perceber as relações e a vida.

FEIRA INDEPENDENTE NO SÃO PAULO HOSTEL DOWNTOWN

Dia 25/04 - Sábado - das 19h às 22h – Grátis

* Feira de arte, música e materiais independentes.
* Comida vegetariana e vegana
* Teatro-improviso
* Show: Ordinaria Hit - http://www.myspace.com/ordinaria

São Paulo Hostel Downtown
Rua Barão de Campinas, 94
Centro - São Paulo / SP
(11) 3333-0844 - Fax: (11)3338-1414
http://www.hostelsaopaulo.com.br
Mapa: http://www.hostelsaopaulo.com.br/portugues/localizacao.htm
Esquina com General Osório, travessa da Av. São João.

***
RECOMENDA: 26/04: Almoço Beneficente ao Espaço Ay Carmela!‏‏

Aproveitando essa mensagem, nós do ordinaria hit recomendamos fortemente o apoio ao Espaço Ay Carmela! É um lugar muito legal e que é composto por grupos que nos identificamos. É um almoço beneficente no dia seguinte ao nosso show no Hostel. Comapreçam!!
* * *
ESPAÇO AY CARMELA! Convida você para um ALMOÇO BENEFICENTE

DOMINGO - 26/04

* 12:30 às 14:30: Almoço (R$10)
Cardápio: Salada, Paella Vegetariana, Sobremesa e Suco

* 15:00: Plenária de apresentação do espaço, grupos e projetos (entrada gratuita)

ENDEREÇO:
Rua dos Carmelitas, 140
Metrô Sé (Saída Poupatempo)– São Paulo

Reservas e informações: ay-carmela@riseup.net
Por favor, confirma com antecedência a sua presença. Obrigado.
* * *

AJUDE A MANTER VIVO ESSE ESPAÇO AUTÔNOMO! COMPAREÇA! DÊ SUA OPINIÃO E CONTRIBUIÇÃO!

***
CARTA CONVITE

O Espaço Ay Carmela! convida você para um almoço beneficente seguido de uma plenária sobre as atividades e continuidade do projeto.

Dia 26/04/09, 12h30 almoço e 15h plenária
cardápio: salada verde, paella vegetariana (vegana), suco e sobremesa –
contribuição R$10,00.

O Espaço Ay Carmela! é um centro político-cultural autogestionário mantido por grupos e indivíduos autônomos da cidade de São Paulo. A proposta é ser um lugar de construção de ações conhecimentos coletivos, além de um pólode produção, reunião e dispersão de informações, saberes e transformações. O Ay Carmela! é localizado no centro de são Paulo, próximo
ao marco zero. E é mais uma forma de afirmar que o centro é nosso, das pessoas, de quem vive e circula por essa cidade e não do capital, das corporações ou do estado.

O Ay Carmela! iniciou suas atividades em setembro de 2008 depois que alguns grupos autônomos – Centro de Mídia Independente, Biblioteca Anarquista Terra Livre e Fórum Centro Vivo – e indivíduos se juntaram ao CEEP e ao CEDISP, dois grupos que mantinham o prédio para a realização de algumas de suas atividades. A partir disso, tais grupos se integraram e formaram um “coletivo gestor” para manter o espaço. Desde setembro de 2008 as atividades foram organizadas em conjunto. Agora o Espaço passa por uma transição. Houve uma reestruturação do coletivo gestor, resultando na saída do CEEP e do CEDISP.

