A respeito das metamorfoses e dos bons combates na psicologia e na política.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Dignidade a saúde mental
domingo, 30 de outubro de 2011
Leia "Por te amar", crônica de "Oh, margem! Reinventa os rios!"
Por te amar, eu pintei um azul do céu se admirar. Até o mar adocei e das pedras leite eu fiz brotar. De um vulgar fiz um rei e do nada, um império para te dar.
Enfim um horizonte melhor me sorriu. Minha dor virou gota no mar. Saí daquela maré, Luiz, não vivo mais à sombra dos ais.
Não foi fácil, meu velho. Vieram para mim de barba de bode e eu de comigo-ninguém-pode fiz o mar desaguar no chafariz.
Fui ao Cacique de Ramos, planta onde em todos os ramos, cantam os passarinhos nas manhãs. Quando a moçada puxou suas músicas, meu coração desaguou, de alegria e saudade. Olhei para o alto das tamarineiras, as guardiãs da poesia, e elas vestiam um laço branco, como Kitembo. E só ele, para acomodar dores e saudade. Continuamos cantando, buscando o tom, um acorde com lindo som, para tornar bom, outra vez, o nosso cantar.
Então os meninos entoaram seu samba para D. Ivone: “Lara, o seu laraiá é lindo. São canções de quem tantos corações retém com seu canto. Baila e baila o ar ao te ouvir”. Tão singela e precisa definição.
Na volta passei por Manguinhos, mirei a lua de Luanda que veio para iluminar a rua. Visitei a fachada da escola pública batizada com o seu nome: Luiz Carlos da Vila! Que alegria. Eu já sabia, passei para te ver.
É Luiz, a chama não se apagou, nem se apagará, enquanto as ondas do mar brincarem com a areia. São luzes de eterno fulgor, Candeia e Luiz Carlos da Vila. O tempo que o samba viver, o sonho não vai acabar e ninguém se esquecerá de vocês, os timoneiros. O não-chorar e o não-sofrer se alastrarão, do jeito que você sonhou em seu dia de graça, Luiz. Valeu poeta, seu grito forte dos Palmares.
cidinhadasilva.blogspot.com
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Viva Mexico Cabrones!
Anonymous em resposta a revista Veja dessa semana.
Olá, nós somos Anonymous, e esta é uma resposta às declarações da edição nº 2240 - ano 44 ? nº 43, de 26 de outubro de 2011 da revista Veja que é uma publicação do Grupo Abril.
Anonymous não é um movimento, mas uma idéia. Anonymous, por ser global, não é nacionalista. A revista Veja, tanto quanto qualquer publicação do Grupo Abril, não têm respaldo moral para citar Anonymous em suas publicações tendenciosas e com interesses corruptos, pois a Anonymous entende que a revista Veja é um grande expoente do sistema ao qual a Anonymous se opõe, assim como Anonymous não aceita que a revista Veja usurpe seu símbolo, para que esta use em sua guerra pessoal contra o governo.
Anonymous não é palanque. Anonymous entende que a revista Veja se contradiz ao fazer qualquer denúncia, uma vez que faz parte da mesma massa corrupta a qual a revista Veja se propõe a denunciar. Anonymous entende que a revista Veja não reconhece a propriedade da idéia Anonymous, portanto a revista Veja não tem capacidade para fazer qualquer citação que seja verdadeira, por não entender o que é Anonymous. Revista Veja MENTE. Parabéns, vocês conseguiram nossa atenção.
Nós somos Anonymous.
Nós Somos uma Legião.
Nós não esquecemos.
Nós não perdoamos.
Esperem por nós.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Manifesto internacional a respeito da vida acadêmica e da produção do conhecimento científico.
Está online um Manifesto por uma "Slow Science", fazendo a crítica a esta "Fast Science" a qual estamos submetidos, que privilegia a quantidade em detrimento da qualidade.
O movimento tem origem em universidades francesas, mas quando lemos o manifesto reconhecemos esse processo global ao qual estamos todos submetidos.
