Isso de encontrar o outro em sua casa sem que ele tenha idéia de onde estamos vindo, e não esqueçamos que para ele nós é que somos o outro, pode nos obrigar a esforços que até então nem se quer pensávamos ser necessários. Não urgentemente. Explico.
Com grande frequência me perguntam onde fica o Brasil. Vou me dando conta que nem sempre resolve dizer no “sul da América do Sul”, que está “depois da fronteira com a Guatemala”, que também é "América Latina", etc. Depois do sufoco de dizer onde fica o Brasil, vem o desafio de explicar qual é a língua que a gente fala lá. Algumas vezes me perguntaram se “é como o inglês?”. "Não, tá mais perto é do espanhol mesmo", respondo diante de sua cara de desconfiança.
O que acontece não é a surpresa pela pergunta, afinal, porque alguém precisa saber essas coisas se, entre outras coisas, elas nunca encontraram outro brasileiro, se nunca escutaram português? Como pensar em algo que simplesmente não existiu até aquele momento? Não existe? Sim, com a melhor percepção fenomenológica, até ouvir falar, até surgir, até encontrar, não existe. O mundo existe porque aqui estamos para reconhecê-lo. Sem o Alessandro, o mundo do Alessandro simplesmente não existe. O interessante nesse encontro com o outro, onde você também é absolutamente desconhecido pra ele, vamos sendo confrontado com nossas próprias idéias de quem somos.
Nos estudos das identidades isso é primordial. Quando alguém pergunta quem é você, a interrogação carrega a inquietude de saber quem na verdade nós estamos sendo, quem fomos até ali e o que podemos contar dessa trajetória. Penso então na longa história dos investigadores e viajantes que se colocam o desafio de ir até o outro para conhecê-lo. Entretanto quando fazemos isso, simultaneamente teremos que nos confrontar com a explicação de dizer quem somos. Nossos papéis sociais e nossas máscaras acabam se tornando parte da bagagem. O interessante é que isso vem com uma espécie de prazo de validade. A necessidade de pertencimento, mesmo que temporário pra compartilhar esse encontro, nos obriga a expressões que não podem ser traduzidas. Precisamos aprender novos sentidos e abandonar parte das certezas e verdades que construímos. Afetos escapam das racionalidades usuais. As emoções dos encontros nem sempre são explicadas pela lógica do planejamento. Elas estão além, em terrenos que a única possibilidade é a da entrega. Isso se pretendemos ir adiante.
Vou me dando conta que explicar “quem sou eu”, “de onde venho”, “como somos lá” me obriga a mais que construções linguísticas de pura e simples compreensão para me fazer entender por meu interlocutor. Coisa difícil essa. Não é apenas a história que o outro pensa (des)conhecer, mas o que faço para conhecer a história de quem se interessa pela minha. Como quero que me conheça? Como quero conhecê-lo? Qual possibilidade desse querer ser suficiente? Em parte para responder a isso é a maneira que temos em nós mesmos o comprometimento com o outro no momento do encontro, ou mais detalhadamente, o comprometimento com o próprio encontro. Não construo uma crítica sincera e possível para isso se me ausento. Apenas podemos analisar esse encontro se consideramos nossa própria realidade, nossa história, nossos acúmulos, nossa vida como elemento fundamental daquilo que nos faz estar no mundo. A qualidade da minha percepção sobre mim mesmo é fundamental para me revelar, me desnudar e me fazer conhecer pelo meu interlocutor. Quanto mais sei de mim melhor saberei de quem encontro. O que precisamos reconhecer é que erudição, vocabulário e a racionalidade científica possuem limitações para responder de onde viemos, o que fazemos por lá e quem somos.
Agora quando me perguntam no México onde fica o Brasil, tenho dito que fica ao sul, a mais ou menos 8.000 km de distancia de minha cidade, que seria também mais ou menos 10 horas de voo, ou de carro a 100km/h SEM PARAR para nada são 80 horas, e caminhando SEM PARAR para nada também (como o Forest Gump!) são 67 dias! Ou seja, Brasil está lejos de Mexico!
