A respeito das metamorfoses e dos bons combates na psicologia e na política.
sábado, 25 de dezembro de 2010
INCRIÇÕES ABERTAS PARA O IX ELAOPA | INSCRIPCIONES ABIERTAS PARA EL IX ELAOPA
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
IX ELAOPA
Nos dias 22, 23 e 24 de Janeiro acontecerá em Jarinú (SP) o IX Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas.
Este encontro é fundamental para os movimentos populares da América Latina.
Levando em conta nossa conjuntura, acreditamos ser mais do que urgente pensar e construir alternativas concretas de luta, nos mais diferentes espaços de atuação, com autonomia dos governos, partidos etc. e criando um povo forte com independência de classe. Alternativas de luta que se construam desde a base dos movimentos, dando protagonismo e fortalecendo todos/as os/as envolvidos/as nas mobilizações.
E a idéia do ELAOPA é justamente essa. Reunir movimentos que tenham essa concepção de autonomia e construção pela base da luta, para fortalecer esta proposta em nosso continente. Trocar experiências, convidar novos movimentos e companheiros/as, planejar ações em comum, enfim, construir a luta conjuntamente. Se por um lado, fortalecer as lutas populares contra as opressões externas é fundamental, por outro, a burocratização dos movimentos torna-se outro tema de relevância, e faz parte da nossa tarefa a promoção de um modelo de luta que ensine as lições da liberdade e da igualdade para aqueles que lutam.
Com essa dupla função, de aumentar a força popular em relação às opressões do capitalismo, dos Estados nacionais, do imperialismo, etc. e de promover um modelo de luta com autonomia e independência de classe, o ELAOPA quer começar a construir, desde já, isso que chamamos de poder popular.
A realização deste encontro depende de uma arrecadação financeira de no mínimo R$ 10.000,00. Esperamos arrecadar parte desta quantia com inscrições e o restante com doações de companheiros.
Todo dinheiro arrecadado que exceder o necessário para a realização do evento será doado para grupos e movimentos de localidades mais distantes que acabam gastando muito com transporte para chegar ao encontro. Ao fazer a doação favor enviar email para ixelaopa@riseup.net com as informações do depósito: nome, valor e dia em que foi feito o depósito.
Arriba los que luchan!
Comissão de Organização do IX ELAOPA
http://www.elaopa.org
Banco - 104 (Caixa Economica Federal)
Agencia - 0263 (Pedroso de MOraes)
Conta - 8381-2
Operação - poupança 013
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
IV Feira de Saúde Mental e ECOSOL
Nesse Natal presenteie seus familiares, amigos, namoradas (os) com nossos produtos!! Venha se divertir e, neste Natal, pratique o consumo consciente e fortaleça o Comércio Justo e Solidário.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
"Encarceramento em massa: símbolo do Estado Penal"
07, 08 e 09 de dezembro
Faculdade de Direito USP – Largo São Francisco
“ A melhor reforma do direito penal seria a de substituí-lo, não por um direito penal melhor, mas por qualquer coisa melhor do que o direito penal” (Gustavo Radbruch).
O Brasil é hoje um dos países com a maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos estados Unidos e da China. As prisões brasileiras são famosas no mundo inteiro pelo terror, as torturas, os maus-tratos, enfim, as brutais violações dos direitos humanos dos presos e dos seus familiares. Além disso, a clientela preferencial do sistema prisional brasileiro são os jovens, principalmente os negros, moradores das áreas urbanas pobres do país. As prisões brasileiras são, na verdade, uma metáfora da versão brasileira do apartheid, enquanto o sistema de justiça penal funciona como o instrumento de sua legitimação. O aumento extraordinário da população carcerária no país a partir dos anos 90 se deu acompanhado da redução drástica das políticas públicas sociais voltadas para a juventude e os pobres em geral. Este não é um fenômeno apenas brasileiro, como vários estudiosos da questão têm mostrado, mas no Brasil o Estado Penal tem assumido uma dimensão mais cruel porque ele se intensifica em uma sociedade onde o Estado de bem-estar social nunca foi uma realidade concreta. Neste sentido, fortalece-se cada vez mais um sistema penal seletivo (que criminaliza os pobres, negros e excluídos) e punitivista (em lugar de efetivação de direitos e garantias individuais, a punição se torna uma política pública de contenção social). Quais os custos sociais da política de encarceramento em massa? Quais as estratégias a serem desenvolvidas para enfrentar as graves violações dos direitos humanos da população carcerária? Quais os limites e as possibilidades do direito penal brasileiro? O Tribunal Popular convida você a discutir estas e outras questões com militantes do movimento social, egressos do sistema prisional, familiares de presos, juristas e a comunidade em geral. Veja abaixo a programação:
PROGRAMAÇÃO
07/12 Terça-feira
18h00: Recepção
18h30 – 19h30: Abertura
19h30 – 22h00: 1a. MESA: Estado Penal e Estado de Direito
Coordenação: Marisa Feffermann - Doutora em Psicologia, pesquisadora do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo, professora universitária, autora do livro: “Vidas arriscadas: os trabalhadores do tráfico de drogas” e co-autora do livro “Gangues, gênero e juventudes: donas de rocha e sujeitos cabulosos”; militante do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus.
Palestrantes:
Carmen Silvia Moraes de Barros
Graduação em Direito, Especialista em Direito do Estado, mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da USP, Coordenadora do Núcleo de Execução Penal e Questões Criminais da Defensoria Pública SP
Vera Malaguti Batista
Mestre em História Social (UFF), Doutora em Saúde coletiva (UERJ), Professora de criminologia da Universidade Cândido Mendes, e Secretária geral do Instituto Carioca de Criminologia.
Nilo Batista
Doutor em Direito e Livre-docente em Direito Penal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro Professor Titular de Direito Penal da UFRJ, da UERJ e da Universidade Candido Mendes (licenciado).
Deivison Nkosi
Graduado em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Santo André, Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC; é Professor do Depto de Estudos Sociais - História e Geografia da Faculdade São Bernardo e Consultor do Fundo das Nações Unidas Para Populações – UNFPA para o Programa Interagencial de Promoção de Gênero, Raça e Etnia para assuntos relativos às Políticas Públicas de Saúde da População Negra do Governo Federal.
