A respeito das metamorfoses e dos bons combates na psicologia e na política.
sábado, 31 de outubro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Teoria da ação comunicativa de Habermas:
Por Maria Augusta Salin Gonçalves*
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar e discutir condições teórico-práticas da execução de um projeto de ação educativa de cunho interdisciplinar na escola, tendo como base a teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas. Inicialmente, apresentamos aspectos significativos dessa teoria. A seguir, apresentamos linhas norteadoras que adotamos como ponto de partida e suporte da pesquisa-ação, e que fornecem também as categorias para análise e interpretação da experiência.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, teoria da ação comunicativa, comunicação,
linguagem
*Professora do Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos– Unisinos.
Para ler o artigo aqui
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
PROMOÇÃO DA EDITORA IMAGINÁRIO
sábado, 24 de outubro de 2009
Quando eles chutam a tua porta da frente, como você vai ficar?
No dia 1º de outubro, às 6 da manhã, o Joint Terrorism Task Force (um sindicato de departamentos policias locais e o FBI), chutou as portas de nossa casa – uma casa coletiva anarquista no Queens, Nova Iorque, afetuosamente conhecida como Tortuga. Os primeiros desastres da batida foram rapidamente seguidos por mais brutalidade, na medida em que a polícia sujeitava três pessoas que estavam dormindo, destruindo as portas do quartos que estavam destrancados.
Outras três pessoas (que acordaram com desagradáveis barulhos de passos, madeiras quebrando, e vozes gritantes) aguardaram no porão – mas as armas apontadas e as luzes ofuscantes chegaram rápido.
Nós colocamos nossas mãos aonde eles pudessem vê-las. Eles mandaram a gente sair da cama. Eles não deixaram a gente se vestir, mas colocaram roupas ao acaso em algumas pessoas. Nós fomos algemados, e embora no início os grupos do andar de cima e do andar debaixo terem sido propositalmente separados, logo estávamos todos juntos, sentados na sala de estar, posicionados como bonecas sobre os sofás e as cadeiras. Ficamos algemados por muitas horas, e estávamos desamparados como nosso pequeno pássaro, um fringilidae que resgatamos e estávamos reabilitando, e que voou pela porta aberta para uma morte certa, após sua gaiola ter sido golpeada pelos policiais no seu zelo em abrir as portas do quartos do andar de cima pela força. Nós gritamos para eles, mas eles continuaram com a brutalidade.
Eles nos mantiveram e nos vigiaram por horas e horas e horas. 16 horas para ser preciso, 16 horas com o NYPD e o FBI perambulando pela nossa casa, confiscando nossas vidas em uma “expedição de pescaria” relacionada aos protestos do G20 de 24 e 25 de setembro, em Pittsburgh. O mandato de busca, que finalmente permitiram que a gente pudesse lê-lo, mencionou a violação de leis de tumulto e foi vaga o suficiente para permitir que a casa inteira fosse vasculhada. Eles continuamente repetiam que nós não estávamos sob prisão, que éramos livres para ir. Mas ser livre significa ser vigiado pelo FBI, monitorado enquanto usa o banheiro, não ter permissão para fazer telefonema por horas ou observá-los saqueando nossos quartos. Ser livre significa levar dois de nós embora sob estúpidas intimidações, e mesmo embora esta fosse a nossa casa, onde vivíamos, se a deixarmos, não poderemos entrar nela novamente.
Três de nós ficou até o final. Três de nós permaneceu para assistir a equipe de substâncias perigosas entrar na casa para investigar um jogo de química de criança, vê-la vasculhar a garagem sob uma autorização adicional, assinalar todas as coisas que confiscavam como “evidência” – curiosos brinquedos de pelúcia do George, trabalhos artísticos, correspondência com o prisioneiro político Daniel McGowan, certificados de nascimento, passaportes, o arquivo de vídeo inteiro de um coletivo de mídia local, registros de taxas, livros, computadores, aparelhos de armazenamento, telefones celulares, DVDs da Buffy a Caça Vampiros, bandeiras, faixas, cartazes, fotografias e mais coisas do que foram relatadas aqui.
