terça-feira, 24 de abril de 2012

Repensando conceitos para evitar preconceitos.

Penso que de tempos em tempos vale muito a pena parar e pensar sobre nossas verdades. Sempre acho que tenho alguns preconceitos, mas em alguns casos eles me convencem de permaneceram dentro de mim porque se configuram muito mais como conceitos do que como lugares anteriores que formatam o "pré". Questão de conceito, não de pré-conceito. Sou um homem de ritos, e as vezes de fé. Muito mais de ritos. Porém como filho de Tempo, entendo bem o lugar de cada coisa. E presenciar o que vem se tornando nossa cultura em nome de um tal evangelicismo que "só Jesus salva" é tão desesperador quanto sabedor da história de grande parte das religiões nos últimos éculos. Eu também não sou cristão. Até onde posso ver, nunca se matou, destruiu e odiou tanto como em nome de Deus. Por isso quando encontramos algumas figuras se esforçando em direção a algo mais equilibro e sensato isso merece minimamente nossa atenção. É o caso do Ricardo Gondim. Pastor, veio nos últimos tempos se distanciando do que é chamado "movimento evangélico" por não querer mais, segundo ele, estar associado a uma gente "a quem não se pode confiar a carteira". Busca novos ares e maior coerência com aquilo que considera útil. Para ele, que prefere a franqueza áspera dos “sem religião” a "carolice desencarnada dos alienados" e reconhece que “o ateísmo ético supera em muito a canalhice praticada em nome de Deus”, já tá na frente de muita gente. Defende a união homossexual e sofreu consideradas perdas por seus posicionamentos. Enfim, alguém que acabo de conhecer por seus textos e que nos faz pensar sobre esse esforço de sinceridade. Em um mundo que permite o assassinato e a hipocresia, desde que se aceite a salvação, ele merece algum crédito.

Repensar molduraRicardo Gondim
Ninguém vive fora de algum círculo. Quando escrevi o livro “Pensando Fora da Caixa” não sugeri o abandono de molduras. Não se pensa sem paradigmas. Propor anarquia intelectual é desatino. Nietzsche afirmou corretamente: “O nada nega a si mesmo”. Quem procura sair de formas busca mudar de lente ou de pedra de arranque. Não cogita cometer suicídio intelectual. Talvez tente criticar pressupostos; quem sabe, desobedecer bitola; com certeza, abrir algum cadeado.
Repensar moldura significa coragem de rir enquanto probos pensadores posam, com olhar compenetrado, de senhores da razão. Não há nada mais ridículo, e ao mesmo tempo engraçado, do que presenciar debate em que acadêmicos discutem a irrelevância do óbvio. Rubem Alves expressou seu desdém por essa moinha árida, que consome filósofos, teólogos e teóricos. Pensar nem sempre garante sentir. Como não desejava refletir o mundo como um espelho frio, disse: “É isso que me separa dos filósofos: sou um amante. Tenho um caso de amor com o universo…”. Para celebrar a vida é preciso esse namoro.
Repensar moldura significa não temer o mundo da sensibilidade. É preciso ousadia para chorar quando o riso se torna fácil e a alegria, banal. Na gargalhada dos medíocres, o pranto se torna virtude. Se galhofa expressar complacência, chegou a hora de lamentar. Compadecer, igual a sofrer com, precisa migrar dos imperativos e virar privilégio.
Repensar moldura significa manter acesa a flama da esperança e em tempos cínicos, sonhar. Esperança se define como a teimosia de plantar uma árvore mesmo se não há mais idade para descansar à sua sombra.
Repensar moldura significa aprender a disciplina da prece. É fazer da contemplação o alimento de uma fé que zomba do pessimismo, acredita em outro mundo possível, pisa os grilhões do destino e profetiza um porvir, em que justiça e paz se beijam.
Repensar moldura significa escolher estrada menos trilhada. Quando a multidão preferir os píncaros, descer aos vales. Se todos acharem que lodaçais crescem, sacudir a lama e alçar o voo das águias.
Repensar moldura significa não ter medo de andar para trás. É desprezar o progresso, achincalhar o sucesso, voltar à idade menina de falar na língua do “P”, apaixonar-se perdidamente, assombrar-se com a escuridão, ver o mundo grande, fechar os olhos ao grotesco e perceber anjos e fadas ao derredor.
Repensar moldura significa assumir-se. Canhotos não precisam envergonhar-se do canhotismo. Baixinhos não devem se sentir inadequados. Orientação sexual não define caráter. É revoltar-se com as etiquetas imbecis de uma cultura burguesa que parasitou em costumes franceses e, depois, emulou o pior dos Estados Unidos.
Repensar moldura significa desvencilhar-se de afirmações piegas, ridiculamente sentimentais. É preferir a franqueza áspera dos “sem-religião” ao invés da carolice desencarnada dos alienados e por fim, constatar que o ateísmo ético supera em muito a canalhice praticada em nome de Deus.
Soli Deo Gloria

quarta-feira, 18 de abril de 2012

enquanto isso...

