segunda-feira, 30 de maio de 2011

Los Voladores de Papatla

Não há muito o que falar sobre Los Voladores de Papatla. Na Wikipedia há algumas informações interessantes, mas nada que a imagem disso não fala por si mesma. Tive a felicidade de ve-los en Teotihuacán na chegada da primavera. Foi impressante! Aqui uma de suas apresentações.

domingo, 29 de maio de 2011

Abdias do Nascimento.

(14/03/1924-24/05/2011)
Muito Obrigado!

sábado, 28 de maio de 2011

O Brasil está bem longe do Mexico!

Isso de encontrar o outro em sua casa sem que ele tenha idéia de onde estamos vindo, e não esqueçamos que para ele nós é que somos o outro, pode nos obrigar a esforços que até então nem se quer pensávamos ser necessários. Não urgentemente. Explico.
Com grande frequência me perguntam onde fica o Brasil. Vou me dando conta que nem sempre resolve dizer no “sul da América do Sul”, que está “depois da fronteira com a Guatemala”, que também é "América Latina", etc. Depois do sufoco de dizer onde fica o Brasil, vem o desafio de explicar qual é a língua que a gente fala lá. Algumas vezes me perguntaram se “é como o inglês?”. "Não, tá mais perto é do espanhol mesmo", respondo diante de sua cara de desconfiança.
O que acontece não é a surpresa pela pergunta, afinal, porque alguém precisa saber essas coisas se, entre outras coisas, elas nunca encontraram outro brasileiro, se nunca escutaram português? Como pensar em algo que simplesmente não existiu até aquele momento? Não existe? Sim, com a melhor percepção fenomenológica, até ouvir falar, até surgir, até encontrar, não existe. O mundo existe porque aqui estamos para reconhecê-lo. Sem o Alessandro, o mundo do Alessandro simplesmente não existe. O interessante nesse encontro com o outro, onde você também é absolutamente desconhecido pra ele, vamos sendo confrontado com nossas próprias idéias de quem somos.
Nos estudos das identidades isso é primordial. Quando alguém pergunta quem é você, a interrogação carrega a inquietude de saber quem na verdade nós estamos sendo, quem fomos até ali e o que podemos contar dessa trajetória. Penso então na longa história dos investigadores e viajantes que se colocam o desafio de ir até o outro para conhecê-lo. Entretanto quando fazemos isso, simultaneamente teremos que nos confrontar com a explicação de dizer quem somos. Nossos papéis sociais e nossas máscaras acabam se tornando parte da bagagem. O interessante é que isso vem com uma espécie de prazo de validade. A necessidade de pertencimento, mesmo que temporário pra compartilhar esse encontro, nos obriga a expressões que não podem ser traduzidas. Precisamos aprender novos sentidos e abandonar parte das certezas e verdades que construímos. Afetos escapam das racionalidades usuais. As emoções dos encontros nem sempre são explicadas pela lógica do planejamento. Elas estão além, em terrenos que a única possibilidade é a da entrega. Isso se pretendemos ir adiante.
Vou me dando conta que explicar “quem sou eu”, “de onde venho”, “como somos lá” me obriga a mais que construções linguísticas de pura e simples compreensão para me fazer entender por meu interlocutor. Coisa difícil essa. Não é apenas a história que o outro pensa (des)conhecer, mas o que faço para conhecer a história de quem se interessa pela minha. Como quero que me conheça? Como quero conhecê-lo? Qual possibilidade desse querer ser suficiente? Em parte para responder a isso é a maneira que temos em nós mesmos o comprometimento com o outro no momento do encontro, ou mais detalhadamente, o comprometimento com o próprio encontro. Não construo uma crítica sincera e possível para isso se me ausento. Apenas podemos analisar esse encontro se consideramos nossa própria realidade, nossa história, nossos acúmulos, nossa vida como elemento fundamental daquilo que nos faz estar no mundo. A qualidade da minha percepção sobre mim mesmo é fundamental para me revelar, me desnudar e me fazer conhecer pelo meu interlocutor. Quanto mais sei de mim melhor saberei de quem encontro. O que precisamos reconhecer é que erudição, vocabulário e a racionalidade científica possuem limitações para responder de onde viemos, o que fazemos por lá e quem somos.
Agora quando me perguntam no México onde fica o Brasil, tenho dito que fica ao sul, a mais ou menos 8.000 km de distancia de minha cidade, que seria também mais ou menos 10 horas de voo, ou de carro a 100km/h SEM PARAR para nada são 80 horas, e caminhando SEM PARAR para nada também (como o Forest Gump!) são 67 dias! Ou seja, Brasil está lejos de Mexico!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Essa é a ÚLTIMA semana de Casa do Saci na rua Wanderley, 702

(aguardem mais notícias)

* Não aceitamos cartões *

*5ª, 6ª e sábado a Casa abre a partir das 16h*

Agenda cultural da semana:
27/05 (sexta) – Festa de aniversário com música de S.D.S. - voz, violão e percussão
Das 20h às 23h.
entrada: 8 reais.

28/05 (sábado) – Última apresentação de LOUREIRO & VIANNINHA, cumpadi Adolplho e los benzedores! na rua Wanderley, 702
Das 20h às 22h
Couvert: 8 reais

29/05 (domingo) – FEIJOADA DO X - A PERNA DO SACI
COM CLODÔ BANANEIRA

Das 12h às 19h
Feijoada à vontade + música ao vivo: 25 reais

*A Casa do Saci é a sede da Associação Vida em Ação, mantenedora dos projetos: Bar Saci, Livraria Louca Sabedoria e Loja de diversos projetos da saúde mental e economia solidária.*
-
Bar Saci
http://barsaci.wordpress.com

Em breve.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Laroye!

Quem não sabe pra onde vai, melhor voltar de onde veio.
Provérbio Iorubá
O que a memória ama, fica eterno.

Te amo com a memória, imperecível.
Adélia Prado

“FELA. Esta vida puta” (biografia autorizada), de Carlos Moore.


Nesta Semana da África
a NANDYALA Editora
preparou um afropresente para você:
“FELA. Esta vida puta”
(biografia autorizada), de Carlos Moore.

http://pic.geocities.com/us/i/geo/ao/hr1.gif

LANÇAMENTOS NACIONAIS

01 a 30 de junho de 2011

João Pessoa
Recife
Salvador
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
São Paulo
Porto Alegre

Para saber sobre o lançamento em sua Cidade, entre em contato: atendimento@nandyalalivros.com.br

Prefácio:
Gilberto Gil

Depoimentos de:

Stevie Wonder, Lázaro Ramos, Zezé Motta, Chico César, Paulo Lins, Sueli Carneiro, Carlinhos Brown, Nei Lopes, Seun Anikulapo-Kuti, Yeni Anikulapo-Kuti, Femi nikulapo-Kuti, Robert Farris Thompson, Margaret Busby, Lindsay Barrett e
Hugh Masekela

FELA. Esta vida puta Biografia Autor: Carlos Moore

ISBN: 978-85-61191-46-7
NANDYALA Editora
344 páginas
Preço: R$38,00

Preço especial de lançamento: R$35,00

Reserve seu Exemplar
o quanto antes:
atendimento@nandyalalivros.com.br
tel.: 31-3281-5894


Esta vida puta é a incrível história da vida tumultuosa, provocadora, exuberante do músico e ativista político nigeriano Fela Kuti, contada em grande parte em suas próprias palavras. Sua música hipnótica, suas apresentações vulcânicas e seu estilo de vida provocador, renderam a ele uma enorme legião de seguidores em todo o mundo. Mas também lhe infligiram experiências terríveis: várias prisões em condições degradantes, constantes batidas policiais, um brutal ataque por toda uma brigada militar seguida pela queima de sua residência comunal e a destruição total de seus bens.

Ainda assim, Fela alcançou fama internacional em uma onda de controvérsias e de uma postura política intransigente em favor dos despossuídos. Mas como ele era realmente, este homem que podia tão facilmente despertar a hostilidade violenta das elites governantes africanas quanto à lealdade inabalável dos oprimidos de todo um continente e mesmo além dele? Fela foi um corajoso pan-africanista que enfrentou diversas forças de opressão com o poder de sua música transformadora imortal.

Não temeu ofender os poderosos nem vacilou em defender os oprimidos. Denunciou o racismo e a alienação cultural como sendo tão maléficos quanto o imperialismo econômico e político. Esta biografia exclusiva é uma jornada comovente através da sua sofrida alma. E, pela primeira vez em livro, suas esposas também se expressam sobre elas e sobre ele.