O ímpeto aparente desta batida apareceu cerca de uma semana atrás, quando dois membros de nosso lar foram presos, uma vez mais sob a mira de uma arma, nos subúrbios de Pittsburgh. Eles são acusados de serem os cabeças que, “dirigindo” as alegres manifestações contra o G-20, usaram tecnologias tais como o Twitter para “impedir a apreensão” do/as manifestantes. Os dois foram presos sob fiança, um tendo que pagar uma soma absurda de 30.000 dólares, e soltos 36 horas depois, após a fiança ter sido paga. A partir daí, nenhuma acusação adicional foi imposta contra os dois, nem contra qualquer outro morador após a batida.
Como anarquistas, não temos nenhuma ilusão do que o Estado é capaz de fazer. Nós não somos os primeiros anarquistas a ter a casa atacada, e infelizmente enquanto o Estado existir, nós não seremos os últimos. Nós somos, juntamente a outros indivíduos tarjados como David Japenga, as saídas para a raiva impotente que as autoridades sentem quando perdem o controle, assim como eles fizeram durante o G-20 em Pittsburgh. Nós, aquele maravilhoso nós, que inclui o Tortuga House e todos que mantêm afinidades conosco, recusamos as formas rígidas que as autoridades aprisionam um mundo explodindo com possibilidades infinitas – ele não é um líder, ela não agiu sozinha, eles não estão sendo dirigidos. A repressão é uma estratégia que o Estado usa para nos colocar na defensiva, para desviar nossas energias de ser uma força pro-ativa e ao invés disso lidar com as coisas que isto provocou. Nós não iremos mentir e dizer que isso não nos deixou enrolados, mas na medida em que nosso tempo e vertigem passam, tomamos conhecimento que amigos nos cercam. Nossa determinação é fortalecida por esta solidariedade, e nós não iremos ser detidos por esta agressão do Estado.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Lançamento
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Ferrer i Guardia
Fundador da Escola Moderna foi executado há um século
Se muitos conhecem o filósofo Jonh Dewey ou o pedagogo brasileiro Paulo Freire, a maioria desconhece que o inspirador destes reputados pensadores foi o catalão autodidata Ferrer i Guàrdia (1849 – 1909).
O criador da Escola Moderna, fundamentada em ideais libertários, nasceu a 14 de janeiro de 1859, em Alella, na Catalunha. Na adolescência começa a contestar o regime monárquico e o poder da igreja sobre o Estado e os cidadãos. Através da sua ligação com os republicanos, participa em tentativas para derrubar do poder a monarquia e que visavam a instauração da república em Espanha.
Devido à sua atividade política e social, foi exilado em Paris, em 1886, onde conheceu o ideal libertário preconizado pelos anarquistas e identifica-se com Paul Robin, o teórico da Pedagogia Integral e fundador do Orfanato de Cempuis na cidade de Paris.
Em abril de 1901 Francisco Ferrer i Guàrdia recebe uma herança de uma viúva francesa a quem dava aulas de castelhano em Paris. Aos que tratavam de o convencer em utilizar o dinheiro para fins eleitorais, como o líder republicano-socialista radical Alejandro Lerroux responde: “Servirei melhor as minhas idéias fundando a Escola Moderna do que fazendo política”.
No seu livro La Escuela Moderna, Ferrer definia assim o objetivo da Escola Moderna: “Extirpar do cérebro dos homens tudo o que os divide, substituindo-os pela fraternidade e a solidariedade indispensáveis para a liberdade e o bem-estar gerais para todos.”
O ensino ministrado seguia as seguintes orientações: o aluno é livre, livre inclusive de deixar a escola. O aluno goza de uma ampla liberdade de movimentos: vai ou não ao quadro, consulta ou não este ou aquele livro, entrega-se às suas fantasias quando isso lhe agrada, e até pode sair da sala de aula quando tem vontade de o fazer. Não havia exames, nem muito menos castigos e recompensas.