08/12 – Quarta-feira
08h30 – 11h00: 2a. MESA: Sistema de Justiça
Coordenação: Luis Fernando Camargo de Barros Vidal (Presidente da AJD e juiz da Vara da Fazenda Pública de São Paulo)
Juarez Cirino dos Santos
Doutor em Direito Penal pela Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Pós-doutor em Política Criminal Presidente do Instituto de Criminologia e Política Criminal e advogado criminal e Professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Rubens Roberto Rebello Casara
Doutorando em direito pela UNESA/RJ. Juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, fundador do Movimento da Magistratura Fluminense pela Democracia (MMFD) e membro da Associação Juizes para a Democracia (AJD).
Ricardo Santiago
Bruno Alves de Souza Toledo
Graduação em Direito e mestre em Política Social pela UFES. Já atuou na coordenação da Comissão de DH da Assembléia Legislativa, na gerência de DH da Prefeitura de Vitória e Presidência do Conselho de Direitos Humanos. É professor de DH da EMESCAM, Assessor Jurídico do CRESS 17ª. Região e Presidente do Conselho Estadual de DH do Espírito Santo.
11h00 – 11h15: Intervalo
11h15 – 13h00: Grupos de Trabalho
13h00 – 14h00: Almoço
14h00 – 16h30: 3a. MESA: A institucionalização e suas consequencias
Coordenação:
Maria Railda Alves
Presidente da Associação Amparar – de familiares de presos e presas do Estado de São Paulo
Heidi Ann Cerneka
Mestre em Teologia, membro da Pastoral Carcerária e do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC)
Gerdinaldo Quichaba Costa
Mestre em Direito, Professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL - unidade de Americana/SP, Juiz de Direito da Vara do Júri, das Execuções Criminais e da Infância e Juventude da Comarca de Americana/SP.
Andréa Almeida Torres
Assistente Social, Mestre e Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora Adjunta do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp - Baixada Santista).
16h30 – 17h00: Intervalo
17h00 – 18h30: Grupos de Trabalho
09/12 – Quinta-feira
08h30 – 11h00: 4a. MESA: Desinstitucionalização do Sistema Prisional
Coordenação: José Ricardo Portella - Psicólogo na Secretaria de Administração Penitenciária, Docente da Escola de Administração Penitenciária, Conselheiro e Coordenador do GT Psicologia e Sistema Prisional do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.
Haroldo Caetano da Silva
Promotor de Justiça da Execução Penal de Goiânia. Professor, mestre em Ciências Penais, integrante da Comissão de Apoio e Fomento dos Conselhos da Comunidade, Idealizador do PAILI (Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator).
Luiz Alberto Mendes
Escritor, colunista, autor de livros como: "Memórias de um sobrevivente", e "Às Cegas".
Adriana Eiko Matsumoto
Psicóloga, doutoranda em Psicologia Social PUC/SP e coordenadora Núcleo São Paulo ABRAPSO. Foi coordenadora do GT Psicologia e Sistema Prisional do CRP SP (de 2005 a 2010) e eleita conselheira CFP para gestão 2011-13.
Alessandra Teixeira
Advogada, mestre e doutoranda em Sociologia pela USP. Coordenadora da comissão sobre o sistema prisional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM).
11h00 – 11h15: Intervalo
11h15 – 13h00: Grupos de Trabalho
12h00 – 14h00: Almoço
14h00 – 16h30 5a. MESA: Institucionalização de Adolescentes
Coordenação: Givanildo M. da Silva
Educador, militante do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus.
Flávio Américo Frasseto
Graduação em Direito pela Universidade de São Paulo e em Psicologia pela Universidade São Marcos (1999), Mestrado em Psicologia pela USP e aperfeicoamento em Psicologia Jurídica Psicologia Justiça e Cidadania pelo Instituto Sedes Sapientiae (2000). Defensor Público da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, pesquisador da Universidade Bandeirante de São Paulo.
Wanderlino Nogueira Neto
Procurador de Justiça (aposentado) do Ministério Público do Estado da Bahia; Coordenador do Grupo de Trabalho para Monitoramento da Implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança da Seção Brasil do “Defensa de los Niños Internacional”; Pesquisador do Instituto Nacional de Direitos Humanos da Infância e da Adolescência; Coordenador de Projetos de Formação da Associação Brasileira dos Magistrados e Promotores da Infância e Juventude – ABMP.
Vitor Alencar
Graduado pela Universidade de Fortaleza e Especialista pela Fundação Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Norte. Atua como advogado do CEDECA/DF, onde coordena projeto sobre Justiça Juvenil.
Jalusa Arruda
Advogada, especialista em Relações Internacionais e mestranda em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, ambos pela Universidade Federal da Bahia. É consultora jurídica do CEDECA/BA.
16h30 – 17h00: Intervalo
17h00 – 18h30: Grupos de Trabalho
18h30 – 19h00: Encerramento
Organização: Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus
Apoio: Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Associação de Juízes pela Democracia, Pastoral Carcerária, Conselho Regional de Psicologia SP, Núcleo SP da ABRAPSO, APROPUC.
CONTRACAPA
O SISTEMA CARCERÁRIO EM NÚMEROS
· O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. São 247 presos para cada 100 mil habitantes;
· Entre 1995 e 2005 a população carcerária do Brasil saltou de pouco mais de 148 mil presos para 361.402, o que representou um crescimento de 143,91% em uma década.
· Entre dezembro de 2005 e dezembro de 2009, a população carcerária aumentou de 361.402 para 473.626, o que representou um crescimento, em quatro anos, de 31,05%.
· o Brasil ainda apresenta um déficit de vagas de 194.650;
· estima-se que aproximadamente 20% dos presos brasileiros sejam portadores do HIV;
· calcula-se que, no Brasil, em média, 90% dos ex-detentos acabam retornando à prisão;
· São Paulo possui a maior população carcerária do país. São 173.060 mil presos distribuídos entre 134 unidades prisionais do estado.
Release para a imprensa
Sistema penitenciário é tema de seminário em São Paulo
Representantes de movimentos sociais, pesquisadores, ex-presos, familiares de presos e representantes do judiciário discutirão, entre os dias 07, 08 e 09 de dezembro, os principais impasses e dilemas do sistema penitenciário brasileiro. Intitulado "Encarceramento em massa: símbolo do Estado Penal", o encontro vai discutir, a partir da perspectiva da criminologia crítica e dos direitos humanos, temas como os limites do estado de direitos, a criminalização dos pobres, o encarceramento em massa e as conseqüências sociais da institucionalização, chamando a atenção da sociedade para a crise ‘sistêmica’ do sistema penitenciário.
