quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mulheres negras pesquisadoras discutem o racismo institucional nas universidades

Por Joceline Gomes

Menos de 1% dos 6 mil doutores que se formam por ano no país são negros, e menos de 1% das teses tratam temas de interesse das populações afrodescendentes. Para discutir esses dados e formas de revertê-los ocorreu, na manhã desta sexta-feira (25), em Brasília, a mesa “Pesquisadoras Negras”, evento integrante do 4º Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha.
“A academia é um espaço hostil à nossa presença. Orientadores acham que não podem entrar na questão racial. Por que não?”, questionou a doutora Maria Aparecida Silva Bento, diretora executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
A professora lembrou a dificuldade na relação entre o pesquisador e o orientador, que, muitas vezes, considera o ato de abordar a questão racial no Brasil como militância. Segundo Maria Aparecida, a rigidez das instituições acadêmicas faz muitos estudantes negros desistirem de seus temas originais, pois, geralmente, os projetos de temática racial não são aprovados, ou os orientadores afirmam não ter conhecimento ou bibliografia sobre o tema.
Para a diretora, é preciso superar esse obstáculo, se organizar e pensar maneiras de melhorar a relação com agências financiadoras de programas de mestrado e doutorado, a fim de possibilitar benefícios a longo prazo para outros pesquisadores afro-brasileiros.
Esquecimento – Janaína Damasceno, doutoranda em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), sentiu essa dificuldade durante o desenvolvimento de sua tese: “Os Segredos de Virgínia”, sobre a psicanalista e socióloga brasileira Virgínia Bicudo (1910-2003), primeira a abordar as relações raciais em um trabalho de pós-graduação no país e primeira negra a se tornar professora universitária.
Segundo Janaína, há um processo de esquecimento e rememoração das pesquisadoras negras, além de uma tentativa de embranquecimento. Sobre Virgínia Bicudo, por exemplo, a maioria das referências encontradas não diziam que ela era negra. De acordo com Janaína, a psicanalista atendeu a autoridades brasileiras como Eduardo Suplicy e teve contato com Juscelino Kubitschek, mas no campo das Ciências Sociais, Virgínia foi esquecida. “As teses sumiram do cenário acadêmico. As teses somem, mas as ideias não”, disse.
Fortalecimento – A mediadora dos debates, Juliana Nunes, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal, destacou que esse debate só é possível hoje porque muitos homens e mulheres afrodescendentes ousaram abordar o tema em tempos bem mais difíceis. “A universidade é um espaço que reproduz o sistema racista da sociedade brasileira, mas nós estamos aqui hoje, e este é um espaço de fortalecimento”, argumentou.
Andressa Marques, mestranda em Literatura e pesquisadora da Universidade de Brasília, reiterou a necessidade de superar os obstáculos: “enfrentar o racismo institucional é um problema diário no meio acadêmico. Queremos não ter de lidar com isso, mas precisamos seguir em frente”.
Ao discutir a proposta de criação de universidades quilombolas, a pesquisadora destacou a importância de um projeto que valorize e respeite a cultura local, sem limitar as possibilidades dos estudantes. “Pensar um espaço que partilhe o conhecimento alheio a esse enfrentamento diário que temos talvez seja mais frutífero”, ponderou.
Pesquisadores – Janaína Damasceno expôs a realidade da USP, na qual a maioria das bancas são compostas por professores brancos. Segundo ela, nos trabalhos sobre a questão racial, os erros apontados durante a apresentação não são de conteúdo, são por conta da suposta militância. “Cada vez que dizem ‘deixe de ser militante’ estão dizendo é ‘deixe de ser negro’”.
Outro problema identificado pela doutoranda é que o argumento de muitos professores para a invisibilidade de autores negros nas pesquisas é que não há bons pesquisadores negros. “Vamos continuar sob esse jugo dos pesquisadores brancos?”, questiona-se. “Precisamos nos colocar como intelectuais negros e dar visibilidade a intelectuais negros”, conclui.
Redemocratização – Para a professora doutora Maria Aparecida, o racismo precisa ser discutido nas instituições, com treinamento e implementação de ações afirmativas. “É preciso buscar nas instituições outros pesquisadores negros que estejam passando pelas mesmas dificuldades, para educar a instituição a respeito da questão racial”, orientou.
Segundo ela, não é mais possível isolar os discursos. “Precisamos trazer brancos para ouvirem nossas falas, para que eles possam aprender. Cabe aos negros redemocratizar esse país. As mulheres negras estão na ponta desse processo”, disse.