O manifesto pode ser conhecido - e assinado - através dos endereços:
em francês - http://slowscience.fr
em inglês - http://slowscience.fr/?page_id=43
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Não se esconda.
sábado, 15 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
15 de outubro: a necessidade de ser apartidário.
Os espaços de construção do 15-O por aqui são as assembleias no vão do MASP. Existe uma grande força dentro do movimento que não quer permitir um sistema de decisão baseado em votações por duas razões: 1- por princípios, ao acreditar que pessoas que querem construir um outro mundo podem chegar a um acordo. 2- para evitar que os partidos políticos presentes no movimento venham em bloco e controlem na base do caminhão. Os partidos, por sua vez, tentam manipular de todas as formas, seja desqualificando as palavras pró-consenso, seja ao hostilizar ou zombar das pessoas. Existe uma tentativa de imposição da metodologia de tomada de decisão do movimento, mas a quantidade de opositores a isso é muito maior.
Na última quarta, o principal ponto de debate foi sobre se deveria ou não haver a presença de propagandas dos partidos políticos – bandeiras nas manifestações e no acampamento. Nesta discussão ficou claro que os partidos presentes, o PSOL (MES e CSOL)e o PSTU, não abrem mão de ter as bandeiras presentes. Chegou a ser proposto ora que as bandeiras estivessem apenas no acampamento, ora só nas caminhadas. Ficou nítida a polarização entre os setores autônomos e os partidários. “Não nos representam” foi repetido em coro várias vezes durante o debate por quase 2/3 dos presentes. O 15-O é uma ação política apartidária e assim queremos que siga e se construa. Por isso escrevemos.
Não escrevemos apenas por causa dessas bandeiras, mas porque acreditamos que a organização que queremos para a nossa acampada não pode passar por representações, muito menos por uma maneira de construir que esvazia a discussão política e de ação. E não aceitaremos seguir construindo um espaço desta maneira. A dinâmica competitiva dos partidos políticos coloca luz apenas numa falsa democracia. Queremos uma democracia real e além. Queremos um mundo onde caibam vários mundos, construído com base na solidariedade, apoio mútuo, justiça política econômica e social. Como vamos construir isso? Juntos iremos descobrir e experimentar as respostas.
Convidamos às pessoas independentes de partidos políticos para essa discussão.
A próxima assembleia será nesta sexta, dia 14/10, às 20h, no vão do Masp.
Para entender um pouco mais aqui, aqui e aqui.
Do que vão nos perdoar?
Exército Zapatista de Liberação Nacional
“[…] Do que temos de pedir perdão? Do que vão nos perdoar? De não morrer de fome? De não calar diante da nossa miséria? De não ter aceitado humildemente a gigantesca carga histórica de desprezo e abandono? De levantarmos em armas quando encontramos fechados os outros caminhos? […] De ter demonstrado ao resto do país e ao mundo inteiro que a dignidade humana ainda vive e está em seus habitantes mais pobres? De termos consciência da necessidade de uma boa preparação antes de iniciar a luta? De ter ido ao combate armados de fuzis no lugar de arcos e flechas? De ter aprendido a lutar antes de insurgirmo-nos? […] De lutar por liberdade, democracia e justiça? De não seguir os modelos das guerrilhas anteriores? De não nos render? De não nos vender? De não nos trair? Quem tem de pedir perdão e quem pode outorgá-lo? Os que, por longos anos, saciavam sua fome sentados a uma mesa farta enquanto nós sentávamos ao lado da morte, tão quotidiana e tão nossa que aprendemos a não ter medo dela? […] Os nossos mortos, que são a maioria, que morreram, democraticamente, entre os sofrimentos, já que ninguém nunca fez nada, porque todos os mortos, nossos mortos, partiam, de repente, sem que ninguém se desse conta, sem que ninguém dissesse, finalmente, o “basta!”, que devolvesse o sentido a essas mortes, sem que ninguém pedisse aos mortos de sempre, aos nossos mortos, que regressassem para morrer outra vez, mas agora para viver? […] Quem deve pedir perdão e quem pode outorgá-lo?”
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
El dia del maíz.