“Queremos discutir os principais problemas e propor soluções para os impasses que transformam as prisões brasileiras, especialmente as paulistas, em verdadeiros centros de terror, e discutir como o direito penal tem se convertido em estratégia de legitimação desse terror”, dizem os representantes do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus, uma das entidades organizadoras do seminário.
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), entre 1995 e 2005 o Brasil registrou um crescimento de 143,91% na sua população carcerária, o que colocou o país, ao lado dos Estados Unidos e da Rússia, entre as principais ‘democracias penais’ do mundo. O termo, utilizado por pesquisadores e militantes sociais, chama a atenção para as contradições e fragilidades de um regime que se quer democrático, mas segue com uma política sistemática de encarceramento em massa de indivíduos pertencentes a grupos historicamente marginalizados.
O seminário acontecerá na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Os interessados em participar do evento podem fazer a inscrição e obter maiores informações pelo email : tribunalpopular2010@gmail.com.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
O dia que o morro descer e não for carnaval
Por Coletivo Antiproibicionista de São Paulo
Posicionamento do DAR sobre mais esta etapa da guerra às drogas no RJ
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura. Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada. Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos: Que não são, embora sejam. Que não falam idiomas, falam dialetos. Que não praticam religiões, praticam superstições. Que não fazem arte, fazem artesanato. Que não são seres humanos, são recursos humanos. Que não têm cultura, têm folclore. Que não têm cara, têm braços. Que não têm nome, têm número. Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local. Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.? Eduardo Galeano
Enquanto anônimos ninguéns seguem chorando a perda dos seus, a mídia brasileira louva uma pacificação feita com tanques e sangues. Depois de uma eleição na qual botou as mangas de fora, o conservadorismo brasileiro agora parece não ter mais a menor vergonha em se manter fora do armário. E pudera, ele é maioria neste ?consenso forjado? dia a dia pelas antenas e palavras dos de cima (e que infelizmente encontram muito eco nas famílias, escolas e igrejas dos de baixo).
Recente pesquisa da Fundação Perseu Abramo mostrou que ateus e usuários de drogas são os estereótipos mais rejeitados pelo brasileiro. 35% das pessoas disse que usuários de drogas são o tipo de pessoa que menos gostam de encontrar, sendo que 17% afirmam ter ?repulsa ou ódio? e 24% ?antipatia? por este tipo tão perigoso de ser humano. Em mais esta etapa de décadas da fracassada ?guerra às drogas?, novamente consumidores e substâncias sem vida são eleitos como responsáveis pela violência que assola nosso país, em especial uma de nossas cidades mais maravilhosas.
O país cresce, e há certa melhora visível na vida de setores mais pobres. ?Um real a mais no salário, esmola de patrão cuzão milionário?, já cantavam os Racionais MCs, fechando com chave de ouro: Ser escravo do dinheiro é isso, fulano/ 360 dias por ano sem plano/ Se a escravidão acabar pra você/ Vai viver de quem? Vai viver de quê??. Ao mesmo tempo em que cresce a economia e os lucros dos de cima, aumenta a repressão aos que insistem em reclamar por estarem por baixo. 500 anos e não se conformaram?
Foi exatamente quando a escravidão formalmente acabou que os negros começaram a formar estas periferias que são periferia em qualquer lugar, como ensina o rapper brasiliense Gog sampleado pelo Racionais na música citada. Sem acesso à propriedade da terra por conta da Lei de Terras elaborada para garantir os donos de escravos diante do inevitável final dessa modalidade de exploração, não restou alternativa aos recém libertos senão começarem a se amontoar nas áreas menos propícias à moradia das cidades brasileiras. De lá pra cá pouco mudou: os capitães do mato agora usam farda, os senhores de engenho comandam empresas, bancos e governos; para os de baixo, o que segue ditando seu disciplinamento é o chicote, agora made in USA.
Hey senhor de engenho eu sei quem você é, sozinho cê num guenta, sozinho cê num entra a pé?. Sozinho eles não guentam, então para garantirem seus lucros na Copa e nas Olimpíadas mandam que seus assassinos fardados treinados no Haiti subam o morro, e ?pacifiquem? a cidade. A paz pode custar quantas vidas forem necessárias. A disputa é por território e por controle social, e o tempo está passando. Quem tem mais peso no momento da decisão das políticas públicas, setores empresariais e imobiliários que já estão ganhando milhões com os mega-eventos no Brasil ou os ninguéns?
Na mesma Periferia é periferia em qualquer lugar, Edi Rock canta que ?O vício tem dois lados/ Depende disso ou daquilo,então tá tudo errado/ Eu não vou ficar do lado de ninguém, por quê? Quem vende droga pra quem? Hã!/Vem pra cá de avião ou pelo porto ou cais./Não conheço pobre dono de aeroporto e mais./Fico triste por saber e ver/Que quem morre no dia a dia é igual a eu e a você?. Se o combate fosse contra ?a droga? ? este ente maligno que quando ilegal corrompe a sociedade e quando legal usa o corpo das mulheres para lucrar sempre mais ? obviamente ele não poderia centrar-se no lado debaixo da cadeia, no comércio varejista. A imensa maioria dos lucros do tráfico está no sistema financeiro internacional, está na indústria de armas, está nos políticos e juízes corruptos. Aos varejistas e aos policiais corruptos, resta arriscar a vida para disputar as migalhas. Num país tão desigual e injusto, elas não são pouca coisa.
Tráfico de drogas existe em todo o mundo, e seguirá existindo enquanto algumas drogas forem proibidas. A demanda existe e sempre existirá, não cabe ao Estado intervir na vida privada de seus cidadãos, e eles silenciosamente resistem a isso simplesmente seguindo com o consumo que escolheram. Mas o tráfico é mais violento exatamente onde a sociedade é mais desigual, e nesse quesito podemos nos orgulhar, Brasil-il-il, no topo do ranking. Alijados até mesmo do exército de reserva que antes organizava os moradores da favela, às vezes sem chance nem mesmo no mercado informal que rege nossa economia, diante de um Estado que interage com eles somente com a polícia, estes jovens moradores dos morros e periferias há muito perceberam que isto que lhe oferecem como vida não é muito para se colocar em risco em troca de oportunidades melhores. Morre um, já tem mais cinco na fila, ou alguém já ouviu dizer de escravos trabalhando no tráfico? Em certas fazendas de deputados, sim, existe este tipo de mão de obra, mas no comércio de drogas muitas vezes há mais demanda do que postos de trabalho, e isso não pode ser resultado da loucura desses jovens.