Autenticada pelo próprio Fela como sendo o retrato fiel de sua verdadeira cara, Esta vida puta é reconhecida por todos como a fonte primária incontornável sobre Fela. Biografia que choca, incomoda ou inspira, ela se torna tão imortal quanto seu sujeito. Muitas obras serão consagradas a Fela Kuti nos tempos que virão. Porém, podemos ter uma certeza: Esta vida puta se manterá inabalável como o único relato que é o reflexo genuíno de sua vida extraordinária e tão fora do comum, elaborado por Carlos Moore e autorizado pelo próprio Fela.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Porque eu amo o México cada vez mais!

La Banda Region Mixe de Tlahuitoltepec é exatamente de onde diz ser. Diretamente das montanhas ao nordeste de Oaxaca, Distrito Mixe de Tlahuitoltepec, ou apenas como dizem por lá, Tlahui. São todos originários dessa terra que possui uma tradição mexicana fortíssima no uso dos metais. Simplesmente contagiante e maravilhoso!

Democracia Real: Espanha acordando.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Observação participante: Santo Domingo, Oaxaca, México.







"A observação participante, que muitas vezes é também designada por trabalho de campo, caracteriza-se pela “inserção do observador no grupo observado. Se o investigador apenas se integra no grupo a partir do momento em que se inicia o processo de investigação, falamos de observação-participação. É a situação do etnólogo que vai viver uns tempos com a tribo que vai estudar.

Se, pelo contrário, o observador faz parte integrante de um grupo e aproveita essa situação para o observar, estamos numa situação de participação-observação. É o caso do professor de Sociologia que investiga na escola onde exerce a docência. [Ou do crente religioso que aproveita o seu convívio com outros crentes e a sua participação em actividades religiosas para estudar o fenómeno religioso.]

A observação-participação tanto pode ser uma participação distanciada e ligeira (caso de uma reportagem sobre uma conferência ou sobre outra qualquer prática social; ou da observação presencial de aulas), como uma participação mais profunda e mais integrada (como é o caso dos etnólogos que, ao estudarem sociedades primitivas, nelas se integram durante meses). Na participação-observação há a dificuldade acrescida da pertença íntima ao grupo social condicionar bastante a objectividade necessária ao processo investigativo.”

José Vargas, Sociologia, Porto Editora, 2002, pp. 119-120.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mèxico em luta: a marcha da cor do sangue.

http://municipioautonomodesanjuancopala.wordpress.com/

18 de maio: dia da luta antimanicomial

"Para ser louco não é necessário ou obrigatório estar doente, embora em nossa cultura as duas categorias se confundam."

R. Lang

terça-feira, 17 de maio de 2011

III Prêmio “CARRANO” de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos

Gato Seco – Nos Telhados da Loucura & Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima

Apresentam




Dia 27 de maio completam-se três anos da morte de Austregésilo Carrano Bueno, dramaturgo, militante da luta antimanicomial e autor do livro “Canto dos Malditos”. Carrano se destacou como o principal militante pela Luta Antimanicomial em nosso país. Eleito em congresso na cidade de Xerém-RJ, atuou nos últimos anos como representante dos usuários na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, chegando a receber, em 2003, uma homenagem das mãos do presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por seu empenho na Reforma Psiquiátrica. Além das torturas sofridas nos “chiqueiros psiquiátricos”, como dizia, Carrano sofreu vários processos judiciais por sua militância, principalmente por parte dos familiares dos médicos responsáveis pelos “tratamentos” recebidos nas passagens pelos locais onde foi internado, confinado e torturado, ele escreveu o seu drama no livro “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de sete cabeças”, dirigido por Lais Bodanzky, o filme mais premiado do cinema brasileiro que, junto com o livro revolucionou a história da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Carrano nunca desistiu de seus ideais e continuou militando até seus últimos dias no Movimento da Luta antimanicomial, mesmo com a saúde debilitada e condições financeiras precárias, em 18 de maio de 2008, participou do Dia Nacional de Luta Antimanicomial em Belo Horizonte , vindo há falecer dias depois.

Vejam vídeos com depoimentos do Carrano:

http://www.youtube.com/watch?v=bElqEmQhpBU

http://www.youtube.com/watch?v=22Ai29O1qIo&feature=related

Neste depoimento Carano faz a leitura de seu poema “Sequelas... e... Sequelas” de abertura do livro “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de sete cabeças” (o texto do poema está ao final deste release).

O Prêmio - Para que a sua voz não se cale e seu nome continue vivo não só no Movimento de Luta Antimanicomial, como nos direitos da humanidade em geral, criamos em 2009, o Prêmio CARRANO de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos, que tem como o objetivo dar continuidade a sua luta por uma mudança nas condições de tratamento de pessoas em sofrimento mental, fazendo valer a Lei nº 10.216/2001 da reforma Psiquiátrica no Brasil, da qual foi um dos defensores e críticos. O prêmio é entregue anualmente a pessoas e instituições de ações e atitudes importantes nestas áreas, mas principalmente, denunciar quaisquer violações dos Direitos Humanos, especialmente no que se refere às pessoas nas condições de sofrimento mental. No lançamento do prêmio, premiamos Carlos Eduardo Ferreira, mas conhecido como Maicon, usuário e militante da Luta, que esteve em vários momentos ao lado de Carrano, que também foi entregue a família de Carrano.

A entrega do III Prêmio Carrano será na semana do dia nacional de Luta Antimanicomial, dia 21 de maio (próximo a data de nascimento de Carrano, 15 de maio de 1957) que conta com o apoio do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Movimento Nacional e Fórum Paulista de Luta Antimanicomial e militantes do movimento. Em 2009 criamos o coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura, que tem o papel da organização do Prêmio. O coletivo é formado por Edson Lima coordenador do projeto O Autor na Praça, Erton Moraes escritor, compositor e músico do Movimento TrokaosLixo, , Lobão, integrante do Movimento 1daSul e Sarau do Cooperifa agitador e grande amigo de Carrano, a escritora e produtora Paloma Kliss do Literatura Nômade, a psicóloga Patrícia Villas-Bôas, a poeta Tula Pilar, o músico e compositor Léo Dumont e outros amigos de Carrano. Trata-se de um grupo aberto que esta a disposição de pessoas e instituições que quiserem participar e colaborar com esta iniciativa. Além da entrega do prêmio haverá exibições de documentários, alguns depoimentos e leituras de texto sobre a Luta Antimanicomial e Direitos Humanos, no final do evento teremos uma apresentação musical com Erton Morais e integrantes da Banda Mokó de Sukata e do músico e compositor Léo Dumont. Estarão disponíveis os dois últimos livros lançados por Carrano em parceria com o selo editorial O Autor na Praça com textos de teatro: “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”.


Veja um vídeo com o pronunciamento do Senador Eduardo Suplicy sobre o Prêmio em 2010:

http://www.youtube.com/watch?v=XafXh0_Idlg.

Para receber o prêmio este ano estão confirmados os nomes:
1.Alan da Rosa (Escritor, pedagogo e editor. Organiza cursos de arte-educação e cultura negra nas periferias de São Paulo).
2.Carlos Costa “Carlão” (ator de teatro, historiador do samba e do carnaval. É fundador e presidente da Banda Redonda).
3.Clara Charf (Companheira de Carlos Marighella, lutou ativamente contra a ditadura militar, é presidente da Associação Mulheres pela Paz).
4.Dom Paulo Evaristo Arns que será representado por Paulo Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo.
5.Paulo César Sampaio – Psiquiatra, foi diretor do hospital de custódia de Franco da Rocha, durante 4 anos, onde desenvolveu o projeto Desinternação Progressiva. Organizou o projeto Alcoolistas autores de violências nas praças de Embu das Artes. Em 2010 Tratamento de usuários de múltiplas drogas dentro do Manicômio judiciário de Franco da Rocha. É ativista atuante em ações e atividades pela Luta Antimanicomial no Brasil.
6.Gegê (Luiz Gonzaga da Silva, integrante do Comitê “Lutar não é crime” e dos Movimento dos Trabalhadores Sem Teto da cidade de São Paulo).
7.José Ibrahim (Líder Sindical, militante contra a Ditadura Militar, foi preso e exilado político. É um dos fundadores do Instituto Zequinha Barreto e militante constante dos Direitos Humanos).
8.Lais Bodanzky (Cineasta e diretora do filme “Bicho de sete cabeças”)9.Maria Amélia Teles “Amélinha” (Militante feminista dos Direitos Humanos e integrante da Comissão de Familiares de mortos e desaparecidos políticos).
10.Raquel Trindade - Artista Plástica, pesquisadora da cultura Popular e fundadora do Teatro Popular Solano Trindade em Embu das Artes).
11.Sonia Rainho - Militante de movimentos sociais desde os anos 1970. É fundadora do Centro de Cooperação por moradia popular 1º Maio na cidade de Osasco e hoje é responsável pela Coordenadoria da mulher e promoção da igualdade Racial na prefeitura de Osasco.
12.Tia Dag - Casa do Zezinho – Fundadora e presidente da Casa do Zezinho.
13.Z’África Brasil representado por Gaspar (Grupo de Hip Hop da zona sul da cidade de São Paulo, com sua ideologia contribuem em causas sociais e de igualdade racial).