Os povos pré-hispanicos por séculos aprenderam inúmeras composições do milho para adequá-lo as diferentes regiões. Do milho nada se desperdiça: é comida, é utensílio, é arte, é adubo. Muitas formas o maíz é cultivado e cultuado, mas nos últimos anos o dia 29 de setembro ganha força enquanto celebração nacional. Teve inicio no ano de 2007. Encabeçada pela campanha Sin Maíz No Hay Pais o principal objetivo é debater a importância do milho para a cultura mexicana e a necessidade de um país sem alimentos transgênicos respeitando sua soberania alimentar.
Estive no município de Mazatlán Villa de Flores, na Mazateca Alta, Oaxaca, durante toda a semana do dia 29. A convocatória foi feita pela rádio comunitária Nandhia, mas organizado totalmente com a participação popular. Uma dia de música, teatro, informação, protesto, debates e claro, muito maíz! Abaixo imagens da preparação e do festival.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Imperdível!
O MAR DE MANU
O mar de Manu, terceiro livro para todas as idades, de Cidinha da Silva, é um conto pleno de poesia e imagens. São pequenas histórias de sabedoria narradas no fluxo de um dia e uma noite vividos por Manu.
A gente de Minas Gerais, assim como Manu, menino oriundo de algum lugar entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso, precisa inventar o mar. As características geográficas desses lugares levam seus moradores a produzir metáforas sem água para representar o infinito. É o que faz Manu, personagem que aprendeu a sonhar com a mãe.
Cidinha da Silva, desta feita em um texto curto, prossegue no caminho da escritura em linguagem simples e direta que dialoga com as instâncias mais sensíveis do leitor.
O mar de Manu é a primeira publicação da Kuanza Produções, uma editora dedicada à formação do leitor literário e à ampliação do espaço editorial para as africanidades no Brasil.
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Capoeira gospel e um pouco mais da velha-nova colonização.
Essa semana encontrei em um blog de compartilhamento de música e material sobre capoeira uma referência a um disco lançado por um grupo que se define como cristão, que fazem segundo eles, uma capoeira gospel. Assunto polêmico. A coisa que mais têm chamado a atenção são as mudanças que alguns desses grupos estão realizando ao se apropriarem da capoeira para difundirem a “palavra de cristo”: músicas que não são mais cantadas por falarem de santos católicos e principalmente em referência a espiritualidade de origem africana; atabaques que não podem ser tocados; a perspectiva extremamente desportiva negando grande parte dos fundamentos e preceitos; a memória manipulada e esquecida de resistência e luta afrodescendente; etc. São apenas alguns exemplos das transformações que a capoeira vem vivendo dentro de alguns desses grupos. Escrevi um comentário nesse mesmo espaço e reproduzo aqui.
Salve a todos! A capoeira como toda cultura popular não tem dono. Não se pode atribuir uma propriedade e definir a quem ou a qual grupo ela pertence. Quem é mais dono e quem não é. Ela, em minha opinião, é de quem a pratica. Entretanto, o que não se deve é esquecer de sua memoria, é evitar as apropriações indevidas e cínicas que sempre ocorreram com as tradições de matrizes africana. O futuro da capoeira está em seu passado! Foi assim com o rock'n'roll e o hip hop, só pra referir ao que se tornou “pop” e de algumas apropriações indevidas mais conhecidas. Nos anos 70 e parte dos 80 muita gente achou que a capoeira deveria ser mais “letrada”, que para ensinar capoeira tinha que ter formação universitária. Besteira. A capoeira sempre foi pressionada de algum modo para ser embranquecida, em um processo de mestiçagem (e isso se dá em outros casos: alguém viu a propaganda da comemoração de 150 anos da Caixa em que transformou Machado de Assis em um homem branco?) que sempre favoreceu um grupo étnico em detrimento de outro, nesse caso, o negro subjugado pelo branco (já notaram que os mestiços normalmente se definem mais como brancos que como negros? Vide os jogadores de futebol quando indagados