O chamado crime organizado sabidamente não é tão organizado assim, sua força e organização são superestimadas pelos que necessitam de ?inimigos internos? para manter a escalada de repressão seletiva. E assim como o crack é produto da proibição das drogas (fruto da repressão à cocaína e da ausência de preocupação do mercado ilegal com a qualidade do que vendem), os comandos são produto do Estado brasileiro. Nasceram das indignantes condições dos presídios brasileiros, e se espalharam para fora de seus muros pela igualmente humilhante condição de vida da população pobre e pelas constantes agressões de uma polícia assassina e racista.
A proibição das drogas criou a ilegalidade deste mercado, e consequentemente fez com que a violência fosse a instância que rege essas transações comerciais que não diferem em nada do que fazem uma padaria ou uma farmácia. A desigualdade social potencializa a violência, e potencializa também o papel coercitivo do Estado, seu lado penal. ?Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco?. A violência estatal tem suas facetas mais descaradamente assassinas, como o Bope, e às vezes busca legitimar-se frente à sociedade por estratégias menos ostensivas, mesmo que ainda obviamente militares e em desacordo com os direitos humanos, como é o caso das UPPs.
Espanta é que a opinião pública compre e é disso que se trata, de venda de posicionamentos e preconceitos a versão de que componentes do problema, como Bope e UPP, sejam instrumento da solução. Para coroar, o exército é chamado para finalmente implementar o que vem treinando há anos nos corpos e periferias do Haiti.
Espanta é que um governo federal de um partido que ainda se diz de esquerda (mesmo que cada vez com menos ênfase) suporte e promova este tipo de estratégias, apoiando programas como as UPP?s e a presença militar no Haiti e também governantes como o genocida Sérgio Cabral e sua trupe.
Espanta é que alguém ainda leve a sério meios de comunicação que apoiaram e cresceram com o Golpe Militar de 1964, e que de lá pra cá participaram de uma série de manipulações eleitorais e promovem diariamente preconceitos de gênero, orientação sexual e classe em seus produtos de entretenimento e informação. Sensacionalismo que mostra cenas, fatos, mas não explica por que eles existem, por que eles estão lá. Como duas facções que até pouco tempo se matavam estão juntas? Quem são os ?bandidos?, os ?traficantes?? Um corpo só? O maniqueísmo é a única ferramenta que eles têm para manter a dissimulação.
Espanta que depois de 40 anos de guerra às drogas made in USA, quando o mundo todo busca alternativas ao fracasso proibicionista, a guerra seja novamente propagandeada como instrumento de paz. Realmente, se ainda há razão em nossa sociedade, falta muito para que ela se desentorpeça. (leia A Razão Entorpecida, da ex-juíza Maria Lúcia Karam)
* música de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Carta de repúdio ao programa exibido pela TV Record no Domingo Espetacular no dia 07 de novembro de 2010
Nós, mulheres indígenas reunidas no Encontro Nacional de Mulheres Indígenas para a proteção e Promoção dos seus Direitos na cidade de Cuiabá, entre os dias 17 e 19 de novembro de 2010, vimos manifestar nosso repúdio e indignação contra reportagem produzida pela ONG religiosa ATINI, exibida no dia 07 de novembro de 2010 em rede nacional e internacional. No Programa do Domingo Espetacular, da emissora RECORD, foram mostradas cenas de simulação de enterro de crianças indígenas em aldeias dos estado de Mato Grosso (Xingu), Mato Grosso do Sul (Kaiowá Guarani) e no sul do Amazonas (Zuruaha), pelos fatos e motivos a seguir aduzidos:
1. A malfadada reportagem coloca os povos indígenas como coletividades que agridem, ameaçam e matam suas crianças sem o mínimo de piedade e sem o senso de humanidade.
2. Na aludida reportagem aparecem indígenas atores adultos e crianças na maior “selvageria” enterrando crianças.
3. A reportagem quer demonstrar que essas ações nocivas aos direitos à vida das crianças indígenas são praticas rotineiras nas comunidades, ou de outra forma, são praticas culturalmente admitidas pelos povos indígenas brasileiros.
4. Que os produtores do “filme” desconhecem e por tanto não respeitam a realidade e costumes dos indígenas brasileiros. São “produtores Hollywoodianos”.
Vale esclarecer em primeiro lugar que a reportagem não preocupou em dizer que no Brasil existem mais de 225 povos ou etnias diferenciadas em seus usos, costumes, línguas, crenças e tradições. Essa reportagem negou aos brasileiros o direito ao conhecimento de que na década de 1970 a população indígena não chegava a duzentas mil pessoas ao ponto de antropólogos dizerem que no século XX os indígenas iriam acabar.
Se de fato os indígenas estivessem matando suas crianças, a população indígena estaria diminuindo, mas a realidade é outra, pois a população naquele momento em decréscimo hoje chega ao patamar de 735 mil pessoas, segundo censo de 2000 do IBGE.
A reportagem que mostra apenas uma versão das informações, não entrevista indígenas nem antropólogos que conhecem a realidade da vida na comunidade, pois senão iriam ver que crianças indígenas não vivem em creches nem na mendicância. Crianças indígenas são tratadas com respeito, dignidade e na mais ampla liberdade.
A reportagem maldosa e preconceituosa feriu intensamente os direitos indígenas nacional e internacionalmente reconhecidos, pois colocar povos indígenas e suas comunidades como homicidas de crianças é o mesmo que dizer que certas religiões praticam seus rituais matando suas crianças ou que a população brasileira em geral abandona suas crianças em creches, nas drogas e na mendicância se sem com elas se importarem. Mais, seria dizer que pais de classes médias altas jogam dos prédios suas crianças matando-as e que é comum famílias brasileiras em geral jogas seus filhos recém nascidos no lixões das grandes cidades, ou que os lideres religiosos são todos pedófilos.
Quais são as verdades dos fatos por trás das notícias caluniosas e difamatórias contras os povos indígenas.