No momento decidimos assumir a gestão do espaço contando exclusivamente com grupos autônomos. A idéia é continuar no espaço, mesmo sem condições atuais de sustentá-lo financeiramente. O prédio é grande e bem localizado com um custo relativamente baixo para a sua localização e tamanho. Desejamos manter o prédio e construir o projeto do Ay Carmela! nesse mesmo endereço, no centro de São Paulo

Esse evento, o almoço beneficente no próximo domingo, marca o início de uma campanha para arrecadar fundos para nos mantermos no imóvel e viabilizar os projetos que temos para o local. Hoje o aluguel é pago com as contribuições mensais dos grupos e indivíduos que compõem o coletivo gestor do Ay Carmela! e com o dinheiro arrecadado em eventos realizados no local. Mesmo assim temos um déficit mensal considerável. Precisamos de mais colaboradores e demais
atividades no espaço. A idéia é conseguirmos doadores fixos (indivíduos) e aproximar outros grupos e indivíduos que tenham interesse em compor o espaço e colaborar de alguma maneira para mantermos o imóvel e o projeto de se ter um espaço autogestionário e autônomo na cidade de São Paulo (não só com dinheiro, mas com trabalho, realização de atividades, projetos etc..).

Por isso, depois do almoço teremos uma plenária para apresentar os grupos e projetos do espaço, fazer um balanço do que já realizamos, apresentar os planos futuros e ouvir as propostas e opiniões das pessoas presentes.
Venha contribuir com a manutenção e construção do Espaco Ay Carmela!

Espaço Ay Carmela!
Rua dos Carmelitas, 140. Sé – São Paulo
Fone: 55 (11) 3104-4330
e-mail: ay-carmela@riseup.net
site: ay-carmela.birosca.org

Conta Bancária para Doações:
Caixa Econômica Federal (ou casas lotéricas)
Ag. 4070
Op. 013
Conta 00012424-3

***
CARTA DE PRINCÍPIOS DO ESPAÇO AY CARMELA!

O Espaço Ay Carmela! é um centro político-cultural autogestionário mantido por grupos, movimentos e indivíduos autônomos da cidade de São Paulo. Um lugar de construção de ações e conhecimentos coletivos, além de um pólo de produção, reunião e dispersão de informações, saberes e transformações. O Ay Carmela! é localizado no centro de São Paulo, próximo
ao marco zero. E é mais uma forma de afirmar que o centro é nosso, das pessoas, de quem vive e circula por essa cidade e não do capital, das corporações ou do estado.

“Deveremos resistir, Ay, Carmela! Ay, Carmela!”
Trecho do Hino da Revolução Espanhola (1936-1939).

Alguns princípios norteiam as ações do espaço, são eles:
Autogestão: Cada pessoa ou coletivo envolvido no espaço participa efetivamente de sua gestão.

Horizontalidade: O espaço é gerido por grupos e indivíduos sem que haja uma hierarquia entre eles. Não há patrões e empregados, nem mandantes e mandados no Ay Carmela!.

Autonomia: O Ay Carmela! não tem qualquer vinculação institucional com partidos políticos, organizações religiosas, empresas ou organismos governamentais. Não abrimos mão de independência para realizar nossas ações.

Auto-Sustentabilidade: O espaço se sustenta com recursos doados pelos grupos e indivíduos gestores, por contribuições pessoais ou através de eventos para arrecadação de fundos. A auto-sustentabilidade como princípio significa também não ter relações de dependência financeira com as instituições mencionadas.

Apartidarismo: As atividades desenvolvidas não terão caráter eleitoral nem qualquer vinculação com partidos políticos. Organizações partidárias não poderão compor o coletivo gestor.

Respeito e promoção da diversidade: As atividades e a gestão do espaço são profundamente comprometidas com a difusão do respeito à diversidade. Ações e proponentes que propaguem racismo, machismo, homofobia, elitismo, fascismo ou nazismo não são bem vindos; não passarão!

Anti-Capitalismo: Não estamos alinhados com essa forma de produção de mercadorias, tempo, pessoas, trabalho e idéias que é o capitalismo.