Esse negócio de mudança, cansa! Acabei de mudar de casa e já tô terminando de arrumar tudo por aqui... enquanto isso, dois blogs bem interessantes que acabei de conhecer sobre temas de educação, história e negritude. Visitem!
http://kandimbafilms.blogspot.com.br


http://cnncba.blogspot.com.br/

terça-feira, 10 de abril de 2012

“DA POSITIVIDADE DOS NÓS”: EXPERIMENTOS EM PESQUISAS PÓS-CONSTRUCIONISTAS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA SOCIAL
NÚCLEO DE ESTUDOS EM PRÁTICAS DISCURSIVAS E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
End.: Rua Monte Alegre, 984. Perdizes. 05014-901 - São Paulo-SP - Brasil
Fone/fax: (011) 3670 8520 E-mail: pssocial@pucsp.br

Do objetivo:
O objetivo principal deste evento é discutir aportes teórico-metodológicos gerados pelos novos campos de experimentação emergentes nas práticas de pesquisa pós-construcionistas. Como enunciado no próprio título do evento, a proposta não é “desfazer os nós” que surgem nas experimentações em pesquisa, mas usá-los como substrato para tessituras epistêmicas e ontológicas em Psicologia Social. Interessa problematizar as questões que dizem respeito aos modos de produção de saber, sua
circulação e formas de escrita que, sem deixar de ser científicas, dialogam com vertentes narrativas provenientes de outras áreas disciplinares.

De como funcionaremos:
Conversações a partir de provocações compostas por reflexões teóricas e experimentos de pesquisa apresentados por pesquisadores/as e debatidas pelo Prof. Dr. Lupicinio Iñiguez, Catedrático da Universidade Autônoma de Barcelona.
Visando a multiplicidade e colaboração, as pesquisas debatidas serão relatadas por não autores, de modo que estes se fazem presentes, mas no lugar de debatedores, compondo o que, de empréstimo à Donna Haraway (1994), chamamos de “jogo de cama de gato”.

PROGRAMAÇÃO
25/04/2012
Primeira sessão (09h00min as 12h00min)
CAT’S CRADLE: COMPARTILHANDO NÓS
Abertura e conversação sobre os campos-tema dos pesquisadores
presentes no ciclo de debates tendo como eixo os nós encontrados em suas
experimentações.
Abertura
Profa. Dra. Mary Jane Spink
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Prof. Dr. Lupicinio Iñiguez
Universidade Autônoma de Barcelona
Provocação às conversações
“Cat ' s cradle is a game for nominalists like me who cannot not desire what we cannot possibly have. As soon as possession enters the game, the string figures freeze into a lying pattern. Cat's cradle is about patterns and knots; the game takes great
skill and can result in some serious surprises. One person can build up a large repertoire of string figures on a single pair of hands; but the cat's cradle figures can be passed back and forth on the hands of several players, who add new moves in the
building of complex patterns . Cat's cradle invites a sense of collective work, of one person not being able to make all the patterns alone. One does not "win" at cat's cradle; the goal is more interesting and more open-ended than that (Haraway, 1996,
p. 69-70)”.

Segunda sessão (14h00min as 18h00min)
MÚLTIPLAS FONTES EM PESQUISA: TRABALHANDO A COMPLEXIDADE
Debate sobre experimentos em pesquisa com múltiplas fontes, tendo como
eixo de discussão a consideração das complexificações.
Provocação às conversações
“(...) esquemas racionais de classificação reduzem a complexidade, pois ordenam, dividem, simplificam e excluem; eliminam as nuances de cinza entre o branco e o preto. O efeito do ordenamento não reduz apenas por expulsar a anomalia ou o indesejável para as margens; ele oferece a ilusão de que nele todas as relações podem ser explicadas. Porém, outros modos de lidar com a diversidade podem ser propostos.
John Law e Annemarie Mol (2002), aliando-se a todos aqueles que recusam a tendência a simplificar a realidade, perguntam-se: o que é a complexidade e como podemos lidar com ela em nossas práticas de produção de conhecimento? (Spink, M., 2010, p.46).”