sobre isso... mas isso é outro papo). O que me incomoda nessas transformações da cultura popular, particularmente de origem africana, é que suas “mudanças são para melhorá-la” e "que da maneira que é não está tão bom". Recentemente, por exemplo, a apropriação do acarajé na Bahia por um tal de acarajé de cristo como “esse é que é do bem”. Já vi grupos de capoeira gospel que estão parando de usar atabaque por um claro preconceito ao associá-lo ao candomblé e a umbanda. Eu admito que não sei muito desses trabalhos que se auto intitulem gospel, mas com o tempo vamos vendo como eles manejam a memória da capoeira, e sua ancestralidade que sempre esteve associada aos terreiros e a toda beleza do povo afrodescendente. Quero ver quantos desses grupos irão respeitar essa historia, respeitar a espiritualidade daqueles que não crêem em Jesus como seu salvador, ou quem sabe apoiar os capoeiristas que tem seu trabalho ligado as matrizes africana e que continuam a ser discriminados e perseguidos por aqueles que consideram essa religiosidade ou tradição menores. A religião de uma pessoa não deve ser critério de discriminação. Não gosto que digam que estou errado, por isso tento não fazer o mesmo. Alguém anônimo nos espaços para comentários desse blog que me referi disse: “AMEI PODER A LOUVAR À DEUS, QUE TÃO PODEROSO NO MOMENTO DE PRATICAR ESSE ESPORTE TÃO MARAVILHOSO QUE FOI DETURPADO POR TANTO TEMPO.” O que será que isso quer dizer? Que até esse momento que a capoeira não era de cristo esteve equivocada?! Já sinto cheiro de preconceito no ar... Com prazer eu talvez jogaria numa roda gospel, desde que nela esteja bem claro que bato cabeça no Congá, que minha ancestralidade não é cristã nem tão européia (apesar de falar a língua do colonizador), que vou sim cantar para Lembá, à Santa Bárbara e aos Inquises de meu povo e que isso deve ser respeitado. No nosso grupo de capoeira temos um Afoxé (onde não é necessário ser desta ou daquela religião para participar) que todo ano sai em celebração a Santo Antônio. Tocamos com nossos atabaques, agogôs e xequerés. Distribuímos rosas brancas e sorrisos. Todos são convidados e bem vindos! Passamos sempre na frente de uma tal casa-igreja gospel, onde sempre falam de um tal de rock de cristo, surf de cristo, skate de cristo, jiu jitsu de cristo, etc. Bem, esse sempre foi o único lugar que nunca aceitou uma de nossas rosas, nem retribui o bom dia que damos diariamente. Oxalá vocês não sejam assim. Que apoiem os terreiros de candomblé e umbanda que continuam perseguidos, inclusive por aqueles que dizem amar Cristo. Isso sim seria lindo e um ato realmente cristão: apoiar o direito de se expressar e aceitar de fato os que são diferentes. O pouco que sei do cristianismo é que ele é, ou deveria ser, a favor do respeito e não das perseguições, onde a mensagem de Cristo foi de generosidade e compaixão. Até esse momento essa onda da capoeira cristã têm se mostrado mais um elemento do já conhecido processo de colonização que as culturas afrodescendentes sofrem a mais de 500 anos. Oxalá que a memória e a ancestralidade da capoeira sejam respeitadas. Oxalá a capoeira continue a nos ajudar e entender nossas diferenças. A capoeira já foi por demais agredida em sua memória e continua em seu presente. Por aqui continuaremos a distribuir flores e cantando aos Orixás. Dando aú, rasteira e cabeçada. Aqui a capoeira não é pra bater em ninguém, mas também não é pra apanhar... mandinga é algo muito especial entre nós. E por aí? Ps - parabéns pelo blog.
domingo, 9 de outubro de 2011
Sobre Kichutes e chuteiras
Em outubro é o mês em que se comemora o mês das crianças, depois do natal, esse é o dia mais aguardado para qualquer menino ou menina, pois, teoricamente é uma data para receber presentes.
Sinceramente não tenho boas lembranças desses dias, na minha casa a roupa sempre foi muito mais importante do que brinquedo, por isso, desde cedo aprendi a brincar só com meus botões.Sem carrinho pra dirigir, ou bola para chutar, cheguei de kichute na adolescência, com os pés cheios de lama e lágrimas no coração.