Participam da gestão do espaço os grupos:

CMI - Centro de Mídia Independente / Coletivo São Paulo (midiaindependente.org)
Coletivo Anarquista Terra Livre (inventati.org/terralivre)
FCV - Fórum Centro Vivo (centrovivo.org)
E indivíduos

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Identidade Coletiva

Por Pauliana Freitas Gonçalves

Para compreender a identidade coletiva faz-se necessário entender a noção de identidade individual que lhe empresta grande parte de seus conceitos. De acordo com Ciampa (1994) a primeira noção de identidade é: diferença é igualdade. Aonde se vai diferenciando e igualando conforme os vários grupos sociais de que se parte: brasileiro, igual a outros brasileiros, diferente dos estrangeiros. Mas é verdade que a identidade de um indivíduo é constituída pelos diversos grupos de que faz parte, porém seria errôneo pensar que os substantivos com os quais as pessoas se descrevem expressam ou indicam uma substância que nos tornaria um sujeito imutável, idêntico a si-mesmo.
Ao ser concebida a criança se encontra em um mundo já constituído e sobre ela lançam-se as expectativas da sociedade, porém o homem, enquanto ser ativo, apropria-se da realidade social, atribuindo um sentido pessoal às significações sociais. Dadas às condições objetivas, as expectativas da sociedade, bem como as expectativas internalizadas pelo próprio homem, a identidade vai sendo construída num constante processo de vir a ser. Essa plasticidade, ou possibilidades, é que faz com que o homem não crie apenas o mundo, mas crie sentido para o mundo em que vive, traçando caminhos, mudando sua rota, alterando sua "pré-destinação" pelas ações que realiza junto com outros homens. Por isso, deve ser visto como "se fazendo" e não "feito" e "acabado". É essa subjetividade constituída por um universo de significados que transforma o "ser" em humano (CIAMPA, 1994)

*para continuar lendo clique aqui

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Livros de Paulo Freire

Desbloqueados para impressão. Preciosa contribuição de minha colega de pós-graduação Simone Jorg. Obrigado. Preciosidades da obra de Paulo Freire desbloqueadas pra impressão/dowload na Biblioteca da Floresta

São livros importantíssimos de um pensador brasileiro comprometido profundamente com as causas sociais. O material é inovador, criativo, original e tem importância histórica inédita.



domingo, 12 de abril de 2009

A educação tradicional na África

por Bâ, Amadou Hampâté*

Quando fui nomeado membro do Conselho Executivo da Unesco, atribuí-me o objetivo de falar aos europeus sobre a tradição africana enquanto cultura. A coisa era um tanto difícil, já que na tradição ocidental foi estabelecido firmemente que, onde não há escrita, não há cultura. A prova da dificuldade é que, a primeira vez que propus que se considerassem as tradições orais como fontes históricas e fontes de cultura, provoquei apenas sorrisos. Alguns chegaram a perguntar, com ironia, que proveito a Europa poderia tirar das tradições africanas! Lembro-me de haver respondido: "A alegria, que vocês perderam". Talvez pudéssemos acrescentar hoje em dia: "Uma certa dimensão humana, que a civilização tecnológica moderna está prestes a fazer desaparecer".
O fato de não possuir uma escrita não priva a África de ter um passado e um conhecimento. Como dizia meu mestre, Tierno Bokar: "A escrita é uma coisa e o saber é outra. A escrita é a fotografia do saber, mas ela não é o saber em si. O saber é uma luz que está no homem. É a herança de tudo o que nossos ancestrais puderam conhecer e que nos transmitiram em germe, exatamente como o baobá, que já está contido em potência em sua semente".
-para continuar lendo clique aqui
*Amadou Hampâté Bâ nasceu em 1900 em Bandiagara, região situada no atual Mali. Educado espiritualmente na religião islâmica, foi fortemente marcado pela identidade nascida de suas raízes ancestrais. Dedicou-se desde cedo à coleta de narrativas e acabou por se transformar em mestre da transmissão oral e especialista no estudo das sociedades negro-africanas das savanas. Entre 1962 e 1970 foi membro do Conselho Executivo da Unesco, tendo sempre se empenhado em fazer com que a tradição oral africana fosse reconhecida como fonte legítima de conhecimento histórico. Dentre outros títulos, é autor de Aspects de la civilisation africaine, Présence Africaine e Contes initiatiques peuls.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sobre a necessidade de posicionamentos