Serviço:

Entrega do III Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos

Data: dia 21 de maio de 2011, sábado, a partir das 19h.

Local: Auditório da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima – Pinheiros – SP – Tel. 3082 5023

Realização: coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura

Apoio: O Autor na Praça, Movimento Trokaoslixo, Fórum Paulista de Luta Antimanicomial, Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, CRP-SP, Grupo Tortura Nunca Mais, AEUSP – Associação dos Educadores da USP, CRP-SP Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Max Design, Prefeitura do Município de São Paulo / Departamento de Bibliotecas, Artver e outras entidades e instituições ligadas ao tema.

Em 2010, o II Prêmio Carrano foi entregue paras seguintes pessoas e instituições:

Casa do Saci (Espaço criado e administrado por trabalhadores e trabalhadoras, usuários e técnicos da saúde mental, organizados na Associação Vida em Ação. Saiba mais)

Senador Eduardo Suplicy

Grife Dasdoida (criada pela psiquiatra Julia Catunda, Márcia Pompemayer e usuários do CAPS Itapeva)

Grupo Tortura Nunca Mais

Luciano Santos, advogado e integrante do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral

Magrão, amigo de Carrano

Marcos Abranches, Coreógrafo

Paulo Amarante, Psiquiatra e escritor

Revista Ocas – Organização Civil de Ação Social (Maria Alice Vassimon)

Sebastião Nicomedes, escritor e coordenador de oficina na Casa Restaura-me de apoio a pessoas em situação de rua.

Toninho Rodrigues, diretor e ator de teatro

Xico Sá, jornalista e escritor.

Pequena biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO - Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de Sete Cabeças” e “Textos – Teatro – Seis peças para Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92, foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha batido a portas de algumas editoras. Em parceria com o selo O Autor na Praça, publicou em 2007, dois livros de textos para Teatro: Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti, com a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma nova edição de “Cantos dos Malditos” e seu novo romance “Filhas da Noite”, ainda não publicado.

Carrano foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro. Homenageado pelo Ministério da Saúde

O livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky, recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios conquistados. O trabalho de Carrano foi reconhecido nacional e internacionalmente, envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Como ele exigia e defendia: “Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar, é Torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades e serem pagas indenizações as Vítimas”.

“(...) Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos fdicará com essa incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que leve o resto da minha vida ” (Texto de Carrano no posfácio da última edição do livro Canto dos Malditos)

SINOPSE do livro Canto dos Malditos - História real do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas, e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador, estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. Sobreviveu a 21 aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts aplicados nas temporas. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios.

Homenageado pelo Presidente da República Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de maio de 2003, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica, que está sendo construída em todo o Brasil; Porém, todo esse empenho e reconhecimento, têm-lhe cobrado um grande preço, na sua terra natal. Em Curitiba, um Lobby de Psiquiatras, contrários às ideologias de Carrano, e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, são eles, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Esses Empresários da Loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes, lançou a 1ª edição do livro em 1990, pela Scientia et Labor, Editora da Universidade Federal do Paraná. Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras. Só voltando a ser publicado em 1991, pela Editora Lemos, de São Paulo, Carrano comprava a edição e a vendia em seminários, palestras, feiras culturais, entre elas uma em um Shopping da cidade, por onde chegou as mãos da diretora do filme Laís Bodanszky. Chegou a publicar e bancar sete edições do livro sem ser vendido em livrarias.

Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro. Até sua morte em maio 2008, uma de suas rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exige que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos que foi torturado. As Perseguições judiciais que recebia, eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ongs nacionais e internacionais de Direitos Humanos. O livro “Canto dos Malditos” foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional, em abril de 2002. Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi vítima. Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica. Julgado pelo Judiciário Paranaense, de Vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros. Pagou o preço por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber Psiquiátrico!”.

Tentaram o calar a todo custo. Foi sem dúvidas um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causa no Brasil. Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado na liberação do seu livro “Canto dos Malditos” , depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as livrarias brasileiras, não contou com nenhum apoio da editora da época. “Canto dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar. Voltou às livrarias em setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo “Indenizações” imediatas às Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro... A Luta pelos Direitos Sociais de nós “Vítimas Psiquiátricas”, está apenas começando, agora que a cobra vai fumar!... Afirmava Carrano.

Sequelas... e... Sequelas

Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.

Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agonizante. Horas, minutos, segundos são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram a muito tempo, a muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É Ser condenado a morte várias vezes.

Quem disse que só se morre uma vez?

Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada a respiração não é... é introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta, rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado... escuto parte de meu gemido.

Quem disse que só se morre uma vez?

(Austregésilo Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado – aplicação da eletroconvulsoterapia). Veja vídeo do Carrano declamando o poema:

http://www.youtube.com/watch?v=bElqEmQhpBU

Vou ver Juliana

de Nana Caymmi

Quando a mare vazá
Vou vê juliana
Vou vê juliana ê
Vou vê juliana

Severista qué o dinheiro
Pra podê me atravessar
Eu nao tenho mais dinheiro
Pra pagar pra embarcá
Como eu nao tenho dinheiro
O remedio é esperar
Bate palma, palma, palma
Bate pé, pé, pé
Carangueijo so é peixe
Na vazante da maré
É melhor esperá sentado
Do que esperá em pé
Pra vê, pra vê juliana

A marcha da cor do sangue.


Em setembro do ano passado integrantes do Município Autonomo de San Juan Copala, Estado de Oaxaca, México, foram expulsos de sua comunidade por grupos paramilitares do MULT-PUP e UBSORT-PRI, que sao financiados pelo Estado através dos partidos políticos, com intuito de frustrar o projeto de Autonomia que estava avancando na regiao triqui baixa em Oaxaca. Esses grupos ilharam durante vários meses a comunidade para que nao passasse alimentos e nem água, e com a presenca de francoatiradores dispararam contra os moradores, nao importando se eram criancas, mulheres ou idosos. Desde o início desse período que vai de novembro de 2009 até hoje foram 30 assassinatos, 15 mulheres estupradas, mas de 30 criancas ficaram orfas e o governo a nível federal e estadual nao tomaram nenhuma providencia. Por essa razao ocorrerá no dia 23 de maio "A marcha da cor do sangue", "La marcha del color de la sangre" que sairá da cidade de Oaxaca em direcao a Cidade do México.

Para mais informacoes visite http://municipioautonomodesanjuancopala.wordpress.com/

Em breve outras informacoes.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pensar as autonomias



Aconteceu no dia 12 de maio na Universidade Nacional Autonoma do México, Cidade do México, o lançamento do livro PENSAR LAS AUTONOMIAS. Feito por Bajo Tierra Ediciones foi elaborado e organizado pelo Coletivo Jovens em Resistência Alternativa.

Como eles mesmos definem, essa é uma modesta contribuição as reflexões e formas de fazer política pela autonomia. Esse mesmo grupo foi responsável por materiais como o livro de John Holloway “Mudar o mundo sem tomar o poder”, também de Raul Zibechi “Autonomias e emancipaciones – America Latina em movimiento”, e de Raquel Guitiérrez Aguillar “Los ritmos del Pachakuti”, entre outros.

Além de pessoas desse coletivo estiveram presentes e contribuiram com pertinentes questões sobre a autonomia, Luis Hernandez Navarro, Raquél Gutiérrez Aguilar, Benjamim Arditi e Raúl Zibechi (video conferência). Talvez se podemos dizer que existiu um eixo norteador de suas reflexões foi o fato de considerar a autonomia não como mais uma ideologia, mas como um processo sempre inacabado. A autonomia como estratégia. Um modo de considerar o fazer político em alternativa a hegemonia dos partidos e da ideia de tomar o poder estatal e as alianças com o capital para mudanças sociais. A autonomia entendida como uma categoria também relacional e como maneira de situar a luta política.

Pensar as autonomias, oferece trabalhos dentro de uma questão dinâmica e que não pretende responder em definitivo o que e como fazer para superar o capitalismo e o Estado. Trata de discutir a relação entre autonomia e emancipação em uma visão favorável a liberdade e a igualdade, não derrotista e não pessimista. É uma reflexão histórica, mas também contemporanea sobre o impossível e as possibilidades de potência e liberdade nos processos de lutas coletivas, sem desconsiderar o indivíduo, principalmente latinoamericanas. Encara também com honestidade suas limitações e contradições.

