domingo, 29 de janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pinheirinho

Uma das poucas reportagens sobre Pinheirinho da mídia corporativa que mostrou um pouco dos fatos reais.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Feliz aniversário Sampa!!! Mas comemorar o quê?

Nota do CFP sobre a reintegração de posse de Pinheirinho, SP


A reintegração de posse da área ocupada pela comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo, vem repercutindo na imprensa e nas redes sociais pela violência e ilegalidade com que foi realizada. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público solidarizar-se com as famílias da ocupação e questionar tanto os métodos usados na reintegração de posse como os seus objetivos.

A violência usada na ação policial não pode ser admitida, sob pena de compactuarmos com práticas que violam frontalmente os direitos humanos. Mais uma vez, nos perguntamos: que interesses estão por trás dessa ação truculenta?

Não havia urgência na desocupação que pudesse justificar a necessidade de ação policial para a reintegração de posse enquanto a disputa jurídica estava em curso. As terras em litígio, segundo informações amplamente divulgadas na imprensa, pertencem à massa falida de empresa privada e já estavam sendo ocupadas há pelo menos 8 anos pelas famílias no Pinheirinho.

Agora são mais de 3.000 famílias que estão em condições precárias de alojamento, muitas crianças, idosos, mulheres gestantes que dividem espaços improvisados, sem que seus direitos especiais sejam respeitados. Muitos não puderam nem retirar seus pertences e várias casas já foram demolidas nesta segunda-feira (23/01/2012).

Aos profissionais que estão atuando com a população desalojada, principalmente psicólogas e psicólogos, o CFP manifesta apoio nas ações cotidianas de enfrentamento ao sofrimento causado por tamanha violência. Conforme os princípios fundamentais do Código de Ética da Profissão, a Psicologia deve se colocar no papel de promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuir para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, baseando o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por fim, o CFP solidariza-se com o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Roberto Martins Maldos, que é também membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho, que acompanhava em diálogo com moradores do Pinheirinho a desocupação e foi ferido com bala de borracha durante a ação da Polícia Militar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

JOÃO PEQUENO FOI PRAS TERRAS DE ARUANDA

por Pedro Abib
discípulo do mestre João Pequeno

"Quando eu aqui cheguei, a todos eu vim louvar..."

Deve ter sido assim que mestre João Pequeno de Pastinha cantou quando chegou em terras de Aruanda, lugar mítico, para onde se acredita vão os mortos...que nunca morrem...como se crê em África !

Assim como João cantou tantas vezes essa mesma ladainha, onde quer que chegava para mostrar sua capoeira angola aos quatro cantos desse mundo ... êita coisa bonita de se ver ! O velho capoeirista tocando mansamente seu berimbau e cantando...dando ordem pra roda começar. Os privilegiados que puderam compartilhar com João Pequeno esses momentos, sabem bem do que estou falando. oram 94 anos bem vividos. Aposto que daqui não levou mágoa, não era de seu feitio. Inimigos também não deixou, sua alma boa não permitiria. Partiu como um passarinho, leve e feliz, como vão todos os grandes homens: certeza de missão cumprida. Deve estar agora junto de seu Pastinha, naquela conversa preguiçosa, que não precisa de muita palavra, que só os bons amigos sabem conversar. E seu Pastinha deve estar orgulhoso de seu menino. Fez direitinho tudo que ele pediu: tomou conta da sua capoeira angola com toda a dignidade, fazendo com que ela se espalhasse mundo afora. A semente que seu Pastinha plantou, João soube regar e cultivar muito bem. Êita menino arretado esse João Pequeno ! Nunca foi de falar muito. Só quando era preciso. E nessa hora saía cada coisa, meu amigo ! Coisa pra se guardar na mente e no coração. Mas muitas vezes falava só com o silêncio. Do seu olhar sempre atento, nada escapava. Observava tudo ao seu redor e sabia a hora certa de intervir, mostrar o caminho certo, quando achava que o jogo na roda tava indo pro lado errado. Até gostava de um jogo mais apertado, aquele em que o capoeira tem que saber se virar pra não tomar um pé pela cara. Mas só quando via que os dois tinham "farinha no saco" pra isso. João nunca permitiu que um jogador mais experiente ou maldoso abusasse de violência contra um outro inexperiente ou mal preparado. Quando tinha mulher na roda então, aí é que o velho capoeirista não deixava mesmo que nenhum marmanjo tirasse proveito de maior força física ou malandragem pra cima de uma moça menos avisada no jogo, coisa comum na capoeira que é ainda muito machista. A não ser que ela tivesse como responder à provocação na mesma moeda. E era cada bronca quando via sujeito tratar mal uma mulher na roda, misericórdia ! Afinal, ele sempre dizia que "a capoeira é uma dança, então como é que você vai tirar uma mulher pra dançar e bater nela ?". Não pode ! A simplicidade, a generosidade, a humildade, a paciência, a sabedoria, a fala mansa e contida, sem necessidade de intermináveis discursos de auto-promoção, eram as características mais notáveis de João Pequeno, próprias de um verdadeiro mestre. Muito diferente do que se vê na grande maioria dos mestres da atualidade, diga-se de passagem, que auto-proclamam sua importância para a capoeira, que fazem e acontecem… que batem no peito e falam, falam, falam. Nesses quase 20 anos de convivência muito próxima a João Pequeno, tive o privilégio e a oportunidade de aprender algumas das mais caras (e raras) lições de vida e humanidade, que jamais teria aprendido em qualquer universidade, nem sequer poderia obter através de algum diploma qualquer que fosse. Esse homem analfabeto que nunca frequentou os bancos da escola, foi responsável por um legado de ensinamentos que orientam milhares e milhares de pessoas em nosso país e também no mundo todo, que reconhecem o valor de João Pequeno como um dos mais importantes mestres da cultura popular e da tradição afro-brasileira de todos os tempos. João Pequeno representa a voz de todos os excluídos, marginalizados, oprimidos que através da capoeira encontraram uma forma de lutar e resistir, manter viva a tradição de seu povo e dar legitimidade a uma cultura que foi sempre perseguida e violentada nesse país. O velho capoeirista soube conduzir muito bem sua missão de liderança, responsável pela recuperação da capoeira angola a partir da década de oitenta do século passado, quando após a morte do Mestre Pastinha, se encontrava em franca decadência. Quando se instalou no Forte Santo Antonio em 1981, João iniciou a partir de sua academia um movimento importantíssimo de revalorização da capoeira angola, fazendo com que ela se difundisse e se consolidasse como expressão da tradição popular afro-brasileira, presente hoje em mais de 160 países. Mas João Pequeno nunca precisou ficar afirmando isso por aí, nem tampouco dizer da sua importância para a capoeira. João é considerado um dos grandes baluartes da capoeira angola, mas ele nunca saiu proclamando isso para ninguém. Na sua humildade nos ensinou que o reconhecimento do valor do mestre tem que vir dos outros, da comunidade da qual faz parte e nunca do próprio discurso muitas vezes carregado de vaidade e arrogância. João simplesmente jogava e ensinava sua capoeira. E por isso era grande !

E de lá, das terras de Aruanda continuará a iluminar os caminhos de todos nós.

João Pequeno não morreu !

* Pedro Abib (Pedrão de João Pequeno) é capoeirista, sambista, cineasta e professor da Universidade Federal da Bahia

sábado, 21 de janeiro de 2012

Nove anos depois do assassinato do cacique Verón, expedição registra conflito de terra no MS

Expedição de profissionais ligados à questão indígena e militantes de diversas áreas ficará até o dia 25 na região acompanhando a situação dos indígenas. Iniciada no último dia 10, a expedição que homenageia o cacique assassinado por jagunços, a mando dos fazendeiros locais, produzirá um relatório e um documentário para denunciar as ameaças de morte e exigir a demarcação dessas terras indígenas. A reportagem é de Fábio Nassif.