Como foi dito no início desse blog, sua intenção é ir em busca de uma práxis da psicologia social. Já percebemos que parte da dificuldade daquilo que se produz no campo das teorizações, e disso se fazer entender por quem não pertence a ele, é em parte atribuída a uma falsa noção de imparcialidade de seus autores. O mito do distanciamento ou imparcialidade cientifica, apesar deste debate ter caducado na maioria das disciplinas de metodologia científica, produz inúmeras vezes reflexões compreensíveis apenas para os familiarizados com seus temas. Entendemos a importância de conhecimentos e conceitos específicos a priores para a melhor compreensão de muito que é feito na psicologia social e ciências sociais, não se pretende negar isso aqui, mas e quando há o receio por ser esperado ou mesmo exigido, um posicionamento dos produtores de seus conhecimentos? Penso que assim como o conhecimento cientifico exige certa construção e aprendizagem, alguns posicionamentos também merecem tal esforço. Acredito que todo pesquisador ou intelectual de qualquer área para se fazer valer de maior credibilidade precisa ir além de sua retórica, citações e embasamento, e passar a exercer posicionamentos. Creio que dois exemplos mais pertinentes e conhecidos mundialmente dessa necessidade e seus riscos ocorreram em 2007 e 2008. Em 2007 quando o professor de antropologia da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, David Graeber foi demitido de suas funções por seu engajamento politico e como ele mesmo definiu, pelo posicionamento anarquista. Em 2008 Norman Finkenstein foi preso e deportado por Israel, por ser um dos mais enfáticos críticos da ocupação israelense da Palestina e foi demitidoda Universidade DePaul, em Chicago, depois de intensa campanha do lobby pró-ocupação.
Assim sendo, vamos a prática do que acaba de ser dito. Apresentar o debate sobre as ações e vida de Enric Duran é um caso no minimo emblemático para analisar a urgência de posicionamentos por parte dos psicólogos e cientistas sociais. Isso não nos obriga a escolhas ideológicas, mas não permite uma avaliação que desconsidere o lugar de onde se fala. Duran é um ativista catalão que foi recentemente preso por ser acusado de um considerado desfalque ao sistema financeiro europeu. Ele não nega as acusações, mas as incentiva. Faz pensar sobre novas formas de ação direta e engajamentos políticos. Acaba também de ser lançado um livro sobre essas práticas e um considerado material onde conta seus planos e suas estratégias para transformação social.
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“Liquidemos o banco - Testemunho de um ativista que desafiou o poder”, é o título de um livro que acaba de ser lançado na Espanha. Enric Duran é um anticapitalista catalão que anunciou no ano passado o "roubo" de quase meio milhão de euros como um ato de "desobediência civil financeira", e que regressou recentemente a Espanha para promover a luta contra o capitalismo. Contudo, em março, no dia 17, terça-feira, foi preso por fraude na Universidade de Barcelona. A seguir apresentamos uma resenha desta obra e mais algumas informações sobre o caso Enric Duran.

Um documento sobre como e porque de suas ações. Logo adiante um conto rocambolesco ou de qualquer leitura sensacionalista, a ação levada a cabo por Enric Duran, conseguindo crédito de 39 entidades bancárias, valendo-se das falhas do próprio sistema financeiro, não apenas colocado em cheque à vulnerabilidade deste sistema, mas também a denúncia contundente da falsa “natureza” do dinheiro, criado pelos bancos a partir da especulação de crédito. Todo ele se explica sem firulas em Abolim la Banca, um livro onde o protagonista nos fala do sentido de sua ação contra os fundamentos do capitalismo.

“Frente a um governo que encarcera muitas pessoas injustamente, o melhor lugar para uma pessoa justa também é a prisão”, com estas palavras de Henry Thoreau, inicia o capítulo “Diário de uma expropriação planificada”, em que Enric Duran (Vilanova i la Geltrú, 1976) narra com fina ironia e todo luxo de detalhes o modo como chegou a reunir cerca de meio milhão de euros em créditos, partindo do nada, para transformá-los depois em recursos que ajudaram a financiar projetos sociais alternativos.