Possui um total de 14 artigos, praticamente inéditos, que se dividem em três partes. “O longo caminho das autonomias” oferece um agrupamento para uma panorama histórico das lutas sociais e perspectivas que buscaram e buscam alternativas nas lutas anticapitalistas e que não pretendem a tomada do Estado para essa transformação. “Antagonismos e contradições nas autonomias” caminha por uma análise das questões internas, de desafios e construções conceituais sobre a autonomia. “Mais adiante do capital e do Estado”, reflete sobre o impossível, as utopias do cotidiano, a autodeterminação e a insubordinação referentes a autonomia. São trabalhos que a todo instante lidam com a autonomia como uma forma de fazer política, a autonomia como diversidade, potência e possibilidade, a autonomia com prefiguração e a autonomia como horizonte emancipatório. São pensadores e ativistas de diferentes partes e como distintas atuações. Participam desse projeto Massimo Modonesi, Claudio Albetani, Francisco Lópes Bárcenas, Gilberto López y Rivas, Gustavo Esteva, Mabel Thwaites, Ezequiel Adamovsky, Raúl Zibechi, Hernán Ouviña, Benjamin Arditi, John Holloway, Sergio Tischler, Raquel Gutiérrez e Ana Esther Ceceña.

São temas atuais e que devem interessar a todos aqueles que buscam alternativas ao capitalismo e ao Estado e se debruçam sobre essas possibilidades de um outro mundo.

Podem entrar em contato por bajotierraediciones@gmail.com ou www.espora.org/jra

Abaixo segue o discurso de abertura (traduzido para o português) realizado durante o lançamento dessa “caixa de ferramentas críticas”.
------------------------------------------------------------------------
Razões para a autonomia
jóvenes en resistencia alternativa

Tradução de Alessandro Campos

Partimos da ideia de que é urgente pensar os caminhos contra e para depois do capitalismo; temos como premissa a urgência social e planetária frente ao ecocídio e a barbárie representada no sistema de guerra, do poder e do dinheiro em que vivemos. Em meio ao desastre global, nos últimos 20 anos tem surgido numerosas e diversas experiências de base, de autogestão, auto-regulação e auto-organização social da vida. Mesmo que as coletividade dos subalternos e subjulagados as chamem de muitas formas, em algumas ocasiões as definem como autonomias.

Esta forma de organização e ação social, como estratégia de mudança e emancipação, assim como forma de fazer política e como possibilidade embrionária de um mundo pós-capitalista, tem se confrontado em ocasiões polarizadas com a via canónica e dominante da mudança social: a organização em forma de partido, a tomado de poder e a reorganização social apartir do Estado.

Frente a conhecida tensão, todas e todos como jovens em resistência alternativa, definimos e escolhemos as autonomias devido a três razões.

A primeira delas mantém a tesi de que através dos partidos políticos dominantes como forma de realizar mudanças, é sustentar uma estratégia de imobilidade, inação e heteronomia; é deixar passar a profunda crise da representação e fazer pouco caso da crise do próprio Estado que não é apenas produto do neoliberalismo. Sustentar a via partidária hoje não pode ser, nem mesmo se quer, realista no sentido pragmático, e nos condena a fazer uma política de espectadores, a observar uma política pertencente a outros, a deles, a dos que estão acima. Sustentar a via partidária significa de fato centrar nossa atenção e nossa energia no que eles dizem, fazem ou não fazem de suas ideias, de suas alianças, suas opiniões e seus debates, se cuidam apenas do próprio umbigo ou se é pura verborragia. Nós frente a essa política dizemos NÃO. Não queremos orbitar e nem queremos depender da política deles, definida por eles.

Queremos uma política que nos faça sujeitos, que faça dos subjulgados sujeitos políticos, que questione as relações de dominação e exploração desde abaixo. Que não espere e sim atue, que não delegue e sim organize, que não se deixe guiar e sim que construa o próprio caminho. Por isso dizemos que a autonomia é uma forma de fazer política. Não é que pensamos que a classe política e o Estado sejam irrelevantes, mas sabemos com certeza que para eles, nós sim somos. Na autonomia como forma de fazer política ou se considera a constituição de novos sujeitos coletivos ou ainda teremos a dependência e a heteronomia das classes dominantes. Nós optamos pela autonomia.

A segunda razão pela qual sentimos afinidade a uma política de autodeterminação e autonomia se refere aos supostos limites da estratégia de mudança social, da revolução e a tomada do poder.

Hoje a estratégia insurrecionista parece não estar na moda. Apesar de que os levantamentos populares da Bolivia, Equador e Argentina falaram nesta década com a linguagem da rebeldia, da desobediência generalizada e cujo poder destituinte abriu e conduziu o caminho direta ou indiretamente para os Kirschnner, Correa e Morales. Hoje a estratégia insurrecionista não está na moda ainda que seja através dela que se rompa e desarticulam as ditaduras do Egito e Tunísia com a insurgencia civíl. Hoje está na moda tomar o poder através da democracia liberal representativa. Democracias que se bem sabe – ao menos na América Latina – custaram sangue, mortos e anos de luta, e que hoje se apresentam a nós como visão hegemônica da política, e do político como única forma de mudança social. Sustentar essa via, assim, secamente, sem matices e nem visão crítica, nada diz das profundas contradições da esquerda partidária e institucional e da democracia representativa.

Cala-se sobre as alianças da esquerda em todo o continente com o capital imobiliário e turístico que despeja vizinhos e comunidades do único bem que possuem em nome do mal chamado desenvolvimento; se cala frente as alianças da esquerda partidária pelo poder com a agroindustria, com a soja transgênica, com os produtores de etanol, supostamente justificados por sua utilidade para atrair capitais, mas que deixa uma esteira de destruição e devastação ambiental. Guarda-se cumplice silêncio com as esquerdas partidárias cujos níveis de corrupção e clientelismo são escandalosos. Nada se diz dos governos aliados ao capital extrativo que ao levarem o petróleo ou o ouro deixam somente morte e destruição as comunidades e seus povos.

Como a via insurrecionista não está na moda ou que tenhamos que esperar ciclos centenários por ela, nos dizem que o que resta – sem dúvida – é aceitar o que há, o caminho menos pior: aceitar a esquerda corrupta e sua perversa aliança com o capital para governar. Não há o que fazer, temos que aceitar a política como a arte do possível, parafraseando um dos assuntos desenvolvidos por Benjamín Arditi aqui presente no livro que hoje apresentamos.

Todas e todos novamente dizemos que NÃO. Necessitamos uma estratégia de luta que não está derrotada antes de começar. Uma estratégia que se fundamenta no horizonte pelo qual lutamos, sem separar os meios dos fins. Uma estratatégia que não se acomode ao possível, cuja definição e alcance sempre é ideológica, que não se conforme, que não se asfixie em si mesma, que não seja fatalmente pragmática, ou que submeta a mudança a um futuro incerto. Uma estratégia de luta que não apenas está baseada na eficácia das maiorias votantes, e menos ainda nos frios manejos das manobras para favorecer essa maioria e sua hegemonia.

Uma estratégia de luta que privilegia a auto-organização como ferramenta de libertação, que experimenta a auto-regulação como gestão coletiva do comum, que constrói auto-determinação desde abaixo para daí construir emancipação. Que privilegia a ação direta dos subalternos, que experimenta sua libertação cotidiana nos interstícios, na periferia da política dominante, onde não sem contradições, existe a possibilidade de impôr relações sociais alternativas ao mercado e também ao Estado. Não é que acreditamos que somente deste lugar, dos pequenos espaços sociais, se farão as mudanças maiores; tão pouco é que apostamos somente no pequeno e no local; menos ainda é uma vocação para a marginalidade que nos move. O que mais ou menos intuimos, sem dúvida, é que nenhuma luta por liberdade e emancipação trará frutos se não partir desses espaços e da auto-determinação dos subjulgados. Nenhuma luta e política alternativa para superar o capitalismo será possível se não mudarmos a nós mesmos para mudar o mundo, caso contrário surgem coletividades e uma humanidade distinta; e que seja digna e autonoma simultaneamente ao processo antagônico de luta, coincidindo com projetos que tem realizado Raquel Gutiérrez em vários de seus trabalhos.

Isso nos leva a última razão pela escolha das autonomias e a importância dessas experiências sociais desde abaixo que se constroem por todo o mundo e com especial profundidade e radicalidade na América Latina. Estas experiências assediadas, contraditórias, presas da repressão ou da cooptação não são apenas a possibilidade de fazer uma política autonoma ou mesmo de ser uma única estratégia de luta social alternativa a dominante. Estas práticas pré-figurativas, embrionárias, incipientes, são talvez as peças soltas de um quebra-cabeça disseminadas por todo mundo para superar o capitalismo.