Na realidade, a Escola Moderna foi um importante foco de educação popular: constituída por ensino primário, foi a primeira escola mista na Espanha (inédito na época em muitos países europeus), de dia era para crianças e à noite para adultos; teve aulas de francês, de inglês, alemão, taquigrafia e contabilidade; estava apetrechada com um local onde se realizavam conferências, vocacionado para os sindicatos e as coletividades operárias; tinha ainda uma editora a fim de suprir a crônica falta de material didático, e graças à qual foram editados manuais escolares, livros para adultos, folhetos, informações e um boletim.
Aos domingos funcionava como uma universidade popular acessível a todos.
Além disso, Ferrer é defensor da educação física e da natação, ao mesmo tempo que rejeita os jogos e as provas de competição que servem para alimentar a vã glória dos seus participantes. Estimula os trabalhos manuais para os rapazes, assim como a jardinagem, a limpeza e os trabalhos domésticos, uma forma de nivelar ambos os sexos na execução das mesmas tarefas.
O local escolhido para a instalação da primeira escola foi um antigo convento da rua Bailén, na cidade de Barcelona, tendo aberto as suas portas a 8 de outubro de 1901.
Não é de todo alheio à Escola Moderna e aos seus ideias o fato de a Catalunha ter estado na vanguarda das lutas emancipadoras nos últimos cem anos.
Em 1905 a Escola Moderna espalha-se por 147 espaços por toda a Catalunha. Em 1908 contam-se mil alunos só na cidade de Barcelona, e criam-se centros de ensino do mesmo gênero em Madri, Sevilha, Málaga, Granada, Cádiz, Córdoba, Palma, Valência, assim como noutros países (em São Paulo, Lausanne, Amsterdam e Lisboa).
Em junho de 1906, o governo espanhol fecha a escola-mãe, na rua de Bailén, na seqüência do atentado bombista de Mateo Morral, bibliotecário da Escola Moderna, contra a carruagem real no dia da casamento de Alfonso XIII. Ferrer i Guàrdia é detido e processado como instigador do atentado. Absolvido das acusações, Ferrer sai da prisão em junho de 1907, mas a Escola-mãe em Barcelona jamais reabrirá portas.
Ferrer promove a criação da revista L’École Renouvée com o subtítulo “extensão internacional da Escola Moderna de Barcelona”, cujo primeiro número é editado em Bruxelas a 15 de abril de 1908 e onde explicitamente se defendia que o militarismo era um crime, que a distribuição desigual dos rendimentos devia ser abolida, que o sistema capitalista era prejudicial aos trabalhadores e que a política dos governantes era injusta. Também defendia a não-violência.
Ao fundar em 1908 a “Liga Internacional para a educação racional da infância” conta com apoiantes de peso como Languevin, Bernard Shaw, Berthelot e Gorki.
No ano seguinte, vários protestos eclodiram na Catalunha contra a guerra da Espanha com Marrocos. Estes acontecimentos ficaram conhecidos como Semana Trágica e foram marcados pela revolta da população de Barcelona que queimou igrejas e conventos, obrigando as autoridades a abandonar a cidade. No período da revolta, Ferrer encontrava-se de visita a um irmão que morava em Barcelona. A repressão que se seguiu à Semana Trágica prendeu e condenou dezenas de pessoas, entre elas Ferrer, preso no dia 1 de setembro. O Tribunal de Guerra reunido para os julgamentos aplicou penas que variavam de prisão perpétua à execução. A favor de Ferrer levantaram-se vozes em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Mas para que a “ordem” monárquica e eclesiástica se restabelecesse era imperioso que Ferrer fosse julgado no Tribunal de Guerra, sem testemunhas de defesa.