Um tempo muito difícil de entender que existia um dia só para as crianças, mas ao mesmo tempo, só para algumas delas. Quem será que ensinou aos adultos a serem tão cruéis? Somente um adulto é capaz de ensinar uma criancinha a ter raiva e inveja ao mesmo tempo.
Raiva porque as ruas nesses dias eram tomadas de cores e luzes da felicidade alheia, e inveja por que toda essa luminosidade não brilhava em todos os quintais.De mãos vazias, também aprendi a ter raiva do Playcenter e do Papai Noel. Bom velhinho, sei...
No caso das meninas fico pensando que também não devia ser diferente. Consegue imaginar acalentar a boneca da vizinha que ganhou presente, e chamá-la de sua filha ao mesmo tempo? De onde eu vim eram as bonecas que adotavam as princesas sem castelos.Brincar de babá aos seis deve doer tanto quanto ser motorista sem carrinho aos sete anos de idade. Sorrir com a alegria emprestada... É muito sério ser criança.
Descobri com os pés sem meias que somos o país do futebol porque uma única bola -não importa de quem seja-, é capaz de fazer a alegria de um bairro inteiro, e nessa hora não importa quem ganhou presente ou não.Para quem não sabe o futebol também é um esconderijo de crianças tristes e solitárias. Descalços ou não,uns chutam a bola, outros, a vida.
Não estou fazendo propaganda de loja ou supermercado, nem sei se as pessoas se tornam melhores porque na infância ganharam brinquedos ou não, só quis lembrar um tempo em que o algodão não era tão doce, e que a vida entrava de canela, apesar da magia e da fragilidade dos ossos da infância.
Se vão presentear seus filhos, para que não se tornem poetas tristes como eu, não esqueçam: as crianças gostam que os pais venham como acessórios. Ou quem sabe, o contrário.
Hoje em dia, "os pais" que não sabem brincar, abandonam filhos no lixo ou atiram pelas janelas, e se ninguém fizer nada, haverá um tempo que a gente não se lembrará mais da falta dos brinquedos, e sim das crianças.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Rindo e brigando em outra cultura.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Para que não reste dúvida.
Eu, Guaicaipuro Cautémoc, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, Vim aqui encontrar os que nos encontraram há apenas 500 anos.O irmão advogado europeu me explica que aqui toda dívida deve ser paga, ainda que para isso se tenha que vender seres humanos ou países inteiros. Pois bem! Eu também tenho dívidas a cobrar. Consta no arquivo das índias ocidentais que entre os anos de 1503 e 1660, chegaram à Europa 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata vindos da minha terra!... Teria sido um saque? Não acredito. Seria pensar que os irmãos cristãos faltaram A seu sétimo mandamento. Genocídio...? Não. Eu jamais pensaria que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão. Espoliação...? Não. Seria o mesmo que dizer que o capitalismo deslanchou graças à inundação da Europa pelos metais preciosos arrancados de minha terra! Vamos considerar que esse ouro e essa prata foram o primeiro de muitos empréstimosAmigáveis que nós, índios, fizemos à Europa. Achar que não foi isso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que me daria o direito de exigir a devolução dos metais e a cobrar indenização por danos e perdas. Prefiro crer que nós, índios, fizemos um empréstimo a vocês, europeus. Ao comemorar o quinto centenário desse empréstimo, nos perguntamos se vocês usaram racional e responsavelmente os fundos que lhes adiantamos. Lamentamos dizer que não. Vocês dilapidaram esse dinheiro em armadas invencíveis, terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo. E acabaram ocupados pelas tropas da OTAN. Vocês foram incapazes de acabar com o capital e deixar de depender das matérias primas e da energia barata que arrancam do terceiro mundo. Por isso, meus senhores da Europa, eu me sinto obrigado a cobrar o empréstimo que tão generosamente lhes concedemos há 500 anos. E os juros. Não, não vamos cobrar de vocês as taxas de 20 a 30 por cento de juros que vocês impõem ao Terceiro mundo. Queremos apenas a devolução dos metais preciosos, mais 10 por cento sobre 500 anos. Lamento dizer, mas a dívida européia para conosco, índios, pesa mais que o planeta Terra!... E vejam que calculamos isso em ouro e prata. Não consideramos o sangue derramado de nossos ancestrais! Sei que vocês não têm esse dinheiro, porque não souberam gerar riquezas com nosso generoso empréstimo. Mas há sempre uma saída: entreguem-nos a Europa inteira, como primeira prestação de sua dívida histórica.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O dia 2 de outubro também é memória triste para São Paulo e o Brasil.