Não existem dúvidas que, além de criar uma inteligente partida de xadrez com o sistema, conhecendo todas as suas jogadas, levar a cabo uma ação assim, traz à tona novamente o significado das palavras de Thoreau e, desde logo, isso é o que tem feito Enric Duran com total destreza. Seus propósitos de “insubmissão bancária”, não é apenas uma marca da tradição de desobediência civil, iniciada pelo pensador norte-americano e incita dentro da tradição sócio-histórica analisada por Eric Hobsbawm em um de seus trabalhos mais conceituados: “Bandidos”.

Neste livro, o historiador analisou o perfil da figura do “bandido social”: um arquétipo que ao largo do tempo se repete de forma mítica em todas as culturas. Onde melhor rastrear a continuidade da tradição na época contemporânea é na “expropriação anarquista”. Não em vão, Enric Duran se refere a ela em seu livro e especialmente a Lucio Urtubia como uma de suas principais fontes de motivação. Que esta tradição continua viva, não é apenas comprovada pela irrupção da ação de Duran em plena crise financeira, mas nos mostra o debate gerado por suas ações, e, sobretudo, as inúmeras mostras de simpatia e cumplicidade que despertou na população.


O ativismo como escola

A leitura de Enric Duran não é meramente acadêmica ou sociológica. Seu testemunho é estímulo que não se pode ficar indiferente. O autor renuncia a seus direitos autorais, remarcando em seu contrato editorial que 10% do preço da arrecadação da venda será destina ao Coletivo Crise para leva a cabo novas ações. De fato, boa parte do livro está destinada a narrar a gênese deste coletivo e seus propósitos a partir de ações como as publicações em massa de “Crisis” e “Podemos Vivir Sin Capitalismo”, ambas financiadas com as expropriações dos bancos.

O que também fica definido no livro é o compromisso social e a trajetória ativista e autodidata de Enric Duran há mais de uma década, quando se iniciou os movimentos de resistência à globalização. Essa foi a escola que o levou a compreender as dificuldades das lutas sociais em um mundo cada vez mais complexo e mutante, assim como a necessidade de criar novas estratégias de luta servindo-se magistralmente de meios como a internet. O livro, em definitivo, é um testemunho de uma pessoa incansável que, faz o que acredita. E isso é o que vale!

Alfonso López Rojo

Resenha publicada no semanário Directa - abril de 2009.

Enric Duran: Abolim la banca.Testimoni d’un activista que ha desafiat el poder.

Ed. Ara Llibres, Badalona, 2009, 213 págs.

A prisão de Enric Duran

Em 17 de setembro de 2008, ao mesmo tempo em que os governos do mundo se mexiam para evitar o colapso do sistema financeiro mundial, Enric Duran, um catalão anticapitalista, anunciou um ato ousado de “desobediência civil financeira”. Ao longo dos últimos dois anos Duran tinha pedido emprestados 492.000 euros de 40 bancos diferentes, sem a intenção de devolver o dinheiro. Como um protesto contra o sistema financeiro global e a natureza inerentemente exploradora dos bancos comerciais, Duran distribuiu o dinheiro a diversos movimentos sociais anticapitalistas na Espanha e utilizou-o para publicar 200.000 exemplares de uma revista chamada “Crise” que critica detalhadamente o sistema bancário. Ele foi apelidado pela mídia de “Robin dos Bosques dos Bancos”.

Duran deixou o país para evitar processos judiciais e iniciou uma campanha para organizar devedores e depositantes bancários com o coletivo “Crise” de Barcelona. Em 16 de março de 2009 Duran regressava a Barcelona para anunciar uma segunda publicação numa conferência de imprensa. A publicação define as formas de começar a organizar uma sociedade pós-capitalista. 350.000 exemplares da revista foram editados e distribuídos gratuitamente, por centenas de voluntários, em toda a Espanha.

Em 17 de março, Duran foi preso por fraude na Universidade de Barcelona. Solidários com Duran realizaram uma manifestação exigindo a sua libertação, no dia 18 de março.