No dia 09 de outubro, o Conselho de Guerra abriu a sessão e ouviu as contraditórias testemunhas que acusavam Ferrer. A acusação que pesava sobre Ferrer de ser o líder intelectual da Semana Trágica baseava-se unicamente numa denúncia formulada numa carta remetida por prelados de Barcelona.
No mesmo dia foi dado o veredicto final: a pena de morte. A execução ocorreu em 13 de outubro de 1909, na Fortaleza de Montjuich.
Eventos sobre Francisco Ferrer i Guàrdia pelo mundo
Portugal
Iniciativa Assembléia Libertária do Porto
Documentário + Debate
Ferrer i Guàrdia, una vida per la llibertat
Terça-feira, dia 13 de outubro, 22h - Livraria Gato Vadio (Rua do Rosário, 281)
O documentário Ferrer i Guardia, una vida per la llibertat narra a vida do pedagogo e libertário Francisco Ferrer i Guàrdia e a construção do seu projeto de ensino da Escola Moderna.
Espanha
Conferência em Madri sobre os Cem anos do assassinato de Ferrer i Guàrdia
Organizada pela FAI (Federação Anarquista Ibérica)
http://www.centenario-ferreriguardia.org/?Madrid-Conferencia-debate-Cien
Jornadas de educação libertária. Homenagem ao pedagodo Ferrer i Guàrdia por ocasião dos 100 anos do seu fuzilamento.
Palma de Malhorca
http://www.centenario-ferreriguardia.org/?Palma-Ateneu-Llibertari-Estel
Valencia
Homenagem a Ferrer i Guàrdia, 13 de outubro.
http://www.centenario-ferreriguardia.org/?Homenatge-a-Ferrer-i-Guardia-13-d
Lleida
Segunda-feira, 12 de outubro, ato sobre Ferrer i Guàrdia no marco da exposição "Pedagogias Libertárias".
http://www.centenario-ferreriguardia.org/?Lleida-lunes-12-de-octubre-acto
Brasil
“I Colóquio de Educação Libertárias da UFRGS”, nos dias 13, 14 e 15 de outubro, na sala 101 da Faculdade de Educação da UFRGS (FACED), Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
http://coloquioferrer.deriva.com.br/
"Seminário 100 anos sem Ferrer - A Pedagogia Libertária e a Escola Moderna", dias 16 e 17 de outubro, no auditório da Faculdade de Educação da UFBA, Salvador, Bahia.
http://ohomemrevoltado.blogspot.com/2009/10/seminario-ferrer-y-guardia-100-anos14.html
Mais infos sobre o autor e eventos sobre o centenário
Fundação Ferrer Guardia
http://www.laic.org/cas/index.php
Fonte: Agência de Notícias Anarquistas
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Saúde Mental
Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde Mental (10 de Outubro), diversas entidades e movimentos da sociedade civil, vão realizar atividades na Camâra Municipal de Vereadores de São Paulo, no dia 16 de outubro. Trazendo para o legislativo municipal uma reflexão sobre a Política, a Rede e as necessidades da Saúde Mental em São Paulo.
A Rede de Saúde Mental e Economia Solidária esta participando dessa importante atividade. Nesse dia, a Rede vai apresentar propostas sobre a necessidade de reconhecimento e apoio do poder público municipal, aos projetos/ empreendimentos de trabalho e produção cultural, desenvolvidos e impulsionados pelos equipamentos da rede pública de Saúde Mental. Buscando fortalecer um dos eixos fundamentais para o processo de inserção comunitária dos usuários de saúde mental, que é o acesso ao trabalho.
Participe e traga suas contribuições. Venha Fortalecer o SUS e a Reforma Psiquiátrica brasileira.
Dia 16 de outubro de 2009
Local: Câmara Municipal de São Paulo, Viaduto Jacareí, 100. Metrô Anhangabaú
1o andar.