As práticas autonomas, de auto-regulação e auto-determinação desde abaixo são quem sabe, os fios para tecer um emaranhado social pós-capitalista. Cada fio de maneira separada aparentemente é uma alternativa local e focalizada; mas se as reunirmos podem ser um sistema alternativo democrático de gestão coletiva, de redes de produção, criação e autogestão da vida e dos mecanismos organizados de gestão dos bens comuns. Sinaliza desde sua particularidade um programa de programas, um sistema de alternativas. Todas estas práticas entrelaçadas indicam possivelmente a forma, funcionamento, organização, mecanismos, dispositivos e modos de relação social de um possível sistema pós-capitalista.

Estas autonomias são pré-figurativas: vislubram e praticam hoje as formas que substituirão as relações de domínio e exploração. Critica a estratégia de mudança social que se retarda para o amanhã – depois da tomada do poder – e radicaliza a estratégia de REVOLUÇÃO HOJE, considerando que é desde agora que funcionam e podem operar relações humanas alternativas fora da lógica estatal e do capital, formas que pré-figuram desde já um outro mundo.

Estas autonomias são nosso horizonte emancipatório: aquilo que permite discutir e imaginar apartir das práticas e potências existentes hoje uma mudança radical das formas de produção, distribuição e consumo, assim como uma mudança radical das formas de tomar decisões sobre o comum. Que permite visualizar um mundo de redes de coletividades autorreguladas, um tecido de autodeterminações, federações de autonomias livres do capital em relação simbiótica com o mundo não humano, mas também livres das formas de dominação, opressão, centralização, homogeneização e monopolização estatais.

Sustentamos que mais adiante das posições sobre os ritmos, situações, particularidades e diversidades das formas de mudança social, estas experimentações da reorganização social devem se construir, se multiplicar, se fortalecer e se entrelaçar antes da tomada do poder, seja através da via inssurrecionista ou eleitoral, e devem ser a base de uma gestão coletiva alternativa generalizada, independente de tomar ou não o poder.

Em resumo, a autonomia como forma de fazer política, como estratégia de luta e como horizonte emancipatório são três elementos coordenados de nossa própria definição de fazer política.

Por essas três intuições e definições é que surge PENSAR AS AUTONOMIAS. Porque temos mais dúvidas e perguntas que certezas. Temos muitas perguntas sobre estes processos sociais chamados autonomias. Como fazer para que durem? Como fazer para que cresça? Como fazer para não sucumbir e desintegrar frente a erosão do mercado? Como fazer para que sobrevivam frente ao controle, cooptação e repressão do Estado? Como fazer para que não sejam apenas experiências focalizadas e sim alternativas generalizadas? Como enfrentar suas contradições e seus limites? Como articulá-las entre si? Como lutar desde abaixo, partindo do local, do diverso e do múltiplo contra as formas centrais, hegemônicas e dominantes do Estado e do capital?

Resolver esses nós e muitos outros (como os denomina Ana Esther Ceceña em seu artigo) é uma tarefa titanica. PENSAR AS AUTONOMIAS é apenas uma pequena e modesta contribuição baseada em três eixos de novas perguntas: o que tem pensado os teóricos e as lutas sociais sobre a autonomia como potência, possibilidade e horizonte emancipatório no passado? O que se reflexiona hoje sobre os limites e contradições dessas autonomias em funcionamento? O que se elabora e reflete sobre as possíveis saídas do capitalismo?

Para nós, as autonomias são somente possibilidades abertas. Uma potência para construir um outro mundo que dizemos ser possível. PENSAR AS AUTONOMIAS nasceu para nos preencher de possibilidades, de potências, de alternativas e em especial de novas perguntas. A luta por liberdade e emancipação estará sempre repleta delas. Pensar as autonomias é apenas uma caixa de ferramentas para pensar esse outro mundo pelo qual lutamos, aqui, agora e sempre.

Muito obrigado.
jóvenes en resistencia alternativa
Maio de 2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

La Marcha del Silencio grita "Estamos hasta la madre" en Jovel.

Por CMI Chiapas

"No estamos aquí para hablar de nuestros dolores, nuestras luchas, nuestros sueños, nuestra vida o nuestra muerte. No estamos para señalar caminos, decir que sigue. Venimos representantando a centenares de miles de zapatistas para decir a ese su digno paso silencioso que su demanda de justicia, nosotros los zapatistas la comprendemos y apoyamos. Respondemos a su llamado que es el llamado de los que luchan por la vida, mientras el Mal Gobierno responde con la muerte".

Con estas palabras el Comandante David hablaba a decenas de miles de personas que se encontraban esta tarde en la Plaza de la Resistencia de San Cristóbal de las Casas, luego de una larga marcha que salió desde las instalaciones del CIDECI-Las Casas.

Tras 6 años (la última vez fue en el arranque de La Otra Campaña), las bases de apoyo zapatistas volvieron a marchar tomando las calles de la vieja Jovel. Como dijo David, los y las compañeras de todas las regiones autónomas acudieron al llamado de "los que luchan por la vida", sumándose a la convocatoria de la Marcha Nacional Por la Paz, lanzada por el poeta Javier Sicilia. Así, aunque no pudieron sumarse a la marcha que salió el pasado 5 de mayo de Morelos y llegará mañana domingo a DF, los y las zapatistas, gritaron hoy en silencio "estamos hasta la madre".

Desde muy temprano en la mañana las coloridas redilas con los y las compañeras de los distintos caracoles arribaban a las instalaciones del CIDECI. Un cafecito, un pan, alguna plática, para hacer más llevadera la larga espera mientras la marcha arrancara. Además de las bases de apoyo (se calcula que cerca de 35.000), se dieron cita en CIDECI las organizaciones de la sociedad civil, como Las Abejas de Acteal y los diferentes colectivos de apoyo a l@s pres@s polític@s.

Medios Independientes locales, nacionales e internacionales también se alistaron desde temprano para hacer la cobertura del evento. Hoy fue más difícil hacer entrevistas, era la Marcha del Silencio. Ante las insistentes preguntas de un compa periodista (de dónde vienen? porqué se manifiestan?) un compa del caracol "Caracol Arcoiris de la Esperanza" sólo respondía señalando su pasamontañas con un bordado con el número IV: "Número 4". Hoy la consigna era marchar en silencio, ya hablaban las miles de pancartas y mantas elaboradas para la ocasión en las que podía leerse: "Estamos hasta la madre de la guerra de Calderón", "No más sangre en nuestra tierra mexicana", etc.

La marcha discurrió tranquila, sólo algunos conductores desesperados que pretendían pasar a la brava entre la marcha. Hasta el centro de San Cristóbal, bullicioso estos días por el trasiego de turistas nacionales e internacionales, se mantenía en una extraña calma cuando llegó la cabeza de
la marcha. Visitantes y residentes miraban atónitos el pasar de la multitud silenciosa, leyendo en las pancartas lo que los medios callan.

Cerca de las 5 de la tarde llegaban a la Plaza de la Resistencia los primeros contingentes, abarrotándose ésta cuando todavía la cola de la marcha andaba por San Ramón. Ya que el sol empezaba a caer, y tras romper el silencio con el Himno Nacional y el Himno Zapatista, el comandante David dio lectura al manifiesto, seguido por sus traducciones al tzotzil y tzeltal.

David habló del "cinismo gubernamental" en los casos del incendio de la guardería ABC en Chihuahua, la muerte de dos estudiantes en el Tec de Monterrey en un fuego cruzado y el reciente caso del asesinato del hijo del poeta Sicilia junto a otras seis personas.

"Esta gente (haciendo referencia a la convocatoria de Sicilia) no nos llama a ser parte de una religión, ni votar por un partido, ni a quitar un gobierno para poner otro. Esta gente nos convoca a luchar por la vida, que sólo es posible si hay libertad, paz y justicia. En su alto a la guerra, en su estamos hasta la madre, no están solos ni solas".

El grito "No están solos!! No están solas!!", con las voces en los diferentes idiomas de esta Otra Chiapas, retumbó esta tarde en la Plaza de la Resistencia.

Mais informacoes em CMI Chiapas


Altamente recomendado!



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cidinha da Silva com novo trabalho!

Pela própria Cidinha.

Caríssimas e caríssimos,

Está a caminho da gráfica meu primeiro romance infanto-juvenil, Kuami (Editora Nandyala). É meu quarto livro individual, às vésperas de completar cinco anos de carreira literária. São 12.000 exemplares em circulação. Isso, como vocês podem imaginar, me deixa muito contente. As ilustrações de Kuami são de Josias Marinho. Estão agendados lançamentos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, cuja divulgação espera receber o apoio de vocês. Abaixo, trechos da orelha do livro novo, escrita por Tania Macedo – USP.

“Cidinha da Silva mergulha na prosa mais uma vez e traz uma história que nos encharca de poesia ao nos contar sobre o Sereal, “reino das sereias, próximo à pororoca, onde se misturam olhos apascentados pelo rio e outros famintos de mar”.