26/04/2012
Primeira sessão (09h00min as 12h00min)
MODOS DE ESCRITA: DE ONDE VÊM AS NARRATIVAS? PARA ONDE VÃO?
Discussão sobre modos de escrita pós-construcionistas que dialogam com aportes narrativos provenientes de outros campos disciplinares, colocando questões quanto à construção dos selves, da autoria e do que, ao ser redigido, adquire ou não existência como real e/ou ficcional. 
Provocação às conversações
“Quite usted la medida. Las letras no son sólo corno en el alfabeto Morse, puntos, guiones. También son unos abiertos, cerrados, trazos intermedios, nudos, bordes, grafos en general. Esta es la topología. El tejedor, yo ya lo sabía, es un artesano pre-geométrico. Pero también lo es el escriba de cursivas (Serres, 1991, p. 179)”.
“Los académicos interesados en las narrativas están claramente divididos sobre la cuestión del valor de verdad: muchos sostienen que las narraciones tienen el potencial de portar la verdad, mientras que otros argumentan que las narraciones no reflejan sino que construyen la realidad. La primera perspectiva ve a la narración como promovida por los hechos, mientras que la segunda generalmente sostiene que la
narración organiza a los hechos o incluso los produce. La mayoría de historiadores, biógrafos y empiristas comprensiblemente hacen hincapié en las posibilidades de la narración de portar la verdad (Gergen, 2007, p. 157).”
 
Segunda sessão (14h00min as 18h00min)
MESS IN RESEARCH: PRECISAMOS MESMO DE MÉTODO?
Reflexões sobre a as ontologias políticas colocadas em ação quando empregamos o termo método para falar das nossas formas cotidianas de fazer pesquisa, bem como sobre experimentações e impasses quando tentamos ou logramos abandonar este uso.
Provocação às conversações “?Que es le método científico? ?Qué es el método experimental? La pregunta no esta correctamente planteada. ?Por qué debería haber el método de la ciencia? No hay una única manera de construir una casa, o incluso de sembrar tomates. No deberíamos esperar que algo tan abigarrado como el crecimiento del conocimiento este atado a una metodología (Hacking, 1996, p. 180).”
“These, then, are issues of ontological methodology. Their particular form reflects my own concerns and agendas. Enactment, multiplicity, fluidity, allegory, resonance, enchantment, these have been some of my keywords as I have explored what I have called method assemblage. But my object has been to provoke debate about methods
rather than imposing a new orthodoxy. It is like this. If realities are enacted then many of the methodological certainties of the social and the natural sciences are undone and we need debate about what follows. Concern with the truth will not and should not go away. But the distinction between truths and other goods is at best pragmatic. All sorts of assemblages resonate to produce truths in one way or another.
And our methods are implicated in other goods, political, aesthetic, spiritual, inspirational, or personally passionate (the list is not complete) (Law, 2004, p. 155).”

Organização:
Profa. Dra. Mary Jane Spink
Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Profa. Dra. Dolores Galindo
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea
Universidade Federal de Mato Grosso

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Alguns querem arte. Outros querem ordem. O que você quer?