Não seriam razões escusas de jogar a população brasileira contra os povos indígenas para buscar aprovação pelo Congresso Nacional brasileiro de leis nefastas aos povos indígenas? Ao dizer que os indígenas não têm condições de cuidar de seus filhos automaticamente estará retirando dos indígenas a autonomia em criar seus filhos, facilitando assim a intervenção do Estado para retirar crianças do convívio familiar indígena entregando-as a adoção principalmente por famílias estrangeiras. Na reportagem, o padrão de sociedade ideal é o povo americano, pois demonstrou que a criança retirada da comunidade agora vive nos Estados Unidos da América e até já fala inglês. Sociedade justa, moderna bem-feitora. Seria mesmo a “América” o modelo padrão de sociedade justa apresentado na reportagem? Vale esclarecer que a ONG religiosa ATINI e sua produtora de Hollywood têm sua sede nos Estados Unidos.
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Anta que Virou Elefante num Domingo Espetacular
Texto de autoria do professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e editor do site-blog Taqui Pra Ti, publicado na coluna de publicação aberta do CMI.
A segunda-feira da índia Rosi Waikhon na periferia de Manaus foi um dia de cão. Escapou, por pouco, de ser apedrejada. Ao sair de casa, várias pessoas lhe atiraram na cara frases do tipo: "Ei, índia, você não é gente, índio mata o próprio filho, vocês deviam morrer". Minha amiga há muito tempo, ela me confidenciou: "Meu dia virou um terror, em todos esses anos, nunca tinha ouvido palavras tão pesadas e racistas".
Quem humilhou Rosi estava indignado, porque no dia anterior havia presenciado o 'assassinato' de crianças indígenas, cometido pelos próprios pais, que praticam o 'infanticídio', tudo isso exibido no programa Domingo Espetacular da TV Record. Felizmente, como nos filmes americanos, chega a cavalaria para salvar vidas ameaçadas por índios bárbaros. A missionária evangélica Márcia Suzuki, cavalgando a emissora do Edir Macedo - tololoc, tololoc - leva os bebês arrancados das garras dos 'criminosos' para a chácara da igreja neopentecostal. Enfim, salvos.
Leia na íntegra.quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Lei anti-homofobia: uma resposta à onda do ódio
Da redação Brasil de Fato
Foi em uma escola pública de Taboão da Serra (SP) que Pierre Freitaz, então com 13 anos, foi vítima de homofobia pela primeira vez. As agressões vieram, inicialmente, na forma de piadas. "Nunca gostei de ser amigo dos meninos, eu andava mais com as meninas. Eu não gostava de jogar futebol, e aí começou".
As "brincadeiras" aumentaram, e os meninos passaram a cobrar "pedágio" para deixá-lo entrar na escola. Com medo, Pierre pagava, até que avisou que não entregaria mais o dinheiro. As ameaças se concretizaram. "Vieram com empurrões, a vioência foi crescendo até que quebraram o meu braço".
A humilhação seguinte partiu da própria escola. Durante uma reunião entre seus pais e os familiares de seus agressores, a diretoria deu a entender, segundo Pierre, que a agressão havia ocorrido devido à sua opção sexual. "Disseram que aquilo [agressão] aconteceu comigo porque eu era gay. Quiseram dizer que eles [meninos] estavam certos e eu errado", relembra.
A história de Pierre, que hoje é coordenador do Grupo de Jovens Ativistas da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, aconteceu há cerca de dez anos. A violência contra os homossexuais, porém, continua atual. No último final de semana, em São Paulo, cinco jovens de classe média (quatro deles menores de idade) xingaram e atacaram três pessoas com socos, chutes e golpes com lâmpadas fluorescentes na Avenida Paulista. Na delegacia, eles foram identificados por um lavador de carros, que contou ter sido agredido e assaltado pelo mesmo grupo.
Os quatro menores - três de 16 anos e um de 17 - chegaram a passar a noite em uma unidade da Fundação Casa, mas foram liberados no dia seguinte. O estudante Jonathan Lauton Domingues, de 19 anos, foi preso em flagrante mas responderá em liberdade pelos crimes de lesão corporal, roubo e formação de quadrilha.
Já no Rio de Janeiro, no domingo (14), um estudante de 19 anos foi baleado depois da 15ª Parada do Orgulho Gay, em Copacabana. De acordo com a vítima, um grupo de homossexuais estavam no Parque Garota de Ipanema quando foram abordados por militares, que hostilizaram os jovens. O 3º sargento do Exército Ivanildo Ulisses Gervásio confessou ter atirado no estudante. Além dele, outros dois militares são acusados de participar do crime. O delegado Fernando Veloso, da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon), que investiga o caso, afirmou que a motivação das agressões foi a homofobia.
"Esses casos não são soltos. A gente não percebe, mas isso é corriqueiro. E na periferia e no interior [dos estados] ainda é mais difícil, onde as pessoas são mais conservadoras", assegura Pierre.
Mackenzie
O repúdio contra as agressões homofóbicas aumentaram a partir de terça-feira (16), quando começou a circular na internet o "Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia", divulgado no portal da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O texto, assinado pelo chanceler da instituição, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, critica o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.
O texto diz que a Igreja Presbiteriana é contra a lei “por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia”. O manifesto informava, ainda, que "a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.
O texto foi retirado do ar e, em nota, a assessoria de imprensa da instituição afirmou que o pronunciamento sobre o PL 122 foi feito em 2007 e é da Igreja Presbiteriana do Brasil, Associada Vitalícia do Mackenzie. Além disso, de acordo com a nota, "o Mackenzie se posiciona contra qualquer tipo de violência e discriminação feitas ao ser humano, como também se posiciona contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição".
As situações causaram revolta na comunidade LGBT que, no dia 24, promoverá uma manifestação em frente à Universidade Mackenzie, a fim de protestar contra o manifesto. "Estamos indignados e queremos ações", afirma o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.
Lei
Uma das ações mais imediatas, segundo o presidente da ABGLT, é precisamente o encaminhamento do PLC 122. Aprovado no Congresso Nacional, o projeto de lei visa à alteração da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, caracterizando como crime "a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero". O autor do delito, assim, ficaria sujeito às penas definidas em lei - como reclusão por até cinco anos.
Reis salienta que a lei será um avanço para a população LGBT que ainda não conta com uma lei específica para proteger os seus direitos. "Assim como existe a lei que criminaliza o racismo, queremos uma lei que criminalize a homofobia", explica.