Horário: 14 horas
Entrada Gratuita
terça-feira, 6 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Livros on-line da Faísca Editora
São eles:
SOBRE A POLÍTICA DE ALIANÇAS
Problemas em torno da construção de um pólo libertário de luta
José Antonio Gutiérrez Danton
DA PERIFERIA PARA O CENTRO
Sujeito Revolucionário e Transformação Social
Felipe Corrêa
REVOLUÇÃO CUBANA
Mais à esquerda que o Castrismo
Júnior Bellé
POLÍTICA ANARQUISTA E AÇÃO DIRETA
Rob Sparrow
DE MOVIMENTO A PARTIDO POLÍTICO
Notas sobre alguns Movimentos Verdes Europeus
Janet Biehl
EM TORNO DA VIGÊNCIA DO SOCIALISMO LIBERTÁRIO
DEFINIÇÕES DE UM COMPANHEIRO
Gerardo Gatti
Para ver e baixar os livros, acesse:
http://www.alquimidia.org/faisca/index.php?mod=pagina&id=3905
Abaixo, enviamos um breve comentário de cada um dos lançamentos.
SOBRE A POLÍTICA DE ALIANÇAS
Problemas em torno da construção de um pólo libertário de luta
José Antonio Gutiérrez Danton
O assunto das alianças em raras vezes recebe a devida atenção nos meios libertários. Como muitos outros aspectos ainda insuficientes em nosso movimento, as alianças são algo que ocorrem ou não ocorrem, deixando em raras vezes o registro do porquê foram tomadas certas decisões e não outras. Acontece que as gerações militantes mais novas se vêem forçadas a
deixarem-se guiar por suas próprias intuições quando se trata desta questão. Isso aconteceu em diversos momentos, e com base nestas experiências, que foram boas e más, o autor expõe algumas conclusões a partir da sua história de militância.
DA PERIFERIA PARA O CENTRO
Sujeito Revolucionário e Transformação Social
Felipe Corrêa
O presente artigo foi escrito como apresentação para o livro "A Concepção Libertária da Transformação Social Revolucionária" de Rudolf de Jong. Ele trata do nascimento do anarquismo no contexto da AIT, das relações “centro-periferia” que dão base primeiramente para uma análise da sociedade presente e, depois, oferecem um modelo para atuação. Utilizando
como base o conceito das relações centro periferia, claramente inspirado naquilo que Bakunin preconizava quando dizia “da circunferência ao centro”, o autor discute as concepções de sujeito revolucionário e as propostas de transformação social, comparando anarquismo e marxismo. Ao
final, propõe um modelo estratégico que se basearia neste caminho, “da periferia ao centro”.
REVOLUÇÃO CUBANA
Mais à esquerda que o Castrismo
Júnior Bellé
Em 1º de janeiro de 2009 completou-se 50 anos da Revolução Cubana. Neste mesmo dia, em 1959, Fidel Castro destronou Fulgencio Bastista e tornou-se o novo ditador da ilha. Este artigo trata das histórias desta revolução, dos seus heróis e vilões. Júnior Bellé realiza uma análise crítica, a partir do campo da própria esquerda, do que foi o processo revolucionário cubano e como diversas forças revolucionárias – dentre elas o anarquismo – cuja atuação no âmbito da revolução foi significativa, terminaram traídas em nome da defesa da revolução. Octavio Alberola, que teve participação na revolução, afirmaria anos mais tarde, em uma frase que inicia o artigo de Bellé: “Uma mudança política que apenas coloque as mesmas estruturas a
serviço de um novo grupo social, de um partido ou de um chefe não muda para o trabalhador sua condição de explorado, e para o cidadão sua condição de dominado. Uma mudança como esta não é uma revolução social, a menos que se entenda como tal uma simples substituição de governantes através de um golpe de Estado ou de uma insurreição armada. E foi isso que
aconteceu em Cuba: Bastista foi substituído por Castro. E para consolidar sua hegemonia e perpetuar-se no poder, Castro serviu-se de um pretexto ideológico, a ‘revolução’ marxista, identificando esta com a sua pessoa e vice-versa.”