Cheio de imaginação, musicalidade, situações engraçadas e a segurança de quem sabe onde vai chegar, Kuami, novo livro da autora é um presente à inteligência dos leitores.

A história nos fala sobre os amigos Kuami, um elefantinho, e Janaína, uma pequena sereia, que percorrem águas, florestas e também os céus, vivendo numerosas aventuras, na procura por Dara, a mãe de Kuami, aprisionada por fazendeiros.

No caminho de sua busca, acabam ensinando muitas coisas a seus leitores, entre as quais o valor da amizade, a força da perserverança e também o amor que pode vencer muitas barreiras. Trata-se, assim, de uma narrativa que será lida com prazer tanto por gente grande como pelos pequeninos, pois se a fantasia e o suspense, sem dúvida, cativarão os jovens leitores e farão com que leiam a história quase sem parar, os adultos encontrarão uma prosa bem elaborada que os deliciará com os achados de linguagem, com a ironia e a sólida construção de personagens.”

Lançamentos

Belo Horizonte: Livraria Nandyala (Av. Do Contorno 6.000, loja 01, Savassi). Dia 20 de maio de 2011, às 19:00. Informações: (31) 32815894

São Paulo: Livraria Suburbano Convicto (Rua 13 de Maio, 70, 2º andar, Bela Vista). Dia 24 de maio de 2011, às 19:00. Informações: (11) 25699151

Rio de Janeiro: Rua Luís Barbosa, 93, Vila Isabel. Dia 04 de junho de 2011, às 15:00. Informações: (21) 30425671

Efun Oguede

”efun oguedê
é confirmação que eu fiz
de que um povo é feito planta
tem que ter sua raiz
…quem não quiser
ver a planta sucumbir
tem que futucar bem fundo
e adubar pra ver florir
povo sem alma
sem querer se conhecer
vai virar fatia fina, menina,
efun oguedê.”

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alguém ou algum lugar?

O livro de Italo Calvino, As Cidades Invisíveis é simplesmente maravilhoso.
Uma analogia clara entre mulheres e cidades.
América Latina. DF. México. Sampa. Brasil.
Como falar de um lugar com seu permanente ar colonial, seus parques encantadores, a música pelos ares, suas roupas coloridas, o ritmo contagiante e seu gosto picante?
Muito melhor falar de uma mulher.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Comemoração da Reforma e Reinauguração


No dia 05/05/20011 - Quinta-Feira - a patir de 19 hs.

Nós, alunos do Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô e o mestre Plínio convidamos à todos os amigos para a comemoração e reinauguração do espaço que passou por uma reforma geral e melhorou para receber à mestre e alunos do mundo todo, com a mesma consideração e carinho de sempre.
Vamos fazer uma comemoração e uma festinha, não é obrigatório, mas quem quiser trazer frutas, bebidas e comes será bem vindo.

Esperamos todos os amigos para muita capoeira, samba, afoxé e muito mais.
Rua Turiassu, 1172 - Perdizes

Organização e Mestre Plinio
C.C.A.A.S.S.

Com os pés na vida real (filosofía e psicanálise)

Tendo os afetos como foco e usando para isso os pensamentos de Nietzsche, Espinosa e teorias psicanalíticas, André Martins diz que a Filosofia só é válida se puder ajudar no dia a dia das pessoas

Patrícia Pereira

A Filosofia só tem valor se for capaz de transformar a vida real. É o que defende André Martins, professor associado da UFRJ, onde leciona nos departamentos de Filosofia e de Medicina Preventiva. Ele une em seus estudos os pensamentos de Nietzsche, Espinosa e teoria psicanalítica para, entre outras coisas, ajudar as pessoas a entender melhor suas vontades e escolhas. O que há em comum entre os três? O enfoque nos afetos. Tanto Nietzsche quanto Espinosa têm como conceito fundamental de suas filosofias, o afeto. Posição que contrariou os pilares da tradição filosófica e os fez serem vistos como malditos. Por outro lado, ter o afeto em foco é algo que os aproxima da Psicanálise. André Martins, doutor em Filosofia pela Université de Nice (1994) e doutor em Teoria Psicanalítica pela UFRJ (2002), se diz antes filósofo, depois psicanalista. Nesta entrevista, ele, que é vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, membro do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e coordenador do Grupo de Pesquisas Spinoza e Nietzsche (SpiN), explica por que acredita que os homens podem ser livres em suas escolhas, desde que estas coincidam com seus afetos.

FILOSOFIA Nietzsche, Espinosa e Psicanálise. Como o senhor chegou a essa união? Como e por que direcionou seus estudos neste sentido?

André Martins Fiz doutorado em Filosofia na França, com o Clément Rosset, que é um grande filósofo e muito irreverente. Cheguei para fazer o doutorado e assistia a todas as aulas dele, que tinham as salas lotadas. Uma das disciplinas foi Teoria Psicanalítica, no curso de Filosofia. Foi aí que comecei a me interessar por Psicanálise, a comprar livros e a ler bastante. Paralelamente a isso, meu interesse sempre foi Nietzsche - também Deleuze e Foucault - e depois Espinosa, que chegou de forma arrasadora na minha vida e me conquistou. São autores que estão pensando o mundo sensível e de alguma forma as reações afetivas. É um tema próximo da Psicanálise. Por me interessar por esses autores, por uma filosofia imanente e não transcendente, por uma filosofia que pensa a vida, acabei me deparando com a questão dos afetos. E, a partir daí, fui também estudar Psicanálise, mas dentro desse percurso individual. Ao chegar ao Brasil, fiz um segundo doutorado em Teoria Psicanalítica e sou membro de sociedades psicanalíticas no Brasil e na França. Aí tudo começou a fazer sentido, a se juntar.

FILOSOFIA Nietzsche e Espinosa foram incompreendidos em vida e tidos como malditos ao longo da história da Filosofia. Além deste perfil em comum, o que mais aproxima esses dois filósofos?

Martins O que os aproxima é o que está na origem do fato de eles terem sido incompreendidos e malditos. As filosofias de um e de outro têm pontos comuns que sempre foram polêmicos, pouco aceitos. O próprio Nietzsche me ajuda a responder a essa pergunta porque, em um cartão-postal que escreveu a um amigo, falou que se reencontra em Espinosa em cinco pontos capitais e também na tendência geral de sua filosofia. Ambos tomam o conhecimento como o mais potente dos afetos. O conhecimento ser visto como um afeto é algo completamente diferente da tradição filosófica. E é dito como sendo o afeto mais potente. O conhecimento, neste caso, tanto para Nietzsche quanto para Espinosa, é o conhecimento não só da realidade como dos próprios afetos. Se conhecemos a maneira como somos afetados, como funcionamos - nossas reações e motivações afetivas -, esse conhecimento é o que mais tem poder sobre os nossos afetos e, portanto, sobre as nossas ações. A tradição filosófica sempre buscou uma verdade a priori, ou seja, uma verdade em si ou formalmente verdadeira. Tanto Espinosa, no século XVII, quanto Nietzsche, no século XIX, tentam mostrar que uma verdade formal não existe. Segundo eles, nós só existimos no mundo sensível, na realidade, então a verdade consiste em conhecer esse mundo no qual a gente se insere e não conhecer uma verdade que seja formalmente impassível ou imutável. Esse é o grande ponto em comum entre eles, a tendência geral da filosofia dos dois que os distingue de toda a história da Filosofia.

FILOSOFIA E quais são os cinco pontos em comum entre os dois enumerados por Nietzsche?

Martins São eles: a não existência do livre-arbítrio; a não existência do mal - e subentende-se, portanto, que não existe também o bem; a não existência de causas finais, ou seja, de que algo existe no mundo porque tem uma finalidade - por exemplo: Deus criou a fruta para alimentar o homem, ou uma dificuldade para que o homem aprenda a superá-la; a não existência do desinteresse - não existe desinteresse, existem ações interessadas interesseiras e ações interessadas não interesseiras, mas sempre existe o interesse e, por fim, o quinto ponto é a negação da ordem moral do mundo: Nietzsche e Espinosa negavam a existência de um sentido moral intrínseco às próprias coisas, aos acontecimentos, à existência. Acho que Nietzsche foi muito feliz em perceber que esses cinco pontos, que são os pilares da tradição filosófica de toda a história da Filosofia, em particular da Modernidade e do Humanismo, são falhos, não existem, são ficções. Nietzsche foi muito preciso em ver que Espinosa já denunciava esses pontos na aurora da Modernidade.

FILOSOFIA Falamos sobre os pontos em comum. E fazendo o oposto, qual seria o maior ponto de atrito e de divergência entre eles?