Para a autora do projeto, a professora e ex-deputada pelo PT Iara Bernardi, os crimes recentes mostram a urgência da aprovação do PLC 122 que, segundo ela, se trata de um complemento a uma lei já existente.
"É uma legislação que abrange outras formas de discriminação, como [a discriminação] contra os nordestinos. Acrescentamos ali esse ponto, o da discriminação contra os homossexuais", reitera.
Senado
Iara destaca que o projeto foi aprovado por unanimidade no Congresso, onde houve uma ampla discussão com a comunidade LGBT e esferas do governo, como o Ministério da Justiça. O próximo passo, agora, é a aprovação no Senado, considerado um campo mais difícil devido às suas forças conservadoras. Para Iara, no entanto, a eleição de figuras mais progressistas para a Casa pode agilizar os trabalhos. "Espero que com a mudança no Senado, a lei possa ser aprovada", sustenta.
O maior desafio para a comunidade LGBT, entretanto, será superar a oposição de setores religiosos conservadores. Para Reis, a interferência religiosa ficou evidente durante o segundo turno das eleições deste ano, quando alguns grupos exigiram que os presidenciáveis se manifestassem contrários ao aborto e à união civil dos homossexuais. "Nossa reivindicação não é o casamento religioso, mas a união civil. Dizem que nós queremos destruir as famílias. De jeito nenhum, e pelo contrário: queremos construir a nossa família, do nosso jeito", afirma.
Atualmente, segundo Reis, 53 países no mundo possuem legislações específicas contra a homofobia - vários deles na América Latina, como Uruguai, Argentina, Colômbia e México, que conseguiram diminuir seus índices de violência.
Já no Brasil, os entraves à aprovação da lei, para Iara, só demonstram o atraso do país no combate à homofobia. "Esse é um tema que nem se debate mais em outros países, como na Europa. As agressões acontecem mas se sabe que são crime. O Brasil ainda está muito atrasado em relação a isso", critica.
Uma pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB) mostra que, a cada dois dias, um homossexual é assassinado no Brasil. Só em 2009, de acordo com a entidade, pelo menos 198 homossexuais foram mortos, um número 55% maior do que o registrado em 2008.
Na página www.naohomofobia.com.br/home/index.php, da Campanha Não Homofobia!, é possível aderir a um abaixo-assinado pela aprovação do PLC 122.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Carta de um pai que não internou seu filho
Por Fabiana Leite
Conheci a história de Geraldo e André Peixoto há seis anos, durante reportagem de balanço da reforma psiquiátrica. André teve o primeiro surto, sinalizador da esquizofrenia, na passagem para a idade adulta. O pai, Geraldo, horrorizado com os grandes hospitais psiquiátricos por onde André passou, o retirou de lá, mudou a vida, trocou a carreira de executivo pela de professor de natação para ficar ao lado do filho. Nesses anos, tornou-se um militante do direito dos pacientes de não serem trancafiados em hospitais e clínicas, mas acolhidos por serviços ambulatoriais e pela comunidade.
Na primeira entrevista, Geraldo me surpreendeu por não esconder as agruras de viver com uma pessoa com uma doença psiquiátrica. Não dourava a pílula. Mas defendia com carinho sua escolha, com espaço para a leveza _como a história de um amigo da família, também portador de esquizofrenia, que insistia ser uma águia. Geraldo o acolhia como um pássaro. Naquela época, André não estava bem, os médicos não acertavam o remédio. Tentamos fazer uma foto de ambos, mas André não quis.
Coincidentemente, meses depois, encontrei Geraldo durante uma “blitz” dos conselhos de psicologia e do Ministério Público em grandes unidades psiquiátricas que ainda persistem em diversas partes do País. Em uma das instituições, lá estavam pacientes amarrados, sem roupa. Um deles perguntou a Geraldo se era “papai noel” (por causa da barba branca) e pediu: “alta”!
Depois de o poeta Ferreira Gullar chamar a lei da reforma psiquiátrica de “idiota” e de defender a internação dos filhos, quis ouvir novamente a opinião de Geraldo (você pode conhecê-la aqui). Seguiam vivendo juntos. Sugeri novamente a foto de ambos. André estava cada vez melhor, disse o professor. Cuidava do pai. Estava cada vez mais companheiro, relatou Geraldo. E a foto deu certo.
Há cerca de uma semana, André, que tinha 47 anos, morreu vítima de um infarto do miocárdio fulminante, em casa, ao lado do pai. Compartilho com vocês, com autorização do autor, trechos da carta que Geraldo enviou a centenas de amigos e apoiadores:
Há exatamente sete dias, nesta mesma hora, André, meu filho querido, morreu. Tudo começou e terminou comigo. Muitos, sequer o conheciam. Outros, o conheceram, e outros, até o acampanharam e cuidaram dele. Estas pessoas ficaram, indelevelmente, imarcadas em nossa memória.
André nasceu duas vezes, uma, de Wilma, sua mãe, e a outra, de mim, quando o assumi, depois de retirá-lo de um hospital psiquiátrico. Portanto, sinto-me fiador de todo esse querer bem, que vocês todos têm demonstrado por ele.
Tive um privilégio, uma graça por viver junto dele essa experiência, absolutamente fantástica, nestes vinte e cinco anos, desde o dia em que o retirei de um hospital psiquiátrico, até aquele momento, em que o vi, estendido no sofá da minha sala. Ele foi o meu grande mestre, mostrou-me o caminho, o caminho que ele percorreu e que, apesar da violência das crises e, das crises de violência, foi paradoxalmente, delicado e extraordinário. A experiência foi “humana, demasiadamente humana”. Fui atirado à correnteza da vida e da psicose, deixando-me levar sem resistência, aceitando e usando-a a meu favor, sabendo, como bom nadador, que se não o fizesse, iria , apenas, me exaurir. A correnteza, agora queridos amigos, se diluiu, se desfez, deixando-me nadar livremente. A vida foi maravilhosa comigo, por ter-me permitido esse encontro.
Valeu a pena, garoto! Valeu muito a pena!
André vive! Ontem, André era o meu objetivo – hoje, deixou de ser, pois eu o carrego comigo…
Obrigado, obrigado, obrigado…
Geraldo
Fabiane Leite é repórter da área de saúde desde 1999, dedicada principalmente à cobertura de temas de interesse da saúde pública e dos planos privados de saúde. Trabalhou no Jornal da Tarde, Folha Online, Folha de São Paulo e atualmente é repórter da seção Vida do jornal O Estado de São Paulo. Acredita que a saúde é o princípio básico para a felicidade.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
GOLPE NA APG/PUC-SP
– ELEIÇÕES – 2010
ESTUDANTES, POSICIONEM-SE!