POLÍTICA ANARQUISTA E AÇÃO DIRETA
Rob Sparrow
“Política Anarquista e Ação Direta” parece ter como pano de fundo as discussões internas ao universo anarquista, particularmente aquelas que buscam distinguir um anarquismo social, voltado para a transformação revolucionária, de um anarquismo individualista, principista e purista que, em nome de dogmas e compreensões quase que religiosas da ideologia,
restringe -se à inação. É neste mesmo contexto que o autor discute os meios e fins tentando trazer uma reflexão estratégica acerca do caminho a seguir e dos objetivos pretendidos. O que ele tenta mostrar é que o principismo e o purismo daquele anarquismo “que não se mistura com os outros” não permitem a construção de uma tática (um caminho) que aponte para um
objetivo estratégico (neste caso, a revolução social). Além disso, o artigo também tenta trazer esta reflexão estratégica às pessoas que acreditam que não há necessidade de ações que sejam coordenadas e organizadas entre si. Sabemos que para terem efeito, as ações devem ser
bem refletidas estarem dentro de um contexto mais amplo de planejamento e organização. O texto contribui também ao conceituar a ação direta e relacioná-la com uma retomada de poder pelas próprias pessoas que dela participam, o que a liga com o que alguns chamam de construção do poder popular. Neste sentido, parece-nos que a concepção do autor acerca do poder esteja correta, não o considerando o domínio, mas um espaço político de disputa entre forças sociais distintas. Neste caso, a prática da ação direta popular daria ao povo o poder que dele vem sendo usurpado pela classe dominante desde sempre. Contribui ainda ao criar uma distinção
entre a ação direta e as “ações simbólicas” e “ações morais”. Ao final contribui com reflexões relevantes sobre a relação entre militantes com a polícia e com a mídia.
DE MOVIMENTO A PARTIDO POLÍTICO
Notas sobre alguns Movimentos Verdes Europeus
Janet Biehl
Este artigo é relevante, pois discute a trajetória política dos partidos verdes em diversas localidades da Europa, particularmente na Alemanha. É incrível a similaridade entre a proposta dos verdes – fundamentalmente a dos alemães, que era a mais radical – e a proposta de constituição do PT no Brasil. Tanto os verdes, quanto o PT, acreditaram que era possível
sustentar o campo parlamentar como “mais um campo de luta”, juntamente com as lutas populares de massa. Similarmente, movimentos populares de base, ao considerarem o Estado um campo importante de luta, entraram em sua máquina e, aos poucos, sua política institucional transformou-os, fazendo com que perdessem suas bases, sua combatividade e sua capacidade de
mudança.
EM TORNO DA VIGÊNCIA DO SOCIALISMO LIBERTÁRIO
DEFINIÇÕES DE UM COMPANHEIRO
Gerardo Gatti
Militante exemplar da Federação Anarquista Uruguaia (FAU), Gatti morreu vítima do regime ditatorial instalado em seu país e contra o qual lutou, com armas em mãos. Nestes dois breves artigos, o militante uruguaio discute o socialismo libertário e os companheiros de luta. Em suas
próprias palavras, lemos: “Reafirmamos nesse repensar o sentido humanista, a reivindicação e o exercício pleno da liberdade que significa o autêntico socialismo.” E continua no outro artigo: “Mas já aprendemos que, às vezes, as denominações são enganosas. Por isso não nos dedicamos a pregar etiquetas na luta dos oprimidos. Pode haver gente que, denominando-se de maneira parecida, não saiba bem o que quer, e há também quem, com outro nome, ou às vezes até sem saber dar um nome, busca o mesmo. A todos os que lutam por estes ideais, sem mesquinharias, à sua maneira e em sua medida, chamamos companheiros.”
Veja e baixe os livros em:
http://www.alquimidia.org/faisca/index.php?mod=pagina&id=3905
Faísca Publicações Libertárias
www.editorafaisca.net
faisca@riseup.net
vendasfaisca@riseup.net