Martins Diria que a principal diferença é de foco ou de tonalidade. Nietzsche é extremamente passional no jeito de escrever - na vida pessoal nem tanto, era uma pessoa serena, calma, apaziguadora, mas nos textos é muito passional e provocativo: "sou dinamite", "filosofar com o martelo". Espinosa, por oposição, não só no texto quanto na própria filosofia e, ao que parece, razoavelmente na própria vida pessoal, propõe um controle, um domínio sobre as paixões. Vejo que ambos têm filosofias distintas, porém muito próximas em pontos fundamentais. Nietzsche seria uma versão mais passional, mais apaixonada de um fazer filosófico. Espinosa seria uma versão mais sóbria ou racional desse mesmo fundo filosófico.intensificação das paixões alegres e das alegrias ativas. Quando Nietzsche fala do engajamento apaixonado, ele está pensando no que Espinosa chamaria de "paixões alegres". Mas o foco é diferente, Espinosa não está valorizando as paixões alegres, quer dizer, está, mas sem colocar o foco nelas. O objetivo de Espinosa são os afetos ativos, que estão para além das paixões alegres. Digamos, ter as paixões tristes é negativo para os dois, e aí viriam as paixões alegres e os afetos ativos, as alegrias ativas. Nietzsche não dá ênfase aos afetos ativos, embora eles estejam presentes também na filosofia dele. A ênfase que ele dá é - usando os termos de Espinosa - nas paixões alegres.
Nietzsche está sempre fazendo um elogio do engajamento individual da pessoa naquilo que ela faz. Ele preconiza um envolvimento apaixonado na vida, nas coisas que se faz na vida

FILOSOFIA O que seriam essas paixões alegres e tristes de Espinosa?

Martins Em Espinosa, um afeto alegre, que pode ser passivo - uma paixão alegre - ou ativo - que é sempre alegre -, é o afeto que aumenta a nossa potência de agir, de pensar, de estar no mundo, de existir. Esse é o afeto alegre: o que nos impulsiona, o que nos expande. É parecido com Nietzsche, que vai falar de uma "Vontade de Potência", que é uma vontade de expansão. O afeto triste, que é sempre passivo, ou seja, é sempre uma paixão triste, em Espinosa, é o afeto que nos oprime, que nos deprime, que vai contra a nossa potência de agir. Nietzsche vai falar contra o ressentimento, que é um afeto triste. Vai falar contra a submissão, contra seguir a moral do rebanho, contra fazer como todo mundo, que são afetos tristes. Muito embora o uso conceitual seja diferente, eles têm uma afinidade de compreensão do que são afetos. Basta pensar: em Espinosa, o afeto é um conceito central; em Nietzsche, também; e isso é raríssimo na história da Filosofia, que o conceito central de uma filosofia seja o afeto.



FILOSOFIA Afeto é uma palavra de nosso uso corrente, ligada a carinho. O que seria o afeto em Espinosa?

Martins É próximo de sentimento, mas não é exatamente sentimento. Poderíamos dizer que sentimentos são afetos, mas precisamos entender afeto no sentido mais amplo. Somos afetados sempre e inevitavelmente. E esses afetos nos movem, nos motivam, mesmo que não tenhamos consciência disso. Espinosa nos mostra, bem antes da Psicanálise, que são nossos afetos que nos movem, e que a razão não pode modificá-los, a menos que ela se torne uma razão afetiva. Afeto é a reação inevitável a tudo o que nos impressiona, a tudo o que nos marca, a tudo com o qual interagimos. Sofremos afecções e essas afecções, concomitantemente - ao mesmo tempo e não em um segundo momento -, geram afetos. Afetos resultam das interações, não brotam nunca do nada em nós. Em Nietzsche, afeto, no geral, é sinônimo de paixão. Essa paixão pode ser o que Espinosa chama de uma paixão alegre. Nietzsche não faz essa distinção, mas ele está pensando o afeto próximo de paixão e próximo de pulsão - trieb, no original alemão, o mesmo termo que depois Freud vai usar. Nietzsche pensa afeto como um sinônimo de pulsão - o que é muito próximo da ideia de afeto de Espinosa. Enfim, é diferente, mas eles estão em universos conceituais muito próximos.

FILOSOFIA Falando um pouco de liberdade. Para Nietzsche e Espinosa, os homens não seriam livres em suas decisões, mas determinados. Determinados de que forma ou pelo quê?

Martins Não é bem assim. O homem pode ser livre em suas decisões, o problema é que o julgamento do homem é que não é livre de seus afetos. Para entendermos a posição dos filósofos, que neste ponto é a mesma, precisamos entender qual é a tradição à qual eles estão se opondo. A ideia do livre-arbítrio é de que o pensamento do homem, ou sua razão, existe de modo dissociado do corpo, de suas ações, do contexto cultural, histórico, social e de todas as relações humanas. É como se existisse uma razão pura, sem influências disso tudo - que seria, na tradição filosófica, a alma ou uma faculdade da alma. Ela teria o arbítrio, ou seja, o julgamento; julgaria de uma maneira isenta de tudo o que é da ordem da realidade. Esse livre-arbítrio é que é contestado tanto por Espinosa quanto por Nietzsche. Para eles, o livre-arbítrio não existe, é uma ficção. Por mais que a pessoa tente pensar de modo isento - isento da própria maneira de ver o mundo, da própria história de vida -, não é possível.
Espinosa mostra, antes da Psicanálise, que são nossos afetos que nos movem, e que a razão não pode modificá-los, a menos que se torne uma razão afetiva

FILOSOFIA Então a determinação pelos seus afetos seria por essas influências?

Martins O homem pode fazer escolhas livres. Só que essas escolhas não serão livres dos afetos, elas serão relativamente livres no sentido de que ele pode fazer opções, até mesmo racionalmente, mas se optar por algo que vá contra a natureza dele ou contra seus afetos, não vai adiantar nada, pois os seus afetos é que vão prevalecer. Optar por algo que aja sobre seus afetos, isso é o que ele pode fazer.

FILOSOFIA Mas o homem seria livre para decidir contra os afetos?

Martins Isso é o que a gente faz o tempo todo, não é? Vamos pensar em exemplos concretos: a pessoa quer parar de fumar e não consegue, quer emagrecer e não consegue, quer ser só bonzinho e não consegue. Por quê? Porque ela está na ficção do livre-arbítrio. Em outros termos, Espinosa diz que achamos que a vontade é livre, mas a vontade não é livre. Ela depende do corpo. Vivemos em uma cultura que se autoengana e, neste sentido, a história da Filosofia inteira está errada. Como se fosse possível, eficaz ou vantajoso tomar decisões contrárias ao nosso corpo e aos nossos afetos. Ou, para usar um termo de Espinosa, que é também um termo da Psicanálise, contrário ao nosso desejo. Segundo Espinosa, o desejo é a essência do homem. Então, por exemplo, se quero parar de fumar, o que eu posso fazer racionalmente? Pensar quais são as motivações que me levam a fumar, quais são os afetos que me levam a fumar e aí começar a atacar essas motivações e esses afetos e não simplesmente achar que minha vontade é livre e tentar impor essa vontade contra meu desejo humana. Espinosa e Nietzsche batem nesta tecla o tempo todo: não se pode ir contra a natureza humana. Por mais que se acredite e se iluda de que a vontade é livre, a pessoa não vai conseguir ir contra si mesma. E aí vai gerar o quê? Já misturando com a Psicanálise: vai gerar neurose, depressão, a pessoa vai entrar em crise. Não só em respeito à sexualidade como diversas outras coisas. Se estou sem fazer nada em que me sinta realizado, me expandindo, vou ficar deprimido, abatido. Não adianta uma pessoa que está com uma vida infeliz pensar que precisa ter força de vontade. E aí vêm todos os jargões, tanto da religião quanto da autoajuda, quanto da neurolinguística, de ficar repetindo "eu vou aguentar, eu vou aguentar". Você não está tendo o conhecimento como o mais potente dos afetos. Não está tentando entender o que em você faz que esteja infeliz e o que em você lhe motivaria, lhe deixaria mais realizado.

Tentando resumir: tanto para Espinosa quanto para Nietzsche, o homem pode ser livre em suas escolhas, desde que essa liberdade coincida com o afeto dele ou com o conhecimento dos afetos. Nietzsche não usa esses conceitos, de afetos ativos e passivos, paixões alegres para parar de fumar. É preciso dar uma volta. Espinosa diz que a razão, por mais que conheça uma verdade, não tem nenhum efeito contra um afeto mais forte. É preciso que ela seja afetiva para que possa transformar um afeto. Essa chave muda a história da Filosofia inteira e muda a vida de cada um, no dia a dia, conheça-se Filosofia ou não. Se entendermos que somos seres unos, corpo e alma - Espinosa muda o termo: corpo e mente -, como dois aspectos de uma coisa una que nós somos, então temos de prestar mais atenção em nossos afetos e não ficar dando murro em ponta de faca achando que a vontade pode ser livre ou que o nosso arbítrio pode ser livre. Não vamos conseguir algum efeito positivo impondo contra nós algo que não é possível. Em toda história, o que se fez, por exemplo, em relação à sexualidade? É pecado, tem de coibir, até hoje a igreja católica oprime o desejo sexual. Mas isso é da natureza e tristes, mas diz algo muito próximo. A liberdade em Nietzsche é você coincidir com você mesmo, é desejar o seu destino - fica mais vago, mas vai no mesmo sentido.