O Coletivo DIVERSIDADE EM AÇÃO está em luta desde junho de 2010 contra as manobras da chapa APG-INTEGRAÇÃO ATIVA que a todo custo quer levar em frente uma eleição ilegal e ilegítima. O golpe final, realizado pela chapa da situação e pelo Presidente da Comissão Eleitoral, ocorreu no dia 14 de outubro de 2010: mesmo cientes da falta de quorum eleitoral devido a impugnação da urna do campus Monte Alegre e do parecer jurídico favorável a nulidade de todo o processo emitido pela CAJ, deram prosseguimento a uma apuração ilegal de acordo com o previsto no art.48 do estatuto da APG/PUC-SP. Ressalta-se que o Coletivo DIVERSIDADE EM AÇÃO, desde 28 de agosto de 2010, tem lutado para a realização de um novo pleito.
Após sucessivas denúncias da chapa DIVERSIDADE EM AÇÃO sobre a ilegitimidade e ilegalidade do processo eleitoral, a Coordenadoria de Assuntos Jurídicos da PUC/SP (CAJ), a pedido do Pró-Reitor Helio Deliberador (convidado pelo Presidente da Comissão Eleitoral para intermediar e intervir na situação), emitiu um parecer no qual pronunciou-se favoravelmente à nulidade do processo, por julgá-lo ilegal, já que constatou erros insanáveis referentes aos editais de convocação. Entretanto, embora a CAJ tenha emitido seu parecer em setembro de 2010, o Presidente da Comissão Eleitoral não o levou em consideração. Reconheceu somente os pontos que favoreciam a chapa de situação, numa postura nada imparcial. O presidente da comissão eleitoral foi indicado pela atual gestão da APG.
Sobre a falta de quorum eleitoral, o artigo 48 do estatuto da APG prevê que uma chapa para ser considerada vencedora deverá obter o maior número de votos “desde que alcançado o quorum mínimo eleitoral de 10%” dos estudantes autorizados a votar. Portanto, o quorum eleitoral mínimo desta eleição é 818 votos, visto que foram contabilizados um total de 8.177 estudantes de pós-graduação regularmente matriculados (stricto e lato sensu). O estatuto prevê ainda que não alcançado o quorum mínimo de 10% do processo eleitoral, obrigatoriamente deverá ser convocada um assembleia geral para decidir sobre o assunto (art. 48). Com a decisão de dar sequência a apuração da única urna restante (campus Consolação – só votos lato sensu), contendo apenas 562 votos (6,5% de votos válidos), o presidente da comissão eleitoral descumpriu o que é previsto no estatuto da Associação. Não podemos ficar passivos diante disso!
Não nos calemos! Repudiemos o golpe da chapa APG-Integração Ativa! Todos os estudantes que tiveram sua voz calada ao serem desprezados com a impugnação da urna do campus Monte Alegre (todos os stricto sensu), ao serem esquecidos durante as eleições e ao serem enganados pela chapa APG-Integração Ativa manifestem-se! Posicionem-se por um novo processo eleitoral!
Muitos foram os problemas desse processo, dentre eles, destacamos que o direito de formação de chapas não foi respeitado. Como a chapa da diretoria em vacância já planejava ser eleita sem uma disputa eleitoral, tornou público o edital apenas no último dia de inscrição de chapas. Ora, o estatuto exige pelo menos 15 dias de inscrição. Não podemos ser coniventes com essa manobra!
A APG/PUC-SP, além de ser um importante órgão que representa nossos interesses, recebe dinheiro arrecadado de todos os estudantes da pós-graduação. Queremos transparência com nosso dinheiro: onde estão publicadas as prestações de contas? Quem sabe o que é feito com ele? Essa situação não pode continuar.
Como sabemos, a APG/PUC-SP é dirigida pelo mesmo grupo há 15 anos, sendo que há dez anos não se constituía uma chapa de oposição. Esta situação criou uma casta burocrática que utiliza a nossa entidade como trampolim político, ocupando ao mesmo tempo a direção da representação política dos estudantes da pós-graduação e cargos na administração da PUC.
Atualmente, o Coletivo DIVERSIDADE EM AÇÃO, juntamente com o Conselho Diretor da APG, eleito na Assembleia de 09/10, está recorrendo contra a posse ilegal decorrente de uma apuração também ilegal e encaminhando as propostas aprovadas na Assembleia. Por isso, convida todos os indignados para participarem:
A PUC-SP sempre foi vanguarda em diversas lutas estudantis e políticas. Cabe a nós agora lutarmos contra o grande golpe da chapa APG-Integração Ativa. Participe do coletivo DIVERSIDADE EM AÇÃO. Acompanhe nossas ações e integre-as. Acesse: www.diversidadeemacao.blogspot.com / diversidadeemacao@gmail.com
Coletivo Diversidade em Ação
Conselho Diretor da APG/PUC-SP
terça-feira, 26 de outubro de 2010
SEMANA ACADÊMICA DA PUC 2010
SIMPÓSIO
Pesquisas sobre Identidade-Metamorfose: entre práticas científicas transformadas e projetos de emancipação humana
Resumo: Esquadrinhar identidades como metamorfoses em busca de emancipação é uma proposta de pesquisa que representa, a priori, uma práxis em Psicologia Social Crítica. Adotar a perspectiva científica que está implicada neste tipo de pesquisa significa posicionar-se, tanto com relação a desconstrução de pressupostos positivistas e essencialistas, que há tanto incidem sobre o fazer científico nas Ciências Humanas, quanto à realização de um conhecimento situado e uma práxis politicamente posicionada. Daí, pesquisas iluminadas por esse aporte teórico sempre firmam e tendem a declarar seus compromissos com o futuro. Um futuro que, esteado por reflexões críticas no presente sobre seu passado referente, não pode ser antecipado, mas compreendido como projeto e perspectiva. Dada pertinência, buscamos reunir, nesse espaço de diálogo acadêmico, pesquisas, propostas e possibilidades científicas que viabilizem a publicização de novas experiências e formas de ser transformadoras, vislumbrando protagonismos sociais, utopias alforristas e fragmentos de emancipação – tanto do ponto de vista das práticas científicas quanto das relações humanas. São pesquisas realizadas no NEPIM – Núcleo de Esudos e Pesquisas sobre Identidade-Metamorfose, do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Social, da PUCSP.