Com grande frequência me perguntam onde fica o Brasil. Vou me dando conta que nem sempre resolve dizer no “sul da América do Sul”, que está “depois da fronteira com a Guatemala”, que também é "América Latina", etc. Depois do sufoco de dizer onde fica o Brasil, vem o desafio de explicar qual é a língua que a gente fala lá. Algumas vezes me perguntaram se “é como o inglês?”. "Não, tá mais perto é do espanhol mesmo", respondo diante de sua cara de desconfiança.
O que acontece não é a surpresa pela pergunta, afinal, porque alguém precisa saber essas coisas se, entre outras coisas, elas nunca encontraram outro brasileiro, se nunca escutaram português? Como pensar em algo que simplesmente não existiu até aquele momento? Não existe? Sim, com a melhor percepção fenomenológica, até ouvir falar, até surgir, até encontrar, não existe. O mundo existe porque aqui estamos para reconhecê-lo. Sem o Alessandro, o mundo do Alessandro simplesmente não existe. O interessante nesse encontro com o outro, onde você também é absolutamente desconhecido pra ele, vamos sendo confrontado com nossas próprias idéias de quem somos.
Nos estudos das identidades isso é primordial. Quando alguém pergunta quem é você, a interrogação carrega a inquietude de saber quem na verdade nós estamos sendo, quem fomos até ali e o que podemos contar dessa trajetória. Penso então na longa história dos investigadores e viajantes que se colocam o desafio de ir até o outro para conhecê-lo. Entretanto quando fazemos isso, simultaneamente teremos que nos confrontar com a explicação de dizer quem somos. Nossos papéis sociais e nossas máscaras acabam se tornando parte da bagagem. O interessante é que isso vem com uma espécie de prazo de validade. A necessidade de pertencimento, mesmo que temporário pra compartilhar esse encontro, nos obriga a expressões que não podem ser traduzidas. Precisamos aprender novos sentidos e abandonar parte das certezas e verdades que construímos. Afetos escapam das racionalidades usuais. As emoções dos encontros nem sempre são explicadas pela lógica do planejamento. Elas estão além, em terrenos que a única possibilidade é a da entrega. Isso se pretendemos ir adiante.
Vou me dando conta que explicar “quem sou eu”, “de onde venho”, “como somos lá” me obriga a mais que construções linguísticas de pura e simples compreensão para me fazer entender por meu interlocutor. Coisa difícil essa. Não é apenas a história que o outro pensa (des)conhecer, mas o que faço para conhecer a história de quem se interessa pela minha. Como quero que me conheça? Como quero conhecê-lo? Qual possibilidade desse querer ser suficiente? Em parte para responder a isso é a maneira que temos em nós mesmos o comprometimento com o outro no momento do encontro, ou mais detalhadamente, o comprometimento com o próprio encontro. Não construo uma crítica sincera e possível para isso se me ausento. Apenas podemos analisar esse encontro se consideramos nossa própria realidade, nossa história, nossos acúmulos, nossa vida como elemento fundamental daquilo que nos faz estar no mundo. A qualidade da minha percepção sobre mim mesmo é fundamental para me revelar, me desnudar e me fazer conhecer pelo meu interlocutor. Quanto mais sei de mim melhor saberei de quem encontro. O que precisamos reconhecer é que erudição, vocabulário e a racionalidade científica possuem limitações para responder de onde viemos, o que fazemos por lá e quem somos.
Agora quando me perguntam no México onde fica o Brasil, tenho dito que fica ao sul, a mais ou menos 8.000 km de distancia de minha cidade, que seria também mais ou menos 10 horas de voo, ou de carro a 100km/h SEM PARAR para nada são 80 horas, e caminhando SEM PARAR para nada também (como o Forest Gump!) são 67 dias! Ou seja, Brasil está lejos de Mexico!
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