FILOSOFIA Tanto para Nietzsche quanto para Espinosa, a emoção domina a razão? Por isso os dois foram tão malvistos em um mundo dominado pela racionalidade?

Martins Não dá para dizer exatamente que eles propõem que a emoção domine a razão. Na vida real, normalmente a emoção domina a razão. Para Espinosa, é claro que isso é ruim - e isso ajuda a entender a diferença entre os dois. Para ele, a razão tem de dominar. Só que a razão de Espinosa não é a razão da tradição filosófica, é outra razão, é uma razão afetiva. Poderíamos dizer que tanto para Nietzsche quanto para Espinosa, os afetos dominam a razão. Para Espinosa, a razão deve dominar os afetos passivos, mas a própria razão é um afeto ativo. A razão é um afeto. E, em Nietzsche, a emoção deve dominar a razão, porque ele é um pensador passional. Mas aí entram todos os detalhes do pensamento de Nietzsche em que esse domínio da emoção sobre a razão também se dá junto a um elogio do conhecimento, a um elogio de certa razão. O termo que ele vai usar é de uma Gaia Ciência, de uma razão alegre.

FILOSOFIA Não é uma defesa incondicional dos instintos, de se fazer tudo o que se deseja?

Martins Não é. Nem em Espinosa e nem em Nietzsche. Na tradição filosófica, há uma dicotomia: emoção versus razão. E, de modo geral, permanece no senso comum que Nietzsche - e talvez Espinosa - estaria do lado da emoção contra a razão. Isso é falso, porque eles estão criticando justamente essa dicotomia. Eles estão propondo outra ideia de razão - em Espinosa, uma razão afetiva e, em Nietzsche, uma Gaia Ciência - e outra ideia de emoção, no sentido de uma afetividade que abrange tudo, até a razão. Vai ser um tipo de emoção contra outro tipo de emoção. E o que eles têm como inimigo em comum é a razão tradicional, porque essa razão tradicional é que é fictícia, tanto para Espinosa quanto para Nietzsche. Isso muda o cenário. Eles foram tidos como malditos porque foram mal compreendidos, ou seja, porque se atribuiu a eles um lugar dentro de uma dicotomia que eles criticam. É a partir disso que se considera que tanto um quanto outro, cada um em sua época, propuseram filosofias escandalosas, contra a razão, dentro desta ideia de cada um fazer o que quiser, não existir mais moral. Não existe mesmo, mas existe ética, que é muito melhor. Quer dizer, se não mudamos o quadro conceitual, parece que eles estão propondo algo insustentável, e não é nada disso.

FILOSOFIA Além de filósofo, você é psicanalista. A Filosofia influencia, de alguma forma, seus estudos sobre Psicanálise?

Martins Sou primeiro filósofo e depois psicanalista. Quando vou estudar a Psicanálise, eu, filósofo, que gosto de Nietzsche e Espinosa - ou seja, dois filósofos que pensam o afeto, que pensam o mundo e questões tradicionais da Filosofia com a perspectiva dos afetos - não acredito em dogmas. Não vejo o texto de Freud como se fosse a Bíblia, o Antigo Testamento, e o texto de Lacan como se fosse o Novo Testamento, regidos pelo argumento de autoridade. A Filosofia já passou por isso quando, por exemplo, na Idade Média, os textos de Platão eram incontornáveis e não se podia contestar. Mas houve alguém que contestou, em parte: Aristóteles. É como se Freud fosse Platão e Aristóteles, Lacan. Eu diria que a Psicanálise está teoricamente na Idade Média, quando se prende a fundamentalismos e ortodoxias. Então esse tipo de dogmatismo, com um olhar filosófico, não faz sentido para mim. Por isso valorizo Winnicott, que, a meu ver, é o psicanalista mais aberto teórica e clinicamente. O meu olhar para a Psicanálise é um olhar de autocrítica. Não é um olhar de fora: a Filosofia criticando a Psicanálise. Isso porque eu sou psicanalista também. No outro sentido, a Psicanálise me ajuda a não cair na armadilha de uma Filosofia transcendental, apriorística, ou seja, me ajuda a conseguir ver a Filosofia como algo que está pensando o dia a dia, a realidade, a afetividade, o mundo real, concreto, o mundo sensível. Para mim, ou a Filosofia tem um poder de transformar a vida real ou ela não tem utilidade, a não ser como ferramenta para algo que venha ter algum peso de intervenção na vida. A Filosofia como um saber endógeno, que se retroalimenta e ponto-final, como muitas vezes é vista, para mim não tem valor.

FILOSOFIA Você trabalha com a Filosofia e a Psicanálise na área de Saúde Coletiva, visando a construir uma definição positiva de saúde. De que forma isso se daria? Como Filosofia e Psicanálise podem interferir em Saúde Coletiva?

Martins Oriento dissertações de mestrado e teses de doutorado não só na Filosofia, mas também na Saúde Coletiva da UFRJ. E me dá muito prazer ter orientado trabalhos onde usamos, por exemplo, Espinosa para pensar a questão da obesidade; Deleuze para pensar o alcoolismo entre os trabalhadores da construção civil; Foucault para pensar o psicólogo da Polícia Militar. É um prazer ver o quanto a Filosofia tem a dizer sobre questões práticas do dia a dia da sociedade. E meu trabalho pessoal, na Saúde Coletiva, é a construção de uma definição positiva de saúde. Há uma definição negativa de saúde, que diz: "saúde é a ausência de doença". No meu entender, isso é péssimo. É imaginar - e é, infelizmente, o que vigora - que cuidar da saúde restringe-se a atacar a doença. Uma implicação disso é negligenciar a promoção da saúde e a prevenção que não seja medicamentosa nem cirúrgica. Fortalecer o corpo e o psiquismo de cada um de nós é algo que quase não existe. O médico muitas vezes tem tanto interesse em acabar com a doença que acaba também com o doente. Atacar a doença a qualquer preço pode ser feito em casos extremos, mas tem sido a ordem do dia. Isso gera também, de modo geral, a ideia de que quando se tem uma doença, existe uma peça da máquina do corpo humano que está doente, funcionando mal, então é preciso substituí-la. Não se pensa no corpo humano como um todo. Essa definição negativa de saúde é também um reflexo de uma questão filosófica de se considerar alma e corpo separados, e o corpo como uma máquina.
A Psicanálise me ajuda a não cair na armadilha de uma Filosofia transcendental, a conseguir ver a Filosofia como algo que está pensando o dia a dia

FILOSOFIA Além de ser autor do livro Pulsão de morte? (Ed. UFRJ, 2009) e organizador de O mais potente dos afetos (Martins Fontes, 2009), você está para lançar o livro As ilusões do eu. Já tem data prevista?

Martins Martins Deve ser em maio deste ano. Foi um livro que organizei, com outros dois professores da USP, e que reúne 26 conferências do Segundo Congresso Internacional Espinosa e Nietzsche, realizado em São Paulo, no final de 2009. O tema é a crise da Modernidade e a crítica à ideia de sujeito - sujeito do livre-arbítrio, que determina suas ações a partir de sua própria razão ou da alma. Na apresentação, colocamos como epígrafe uma frase de Freud: "O eu não é mais senhor em sua própria casa". É uma frase que faz ligação com o título do livro e mostra o quanto Espinosa e Nietzsche estão na base não só da Psicanálise, como desse pensamento da afetividade inconsciente. O que eles estão dizendo, em outras palavras, é que nós somos motivados, inconscientemente, por nossos afetos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Arte para o povo!

Meu amigo Dani que deu o toque.

Para quem ainda nao saiba, o "Daggering" è um tipo de danca, popular principalmente no Caribe-Jamaica e simula o ato sexual e violencia domestica.

"pon de floor", que tambem da titulo a cancao è uma espressao que se refere ao "daggering".

No video a arte è bem doida e sèria.

Total pòs geracao Spice Girls-Shakira-Beyonce...

Aqui nao tem estetica padrao todos sao bem vindos a festa!

Total subversao. E qual a critica que podemos ter?A nova cara do pop.

Ironicamente a musica "girls" da Beyonce chupinha a base daqui descaradamente...

ps-sim, aqui tambem estamos preocupados com a arte das massas!