sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Avós recuperam 101° neto sequestrado pela ditadura argentina


Por Carta Maior

Sequestrada por militares argentinos, Silvia Mónica Quintela deu à luz no cativeiro e acabou assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu marido, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver à ditadura militar e, ao voltar do exílio, incorporou-se ao movimento das Avós da Praça de Maio para procurar seu filho. Encontrou-o há poucos dias. O 101° neto encontrado chama-se Francisco Madariaga Quintela. O responsável pela "adoção" da criança sequestrada, o capitão aposentado e ex-carapintada Victor Alejandro Gallo, foi preso sexta-feira.

A Associação das Avós da Praça de Maio apresentou nesta terça-feira (23) numa coletiva de imprensa, todos os detalhes que permitiram recuperar o neto 101, que durante mais de trinta anos foi privado de sua identidade por seus apropriadores. Francisco Madariaga Quintela é filho de Silvia Mónica Quintela, sequestrada e assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu pai, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver e, depois de voltar do exílio, uniu-se à Associação das Avós para iniciar pessoalmente a busca de seu filho, no que constitui um caso inédito neste tipo de investigação. Enquanto isso, o responsável pela "adoção", o capitão aposentado e ex carapintada Victor Alejandro Gallo foi detido na última sexta-feira.

Silvia Quintela foi sequestrada pela ditadura militar na manhã de 17 de janeiro de 1977, em Florida, província de Buenos Aires, quando estava grávida de 4 meses. Às 9 e meia da manhã, enquanto caminhava pela rua Hipólito Yrigoyen em direção à estação de trem para encontrar-se com uma amiga, foi rodeada por três veículos. Um grupo à paisana que pertencia ao Primeiro Corpo do Exército jogou-a-a num dos Ford Falcon e levou-a para um local desconhecido. Silvia era médica e tinha nesse momento 28 anos; dedicava parte de seu tempo à militância na Juventude Peronista e a cuidar de pessoas carentes numa clínica em Beccar, em Buenos Aires. Seu companheiro, Abel Madariaga, secretário de imprensa e difusão da organização Montoneros, foi testemunha, mas conseguiu escapar. Nessa mesma tarde, outro grupo invadiu a casa da mãe de Silvia e lá a comunicaram que ela tinha sido detida.

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