Coordenador: Prof. Dr. Antonio da Costa Ciampa
Vice-coordenador: Prof. Dr. Juracy Armando Mariano de Almeida
Quarta-feira, 27 de outubro de 2010
PUC-SP – Rua Ministro Godói, 969 - Perdizes
Sala 205 (2 andar do prédio novo) – 15h.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A psicologia de massa do fascismo à brasileira
Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro.
O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial
Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.
Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.
Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.
À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.
Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.
Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.
O fascismo à brasileira
Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.
Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.
Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.
Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.
Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.
Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.
No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.
A construção do ódio
Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.
Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.
Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.
Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.
Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Nota de repúdio
Veja aqui o artigo de Maria Rita Kehl
Veja aqui entrevista da psicóloga e psicanalista ao Terra Magazine
Leia também artigo do jornalista Eugênio Bucci sobre o tema
Nota:
CFP repudia demissão da psicóloga Maria Rita Kehl pelo jornal O Estado de S.Paulo
No dia 2 de outubro de 2010, a psicanalista e psicóloga Maria Rita Kehl, colunista do jornal O Estado de S. Paulo publicou artigo intitulado “Dois pesos” no qual questionou a desqualificação do voto da população pobre e fez comentários sobre o programa Bolsa Família, do governo Lula. O texto gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias e culminou com a demissão da colunista no dia 6 de outubro. Segundo ela, a justificativa dada pelo jornal foi que Maria Rita cometeu um “delito” de opinião.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) repudia a demissão de Kehl, solidariza-se a ela e externa preocupação com a atitude do Estadão que, ao demitir uma articulista que se posiciona de maneira contrária ao discurso do jornal, fere o direito à liberdade de expressão e de pensamento. Ou não é para garantir a diversidade de opiniões que os jornais, além de editoriais, publicam artigos?
A grande mídia tem acusado o governo de cercear a liberdade de expressão e o Estadão há meses questiona um processo de censura. Entretanto, a demissão da colunista expõe a fissura entre o discurso da mídia que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão e suas práticas cotidianas, restritivas à liberdade de opinião.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Portal do Crepop
•Referências Técnicas para a atuação de psicólogos no âmbito das Medidas Socioeducativas em Unidades de Internação
•Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo.
•Referências Técnicas para a prática do(a) psicólogo(a) nos programas de DST e aids
•Saúde do Trabalhador no âmbito da Saúde pública: referências para atuação dos psicólogos
•Documento de Referências Técnicas para atuação em CRAS/SUAS
No portal do Crepop, o psicólogo ainda pode se atualizar sobre pesquisas já realizadas e em andamento, georreferenciamento, reuniões, concursos públicos e outras notícias.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Propaganda política no início dos nos 1950 em São Paulo.
Resumo: Em que medida o populismo presente no cinejornal Bandeirante da Tela
(1947-1956) teria dialogado com as aspirações dos espectadores nas salas de cinema?
Ao ostentar um projeto de felicidade arraigado num profundo pioneirismo paulista, na imagem do ?homem bom? preparado para governar, e na ?sensibilidade? puramente assistencialista para com o povo desprovido de sorte, o discurso de Adhemar de Barros é revelador de elementos ainda hoje latentes no fazer política, e bastante perceptíveis nos períodos eleitorais atuais.
Onde: Espaço Ay Carmela!
Rua das Carmelitas, 140 - Sé (Travessa da Rua Tabatinguera / Saída Poupatempo do Metro Sé)
Quando: 02/10 as 15h
--
Site: http://ay-carmela.birosca.org/
Doações Conta: Caixa Econômica Federal ou Casas Lotéricas
Ag:4070 Op:013 C.Poupança:00012424-3
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
SEMANA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS OCUPA A USP!
Nos cinco dias de programação, haverá pelo menos duas mesas de debate por dia, além de atividades culturais (flyer em anexo). Os eventos ocorrerão na Prainha da ECA/USP, sob uma lona preta, à tarde e à noite. Participe!
Programação:
Segunda-feira (20/09)
18h-20h – DEBATE: Movimentos sociais, universidade e sociedade
- Sérgio Gomes (Oboré)
- Ilaese (Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos)
- Silvia Adoue (Escola Nacional Florestan Fernandes)
Terça-feira (21)
14h-16h – DEBATE: Arte e comunicação em luta
- Coletivo de Audiovisual da Via Campesina
- Wellington Lopes Goes (Núcleo Cultural Força Ativa)
- Representante do movimento de teatro de grupo
18h-20h – DEBATE: Movimento estudantil pra quê?
- Representante da comissão organizadora da semana
- Carlos Menegozzo (Virtude)
- Intervenções
20h – Roda de chorinho com estudantes de música da USP
Quarta-feira (22)
14h-16h – DEBATE: Movimento negro e a universidade
- Movimento Negro Unificado (MNU)
- Núcleo de Consciência Negra da USP
- Círculo Palmarino
- Quilombo Raça e Classe
16-18h – RODA DE CONVERSA: A luta LGBTT
- Marcelo Daniliauskas
- Grupo Prisma
18h-20h - DEBATE: Mulheres em Movimento
- Coletivo Dandara
- Marcha Mundial das Mulheres
- Movimento Mulheres em Luta
Quinta-feira (23)
14h-16h – DEBATE: A Luta no Asfalto
- MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)
- Terra Livre (Jardim Pantanal)
- Movimento Passe Livre (MPL)
18h-20h: DEBATE: A Luta no Campo
- MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
- MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
- Ariovaldo Umbelino de Oliveira (Geografia da USP)
20h-22h: SARAU DE POESIA
- Cooperifa
- Gaspar (Z'Africa Brasil)
+ Outros convidados
22h: FESTA: Quinta & Breja de luta
- Dub
- Rap
- Unidos da Lona Preta (bloco de samba do MST) - a confirmar
Sexta-feira (24)
14h-16h: DEBATE: Lutar é crime? A criminalização dos movimentos sociais
- MST
- MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade)
- Coletivo Intervozes
- Movimento Nacional da População de Rua (MNPR)
18h-20h: DEBATE: Organização e luta sindical
- CSP Conlutas
- Intersindical
- Edu Amaral (Oposição Alternativa da Apeoesp)
- Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP)