terça-feira, 23 de junho de 2009

O meu Rorty essencial para “Psi”

Por Paulo Ghiraldelli Jr*

1. Introdução

Richard Rorty nasceu em Nova York em 1930 e faleceu recentemente, em 2007. Sua obra é essencialmente filosófica. Sua formação foi mais em história da filosofia que em filosofia analítica. A formação em filosofia analítica foi posterior, já como professor. Quando publicou A Filosofia e o espelho da natureza (1979), após vários “papers” com relativo êxito e tendo sido o organizador da coleção denominada de Linguistic Turn, ele foi visto ao menos de duas maneiras pelos críticos, na Europa e nos Estados Unidos.

Na Europa, no meio filosófico, ele apareceu como “um filósofo da tradição analítica que estaria rompendo com essa tradição”, mas que, enfim, ainda não teria voltado seus olhos para o que seria o caminho correto – o da “confiança na razão”. Habermas o tomou assim em um primeiro momento.

Nos Estados Unidos, não no meio filosófico (e até mesmo neste meio (!)), Rorty foi visto, no início, como um filósofo que estava fazendo ressurgir o pragmatismo, mas renegando o que Dewey teria de bom, pois estaria cedendo “às loucuras pós-modernas de europeus” ou de “pessoas dos departamentos de letras”.

Ao final da vida essas críticas tinham ficado no passado. Habermas se tornou seu amigo e, de certo modo, alguém que modificou sua própria filosofia pelo diálogo com Rorty. Derrida ganhou uma vida nova na América por conta da leitura de Rorty. A filosofia pragmatista voltou a ser lida no mundo por esforço e genialidade de Rorty.

Sua doutrina foi original e bela e pode ser colocada em torno de três idéias: 1) não é a filosofia que fundamenta a democracia, mas é esta que possibilita a filosofia; 2) se cuidarmos da liberdade, a verdade cuidará de si mesma; 3) se pudermos fazer filosofia, que ela seja para nos fazer criar algo novo de modo que possamos ser no futuro “versões melhores de nós mesmos“, antes que uma disciplina presa a coisas como “quem somos?”.

A primeira questão nos leva a discussões entre metafísica e filosofia social. A segunda nos leva às questões sociais e políticas, mas permite vermos o tema da verdade que é inerente à metafísica, epistemologia e lógica, conforme o que queremos enfocar nesse tema. A terceira questão é a mais útil para o “campo psi”, e é nessa área que Rorty mostra sua modificação da noção de subjetividade. É segundo esta terceira linha que temos o leito do artigo que segue.

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* PGJr é filósofo

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