A ‘orkutização’ do Instagram e a natureza gregária da internet

Por Alexandre Matias

O Instagram criou uma bolha de falso glamour
Iphoneiros em polvorosa: “Vão poluir minha timeline!”, reclamavam usuários do celular da Apple tanto no Brasil quanto no exterior. Eles haviam recebido a notícia de que o aplicativo Instagram havia ganhado, na semana passada, uma versão para Android, o sistema operacional rival do iOS, do iPhone. Por aqui, a indignação veio no inevitável tom de piada característico da nossa vida digital tropical, com a criação de tumblrs como o androidnoinstagram.tumblr.com ou orkutgram.tumblr.com, entre outros. O teor dos tumblrs – e das piadas – era sempre o mesmo: agora o Instagram perderia o seu status, pois uma tal “horda de pobres” começaria a usar o aplicativo.
Para quem não conhece, o Instagram é mais do que um software para celular que permite tirar fotos com filtros vintage. Criado pelo brasileiro Mike Krieger, o aplicativo também funciona como uma rede social – em que é possível assinalar contatos e personalizar perfis como em qualquer site deste tipo, com duas diferenças cruciais. A primeira: é uma rede social feita para o celular. Ela se replica, ao gosto do freguês, pelo Twitter e Facebook, mas seu ambiente nativo é a internet móvel. A segunda é o fato de não existir perfil público. Quem quiser ver a página de alguém no Instagram, ao contrário da maioria das redes sociais, precisa criar uma conta lá.
Eis o motivo da chiadeira. Enquanto era uma rede fechada para usuários de iPhone, o Instagram criou uma bolha de falso glamour que fazia qualquer fotinha vagabunda parecer cool só porque vinha com um tom sépia, com um amareladinho com cara de foto tirada nos anos 70. A reclamação dos antigos usuários levantou a velha falácia repercutida sempre que qualquer serviço online deixava de ser exclusivo de uns poucos early-adopters – a tal “orkutização”.
O termo surgiu, claro, depois que o Orkut começou a se popularizar no País. Antes restrita a quem trabalhava com comunicação ou tecnologia, a rede social aos poucos foi compreendida por pessoas que não passam o dia inteiro na frente do computador. Mais do que isso: à medida em que os anos 2000 foram passando, mais gente pôde comprar um computador e, com isso, a rede social perdeu o ar de ser exclusividade de grupos pequenos. E aos poucos começariam a aparecer perfis de pessoas que não eram descoladas e modernas, mas apenas… normais.
E riam “kkkkkk” ou tiravam fotos em quaisquer situações (parte delas indo parar em sites como perolas.com ou tolicesdoorkut.com) ou não se preocupavam com o português correto ou com “about me” espertinhos. A orkutização vinha acompanhada de uma reclamação obtusa, que resmungava sobre a “maldita inclusão digital” num tempo em que nem todo mundo tinha acesso à internet.
Em menos de dez anos, este quadro mudou – radicalmente. Não só ficou mais fácil comprar computador como a internet móvel trouxe uma imensa leva de pessoas para o dia a dia eletrônico das redes sociais. E cada novidade descoberta pelos primeirões era, em pouco tempo, “orkutizada”. Foi assim com o Twitter, com o Facebook e agora aconteceu com o Instagram.
“Em vez de crème brûlée vamos ver fotos do Habib’s”, alguém twittou, como se os usuários do Instagram não tirassem foto de qualquer PF com um filtro para parecer que não estavam comendo em um restaurante self-service. Ou como se os celulares que rodam o sistema operacional Android não custassem, em alguns casos, até mais do que o preço de um iPhone 4S.
A “orkutização” ou a “maldita inclusão digital” fazem parte da natureza da internet. A rede não é um clubinho exclusivo para uns poucos e bons. Até o fim desta década, todos estaremos conectados a ponto de nem percebermos a separação entre o online e o offline.
Reclamar que mais gente está desfrutando de serviços e produtos que, até determinada época, eram exclusivos de um número pequeno não é apenas reacionarismo barato – é não entender que a natureza digital agrega em vez de separar. Se você tem vergonha de estar na mesma rede social que pessoas que considera “menores”, não tenha dúvida: o problema é seu.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Da nova série "Eu ainda irei roubar um beijo dessa mulher".

A vida de tempos em tempos me presenteia com encontros que por mais que tentem resistir não me deixam indiferente em hipótese alguma. Existem pessoas que te mobilizam. A Patricia é uma dessas criaturas. E eu sou completamente encantado com ela por isso. Nunca sei se ela é apenas uma cabocla ou uma bruxa que se disfarça de cabocla. Sabe alguém que a autenticidade adora? Já ia escrever sobre outra coisa quando ela acabou de publicar algo nos comentários anteriores, e que eu simplesmente adorei, gostando pelas palavras em si e pelo espelho que é. Sim, eu também só sei beijar como se fosse a última vez. E de tempos em tempos, como se fosse sempre a primeira. Vocês não?

"Ele olhou fixamente para ela e disse: sabe qual é o seu problema? É que você adora uma novela mexicana. O drama cotidiano lhe atrai. Assim como os amores espetaculares, o sofrimento doído, os suspiros profundos, o proibido. Você tem um desprezo pelas coisas que acontecem sem holofotes e aplausos finais. A vida é mesmo um palco para você. Não basta dizer adeus, tem que sair batendo a porta com furor, com efeitos sonoros. Não basta que alguém se apaixone por você, ele tem que sofrer, lutar, superar obstáculos... e beijar intensamente, como se cada beijo fosse o último, o do happy-end. Neste quesito você é boa: beijar intensamente. Andei pensando... acho que me deixei envolver pela sua dramaticidade por isso: por causa do seu beijo."
Patricia Sampaio

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ausência

Estou aqui tentando fazer esse espaço não se perder de mais. Certo, certo, desatualizou. Além do que faz um tempo que não escrevo, não analiso e nem conto nada em primeira pessoa. Só reproduzindo algumas coisas que acho legais e importantes. Vou tentar me retratar... Confesso que o facebook, que até bem pouco tempo atras eu não tinha, anda roubando bastante tempo. Depois que o período de adaptação do retorno do México também não ajudou muito. E por fim, o trampo. São coisas que distrai, te cansa e te ocupa um bocado. Assim sendo, voltei!