Para atualizações sobre a situação de Enric Duran visite: http://17-s.info ou http://bankstrike.net ou através do e-mail: bankstrike@riseup.net

“Viver sem capitalismo”

É a peça central da publicação “Podemos!”, delineando uma resposta popular para obrigar os ricos a pagar pela crise financeira. Apela para que as pessoas organizem alternativas ao capitalismo através da remoção de depósitos dos bancos, suspendendo os pagamentos de dívidas e hipotecas, e ao desenvolvimento de instituições auto-geridas para satisfazer as necessidades dos povos.

Mais infos e para baixar a publicação: www.17-s.info

Solidariedade

Para enviar cartas de apoio a Enric Duran, atualmente detido na prisão de Brians:

Enric Duran

Brians, 1

Aptdo. 1000

08.760 - Martorell

Barcelona - Espanha

Tradução > Palomilla Negra

Fonte ANA - Agência de Notícias Anarquistas

quarta-feira, 8 de abril de 2009

COLÓQUIO INTERNACIONAL

TOLERÂNCIA E DIREITOS HUMANOS: DIVERSIDADE E PAZ
Inscrições pelo Portal SESCSP a partir de 31/3 .
O Colóquio acontece de 22 a 26 abril, no Teatro Paulo Autran, e pretende estabelecer um diálogo entre intelectuais e acadêmicos, brasileiros e estrangeiros, sobre temas ligados à questão da Tolerância e Direitos Humanos visando um melhor entendimento entre as diferentes culturas e como um esforço comum pela paz.
O formato das discussões prevê Conferências e Mesas Redondas, onde serão apresentados os resultados das últimas pesquisas no campo da Tolerância.
Realização: SESC SP e Laboratório de Estudos sobre a Intolerância - LEI / USP
Informações: 3095-9448/ 9720, das 10h às 19h
R$ 30,00; R$ 15,00 (usuário matriculado, a partir de 60 anos e estudantes). R$ 7,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes, a partir de 60 anos e estudantes).
Dia(s) 22/04, 23/04, 24/04, 25/04, 26/04
De quarta a domingo, das 10h às 21h. SESC Pinheiros

segunda-feira, 6 de abril de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

Entrevista

"Com liberdade total para o mercado, quem atende aos pobres?"

Em entrevista publicada no jornal Página 12, o historiador britânico Eric Hobsbawm fala da crise atual e de suas possíveis implicações políticas. Para ele, o mundo está entrando em um período de depressão e os grandes riscos, diante da fragilidade da esquerda mundial, são o crescimento da xenofobia e da extrema-direita. Hobsbawm destaca o que está acontecendo na América Latina e elogia o presidente brasileiro. "É o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil. No Brasil há muitos pobres e ninguém jamais fez tantas coisas concretas por eles".

Em junho ele completa 92 anos. Lúcido e ativo, o historiador que escreveu "Rebeldes Primitivos", "A Era da Revolução" e a "História do Século XX", entre outros livros, aceitou falar de sua própria vida, da crise de 30, do fascismo e do antifascismo e da crise atual. Segundo ele, uma crise da economia do fundamentalismo de mercado é o que a queda do Muro de Berlim foi para a lógica soviética do socialismo.

Hobsbawm aparece na porta da embaixada da Alemanha, em Londres. São pouco mais de três da tarde na bela Belgrave Square e se enxergam as bandeiras das embaixadas por trás das copas das árvores. De óculos, chapéu na cabeça e um casaco muito pesado, cumprimenta. Tem mãos grandes e ossudas, mas não parecem as mãos de um velho. Nenhuma deformação de artrite as atacou. Rapidamente uma pequena prova demonstra que as pernas de Hobsbawm também estão em boa forma. Com agilidade desce três degraus que levam do corrimão a calçada. Parece enxergar bem. Tem uma bengala na mão direita. Não se apóia nela, mas talvez a use como segurança, em caso de tropeçar, ou como um sensor de alerta rápido que detecta degraus, poças e, de imediato, o meio-fio da calçada. Hobsbawm é alto e magro. Uns oitenta e bicos. Não pede ajuda. O motorista do Foreign Office lhe abre a porta esquerda do jaguar preto. Entra no carro com facilidade. O carro é grande, por sorte, e cabe, mas a viagem é curta.

- Acabo de me encontrar com um historiador alemão, por isso estou na embaixada, e devo voltar – avisa. Ele chegou de visita a Londres e quis conversar com alguns de nós. Sei que vamos a Canning House. Está bem. Poucas voltas, não?

O carro dá meia volta na Belgrave Square e pára na frente de outro palacete branco de três andares, com uma varanda rodeada de colunas e a porta de madeira pesada. Por algum motivo mágico o motorista de cabelos brancos com uma mecha sobre o rosto, traje azul e sorridente como um ajudante do inspetor Morse de Oxford, já abre a porta a Hobsbawm. Entre essas construções tão parecidas, a elegância do Jaguar o assemelha a uma carruagem recém polida. O motorista sorri quando Hobsbawm desce. O professor lhe devolve a simpatia enquanto sobe com facilidade num hall obscuro. Já entrou em Canning House e à direita vê uma enorme imagem de José de San Martin. À esquerda do corredor, uma grande sala. O chá está servido. Quer dizer, o chá, os pães e uma torta. Outro quadro do mesmo tamanho que o de San Martin. É Simon Bolívar. E também é Bolívar o cavalheiro do busto sobre o aparador.

Quanto chá tomaram Bolívar e San Martin antes de saírem de Londres para a América do Sul, em princípios do século XIX, para cumprir seus planos de independência?

Hobsbawm pega a primeira taça e quer ser quem faz a primeira pergunta.

*para ler a entrevista na íntegra publica em Carta Maior clique aqui

quinta-feira, 2 de abril de 2009

CAPOEIRA: PRECONCEITO EM ALTA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

É com muita tristeza que informamos à comunidade universitária e à sociedade baiana e brasileira que o preconceito está em alta na Universidade Federal da Bahia. Não bastassem as infelizes declarações do professor Antonio Dantas (ex) coordenador da Faculdade de Medicina, com grande repercussão na mídia há cerca de um ano atrás, onde cita a execução do toque do berimbau como referência para dizer que o baiano tem pouca capacidade mental, temos agora outra manifestação eminente desse preconceito. Vamos aos fatos.

Desde que foi implantada na UFBA, em 2000, a Atividade Curricular em Comunidade (ou simplesmente ACC como é conhecida no ambiente universitário) tem sido uma experiência muito importante no que diz respeito a uma maior aproximação entre Universidade e Comunidade. Uma dessas ACCs – Ensino e Pesquisa na Roda de Capoeira – desenvolvida a partir da Faculdade de Educação da UFBA, foi uma das primeiras a serem implantadas no currículo e vem envolvendo estudantes de vários cursos em atividades sócio-educativas direcionadas às comunidades de capoeira, atuando em Salvador e Região Metropolitana, abrindo o espaço da universidade para estas comunidades, dando voz e visibilidade aos seus líderes e seus participantes (crianças, adolescentes e adultos) a partir de muitas atividades.

No entanto, a ACC EDC464 - Ensino e Pesquisa na Roda de Capoeira sofre, já há alguns semestres, o que poderíamos chamar de “pouco prestígio” junto a Pró-Reitoria de Extensão, órgão responsável pelas ACCs. Já não vinha recebendo o apoio financeiro a que todas as ACCs têm direito, o que já tornava a tarefa de continuar um fardo pesado para alunos e professores comprometidos com essas ações e que apelaram freqüentemente ao próprio bolso para manter as atividades em funcionamento.

Temos durante esse tempo todo, tentado dialogar com representantes dessa Pró-Reitoria no sentido de sensibilizá-los sobre a necessidade e a importância da continuidade das ações dessa ACC, sobretudo em função dos compromissos estabelecidos com essas comunidades, que finalmente começam a enxergar a Universidade como uma parceira importante em sua luta por dignidade humana.

Fomos, então, surpreendidos nesse atual semestre com a notícia veiculada pela Pró-Reitoria de Extensão, de que a ACC Ensino e Pesquisa na Roda de Capoeira não seria mais oferecida. Depois de muito tentarmos, sequer uma explicação plausível nos foi dada para justificar tal atitude. Será que os saberes tratados pela capoeira não seriam nobres o suficiente, para justificar sua presença no currículo oficial da UFBA ???

Diante do exposto, viemos a público manifestar nossa INDIGNAÇÃO pela forma arbitrária com que essa decisão foi tomada, sem sequer possibilitar um diálogo e uma argumentação de nossa parte, que pudesse alterar tal decisão, o que nos faz acreditar que tal atitude trata-se de PRECONCEITO contra uma manifestação como a CAPOEIRA, que durante séculos foi perseguida e reprimida pelo poder, tida como coisa de “vadios” e “desordeiros”, e que apesar de hoje, ser considerada Patrimônio da Cultura Brasileira pelo IPHAN, e ser praticada em mais de 150 países no mundo inteiro, ainda sofre esse tipo de discriminação, e pior, justamente na Bahia, local de maior prestígio dessa manifestação em todo o mundo.

Reiteramos a relevância desta ACC na formação de estudantes de diversas áreas, o que confirma seu caráter aberto a todas as áreas do conhecimento. Destacamos a importância desta manifestação cultural não só para a formação humana de seus estudiosos na Universidade Federal da Bahia, mas também para a formação científica dos estudantes e professores desta instituição. A ACC 464 foi (e é) base para estudos monográficos, dissertações de mestrados, além de trabalhos apresentados em eventos como a SBPC em Campinas, o Seminário Interno de Pesquisa da UFBA em Salvador e em eventos internacionais, como o de Cuba – Pedagogia 2009.

A ACC busca aproximar o saber popular e acadêmico de forma democrática, sensível, auxiliando na superação de uma lógica retrógada que permeou por muito tempo os ambientes universitários e que, agora, cabe cada vez menos em um país que declara ser a diversidade cultural um dos seus grandes diferenciais. Para sermos diversos culturalmente, é preciso respeito com toda forma de cultura. Não é o que esta universidade mostra agindo desta forma em relação a essa já histórica e resistente ACC.

Em virtude do silêncio da Pró-Reitoria de Extensão sobre a justificativa da exclusão da ACC, consideramos que os canais de diálogo foram esgotados, e por isso apelamos a essa nota pública, no intuito de denunciar essa atitude discriminatória e preconceituosa, certos de que a comunidade acadêmica e a sociedade baiana se manifestarão a respeito.

Salvador, 30 de março de 2009

Professores responsáveis atuais pela ACC 464: Ensino e Pesquisa na Roda de Capoeira (Faculdade de Educação):

Pedro Abib

Maria Cecília de Paula Silva

Antigos professores participantes:

José Luis Cirqueira Falcão (professor da UFSC, colaborador na criação da ACC 464 e sua inclusão no currículo da UFBA EM 2000)

Participantes:

Benício Boida de Andrade Júnior, estudante de filosofia (participante desde 2007.1)

Eduardo Evangelista Costa Bomfim, estudante de ciências sociais (participante desde 2006.2)

Fernando Lemos, estudante de arquitetura (participante desde 2006.2)

Franciane Simplício Figueiredo, mestre em educação (participante desde 2006.1)

Luciano Ferreira Guimarães, contramestre de capoeira (participante informal desde 2005.2)

José Luis Oliveira Cruz , mestre Bola Sete, mestre de capoeira (participante informal desde 2006.1)

Maria Luisa Bastos Pimenta Neves, estudante de pedagogia (participante desde 2004.1)

Priscila Lemos Menezes, estudante de letras vernáculas com uma língua estrangeira, (participante desde 2008.2)

Renato Silva Santos, estudante de educação física (participante desde 2007.2)

Sante Braga Dias Scaldaferri, mestre em educação (participante desde 2006.1)

Sergio Fachinetti, mestre Cafuné, mestre de capoeira (participante informal desde 2006.2).