Passadas quase duas décadas dessa "página infeliz de nossa história", os tijolos da Casa de Detenção foram deitados ao chão e, no seu lugar, foi erigido o sugestivo Parque da Juventude. Todavia, a construção de um parque para a juventude no lugar de uma unidade de aprisionamento da juventude não significou, infelizmente, qualquer mudança na política criminal do Estado: após todos esses anos, ninguém foi responsabilizado pelos 111 assassinatos!
Pior: ainda hoje, divisamos jovens, em regra pobres e negros, sendo perseguidos pelo aparato repressor estatal. Quando conseguem driblar a morte, caem na vala imunda e cada vez mais superlotada do sistema carcerário (de 1992 para cá, a população prisional cresceu mais de 400% contra pouco mais de 27% de crescimento da população brasileira).
México: 2 de outubro.
O massacre foi precedido por vários meses de instabilidade política na capital mexicana, eco das manifestações e revoltas estudantis ocorridas um pouco por todo o mundo em 1968. Os estudantes mexicanos pretendiam explorar a atenção do mundo, focada na Cidade do México por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1968. No entanto, o presidente Gustavo Díaz Ordaz Bolaños estava determinado a pôr fim aos protestos estudantis, e em Setembro, ordenou ao exército que ocupasse o campus da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), a maior da América Latina. Os estudantes foram espancados e detidos de forma indiscriminada. Em forma de protesto contra esta situação, o reitor da UNAM, Javier Barros Sierra, demite-se em 23 de Setembro.
2 de Outubro de 1968
Ainda assim os protestos estudantis não esmoreceram. As manifestações aumentaram de proporção até que, no dia 2 de Outubro, e após greves estudantis que se prolongaram por nove semanas, 15 000 estudantes de várias universidades invadiram as ruas da Cidade do México, ostentando cravos vermelhos como sinal de protesto contra a ocupação militar da UNAM. Ao cair da noite, cerca de 5 000 estudantes e trabalhadores, muitos deles acompanhados das mulheres e filhos, haviam-se congregado no exterior de um bloco de apartamentos situado na Plaza de las Tres Culturas em Tlatelolco para o que deveria ser uma manifestação pacífica. Por entre os cânticos entoados ouviam-se as palavras México - Libertad (México - Liberdade). Os organizadores do protesto tentaram em vão que este fosse cancelado quando se aperceberam dum aumento da presença militar na zona.
O massacre teve início ao pôr-do-sol quando forças do exército e da polícia - equipadas com carros blindados e tanques - cercaram a praça e começaram a abrir fogo contra a multidão, atingindo não só os manifestantes mas também pessoas que se encontravm no local por razões em nada relacionadas com a manifestação. Manifestantes e transeuntes, incluindo crianças, foram apanhados pelos disparos e em pouco tempo os corpos amontoavam-se na praça. A matança continuou pela noite dentro, com os soldados a efectuar operações de busca casa a casa nos edifícios de apartamentos junto à praça. Testemunhas destes acontecimentos afirmam ter visto mais tarde os corpos serem recolhidos por camiões do lixo. Na explicação oficial dada pelo governo para o que acontecera, afirma-se que provocadores armados misturados entre os manifestantes, colocados nos edifícios adjacentes à praça tinham iniciado o confronto. Encontrando-se debaixo de fogo as tropas teriam disparado em auto-defesa.
Veja vídeo damanifestação de ontem na Cidade do México.http://www.youtube.com/watch?v=3T8spd8O7VM
Comissão da Verdade: mais uma farsa, mais um engodo
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