No último dia 13 de janeiro, há nove anos do assassinato do Cacique Marco Verón, liderança guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul, indígenas da aldeia Takwara fizeram uma cerimônia em sua homenagem. O cenário ainda é de violenta e cotidiana disputa pelas terras. A cerimônia, chamada de Yvy ra'i nhamboaty, foi realizada durante uma expedição de profissionais ligados à questão indígena e militantes de diversas áreas, que ficará até o dia 25 na região acompanhando a situação dos indígenas.

Iniciada no último dia 10, a expedição que homenageia o cacique assassinado por jagunços, a mando dos fazendeiros locais, produzirá um relatório e um documentário para denunciar as ameaças de morte e exigir a demarcação dessas terras indígenas.

Motivada pela morte de 260 indígenas nos últimos nove anos, a expedição, composta por geógrafos, jornalistas, psicólogos, advogados e educadores, tem se deparado com os problemas vividos nas aldeias. A pressão do agronegócio - principalmente da cana e da soja -, a violência dos fazendeiros, jagunços e empresas de segurança privada, a ausência - ou presença equivocada - do Estado fazem do Mato Grosso do Sul um dos principais palcos de mortes indígenas.

Portas fechadas
No dia em que a equipe da expedição foi recepcionada pelos guarani-kaiowá na aldeia Laranjeira Nhánderu, localizada no meio de uma plantação de soja no município de Rio Brilhante, os responsáveis pela fazenda colocaram caminhões e um globo de aço de arar terra na entrada para impedir a circulação de pessoas no local. Dentro de caminhonetes, homens armados rondaram a entrada da aldeia, deixando todos em estado de alerta.

O gesto de intimidação foi respondido por contados da expedição com a Funai, a Polícia Federal e entidades de direitos humanos. Para evitar mais um ataque aos indígenas, decidiu-se telefonar para o representante do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga, para reforçar o envio de ajuda aos indígenas.

Três agentes da Polícia Federal e dois da Funai chegaram ao local, e, depois de conversar com os donos da fazenda, se entenderam com os índios. A presença deles ajudou no desbloqueio do caminho, mas explicitou as limitações desses órgãos para lidar com este tipo de confronto.

Diferente do entendimento comum de que a Funai deve defender os direitos indígenas, a responsável pelo órgão no estado, Maria Aparecida, afirmou que "o papel da Funai é mediar conflito entre os fazendeiros e os indígenas", mesmo em casos como esse, onde a terra está em litígio (aguardando julgamento) e historicamente pertence aos
guarani-kaiowa. Maria Aparecida reconheceu que, em algumas áreas onde a expedição pretende passar, a Funai e a Polícia Federal não atuam devido ao poder e agressividade dos fazendeiros.

Injustiça e violência
Também cercada pelas enormes plantações de soja, a aldeia Taquara vive situação semelhante: rios poluídos pelo despejo de agrotóxicos, tamanho limitado das terras que impede o plantio para subsistência, indefinição jurídica do local e ameaças de morte. O cacique Ladio Veron é um dos que estão marcados para morrer na lista dos fazendeiros. Ele passou o seu aniversário lembrando do dia em que os jagunços o seguravam, enquanto matavam seu pai na sua frente. Os assassinos, mesmo condenados, vivem em liberdade.

Nos locais do assassinato e enterro do corpo do cacique Marco, sua filha, Valdelice, segurando a neta Arami, reafirmou que "a luta do povo guarani-kaiowa não vai parar". A água da chuva se misturou com as lágrimas desta família, pertencente a u
m povo que resiste e vê sangue jorrar em suas terras, desde a colonização até agora, quando o projeto de desenvolvimento do país os condena à luta com fazendeiros e à morte por envenenamento por agrotóxico.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Povo querido! Continuo aqui no Mato Grosso do Sul na expedição Marcos Veron e sem nada de net ou tempo de enviar os relatos do trabalho e da luta que esta acontecendo aqui. Acompanhem o site do grupo e logo mais a gente se fala. Apesar dos desafios e de toda dor, a luta não retrocede um milimetro! Ainda contamos com o apoio de todos e todas! Abraços


http://catarse.me/pt/projects/492-expedicao-ao-territorio-kaiowa-guarani-cacique-marcos-veron-tekoha-nhe-e-ayvu-arandu

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Expedição ao território Kaiowá-Guarani “Cacique Marcos Verón” – Tekoha Nhe’e Ayvu Arandu.

O crescimento econômico na época do mercantilismo estava diretamente ligada à composição de mão-de-obra e capital fixo num determinado "recipiente geográfico", ou território circunscrito pelas fronteiras políticas de um país. Como tal, quanto mais o capital nacional preenchesse o espaço territorial do país com diversificações do capital em vários ramos produtivos específicos unidos pelo mercado, mais opulenta era a nação, menor era a taxa de lucro.
Os país mais opulento era a China: incomparavelmente mais populosa e diversificada no mercado interno, sua contribuição ao PIB mundial ultrapassava e muito todos os países da Europa juntos. O exemplo contrário: as colônias dos Estados Unidos: com muito território e pouca população (branca!!!) contribuíam muito pouco para o PIB nacional, em compensasão a taxa de lucro de cada proprietário de terras era imensa. Os salários para os que cultivassem essas terras eram também muito altos e como resultado, dentro de poucos anos, os trabalhadores largavam sua vida assalariada e iam, eles próprios, em busca de suas próprias terras para explorar a mão de obra de outrem. As colônias ibéricas souberam logo como evitar isto: escravizar de uma vez a mão de obra indígena e posteriormente descobrir o filão de mercado do tráfico negreiro. Aí, o suor indígena tornou-se realmente dispensável e um holocausto étnico tingiu de vermelho o chão desta colônia açucareira.
O massacre indígena é o inconscinte que funda a nossa soberania: recalcado sob as plantations de cana, retorna de forma pulsional a todo momento. É por isso que o Tribunal Popular juntamente com dezenas de outras organizações populares vem convidar a todos para contribuir com a expedição de duas semanas ao território Guarani-Kaiouwá no Mato Grosso do Sul onde nos últimos 8 anos, 250 lideranças populares indígenas foram assassinadas por latifundiários locais em busca de expandir seu agro-negócio por cima dos corpos calejados destes guerreiros milenares.
A expedição pretende mandar 15 profissionais e militantes da luta pela causa indígena para documentar sob a forma escrita e audio-visual a vida e as demandas desta população. Entre elas: – Cobrar para que coloquem o ‘Marco’ nas Terras Indígenas que já têm portaria demarcatória e exigir uma resposta de por que não se fez isso até agora.– Cobrar justiça para os assassinatos dos caciques e líderes indígenas que não prescreveram (250 assassinatos em 8 anos.)– Denunciar as perseguições e as mortes dos professores indígenas(13 mortos em 3 anos), que tem importante papel nessa luta já que são eles que escrevem e relatam a fala dos mais velhos para os trabalhos de identificação das terras tradicionais, entre outras coisas. O total de recursos da expedição é de R$ 36.000,00, conseguimos 16 mil, precisamos de 20 mil reais, até o dia 09 de Janeiro para a realização da expedição. É só entrar no site abaixo, clicar na barrinha verde e doar de R$ 20,00 a R$ 1.000,00 e estará ajudando a realizar essa expedição-denúncia.

http://catarse.me/pt/projects/492-expedicao-ao-territorio-kaiowa-guarani-cacique-marcos-veron-tekoha-nhe-e-ayvu-arandu
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Abraço fraterno,

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012