*encontrado aqui

II Feira anarquista de São Paulo

Programação completa abaixo
MAis informações sobre as atividades:
http://feiranarquistasp.wordpress.com/programacao/

Em 2006 foi realizada a 1ª Feira Anarquista de São Paulo, que contou com diversas atividades, dentre elas mostra de filmes, debates, exposição de materiais, shows e leitura de poesias. Ao longo de um dia cerca de 1000 pessoas circularam pelo evento.
Cinco anos depois, a Biblioteca Terra Livre e o Coletivo Ativismo ABC organizam a 2ª Feira Anarquista de São Paulo, inspirada nas feiras que vem ocorrendo em várias cidades do mundo e na tradição dos festivais operários de propaganda e difusão do anarquismo no Brasil.
Acontecerá, como no evento anterior, uma mostra editorial e venda de livros, jornais, revistas, fanzines e outros materiais libertários. A Feira de São Paulo pretende reunir as editoras libertárias do país e do exterior.
Paralelamente à mostra editorial haverá palestras e debates, assim como diversas atividades culturais, como exibição de filmes e vídeos, exposições, poesias, apresentações teatrais e musicais.

Todos estão convidados!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

El norte

Desde que cheguei no Mexico o lugar mais ao norte que estive foi a Ciudad de Mexico, ou seja, nao estive realmente no norte. Oaxaca, Chiapas, Vera Cruz, Costa Chica simplesmente me envolveram de tal maneira que o sul foi meu maior destino. Entao vou tentar um pouco que seja reparar esse desequilíbrio, já que acabo de chegar em Guadalajara. Guadalajara vive aquele dilema de estar entre duas culturas, dois espacos geopolíticos de um país enorme como o México. Lá no Distrito Federal, as pessoas consideram os de Guadalajara como norteños. E o povo do norte mesmo, os que estao mais pelo deserto, os de Tijuana, os de Sinaloa, os rancheiros, os de Monterrey, nao os consideram tao norteños assim; e uma parte da gente de Guadalajara nao se considera nada disso, ou acaba se reconhecendo nesses dois espacos e nessas duas influencias. Vou tentar entao falar um pouco disso nos próximos dias. Enquanto isso deixo aqui um coletivo de música bem norteño em sua maneira de criar música e estética. O Colletivo Nortec é de Tijuana. Fazem uma mistura interessante de música eletronica com ritmos do norte do México. Utilizam junto as batidas eletronicas instrumentos facilmente reconhecidos na música norteña como o acordeon, a tuba e a maneira de tocar a caixa. O vídeo que está aqui também é bem raro, com os músicos em uma viagem a China (Taiwan?) produzindo uma sensacao estranha no contraste das ruas e pessoas com a música.

“Aquele que esqueceu suas utopias, sufocou suas paixões e perdeu a capacidade de se indignar diante de toda e qualquer injustiça social não é um cidadão, mas também não é um marginal. É apenas um NADA que a tudo nadifica”. (Ferreira, 1993)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Santa Niña

Santa Muerte de mi corazón, bríndame señora tu protección,
Santa Muerte de mi amor, líbrame de cualquier traidor,
Santa Muerte de mi alma, bendíceme con tu calma,
Santa Muerte de mi vida, concédeme lo que te pida,
Santa Muerte de mis pensamientos, no me dejes sin sustento,
Santa Muerte bendita, dame felicidad infinita.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Simplesmente Tin Tan



A grande maioria das pessoas no Brasil não conhece Tin Tan. Pois bem, imagina uma combinação de Grande Otelo com Juca Chaves dançando ao som da ópera do malandro com solos de Pixingunha e regado a umas boas doses de tequila e chilli. Maluco, certo? Não. Gênio! Germán Genaro Cipriano Gomez Valdés Castillo foi realmente um gênio.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Consciência de ser negro


Toussaint L’Ouverture (1743-1803)

BRECHTIANA
(Em memória de Abdias)


Primeiro,
Usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.

Depois,
Separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano -
Pois africanos não seriam capazes
De tanta inventiva e tanto avanço.

Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História ao seu modo.
Chamando nações de "tribos"
Reis de "régulos"
Línguas de "dialetos".

Aí,
Lançaram a culpa da escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.

Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
- Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!

E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.

Agora, chega!

(Nei Lopes)

Bandido também tem santo

Crônica de OH, MARGEM! REINVENTA OS RIOS! de Cidinha da Silva

Era terça-feira e eu ia para mais uma entrevista de emprego. Estava marcada às nove, por segurança resolvi sair de casa às seis. Tinha lotação, trem e metrô pela frente. O relógio tocaria às cinco horas, mas às quatro, eu estava desperta. Me banhei. Fiz as orações do dia. Pedi o emprego com fé. Senti aquela brisa quente atrás da cabeça de quando a resposta de Ogum está a caminho. Resolvi me vestir de branco. Saí. Fechei o portão. Caminhei em direção ao ponto de parada da lotação. Um sentimento de que faltava alguma coisa tomou conta de mim. Abri a bolsa, tudo o que eu precisava estava lá: Carteiras de trabalho e de identidade, conta de luz paga, cópia do currículo impressa, endereço dos três lugares onde buscaria emprego naquele dia, sanduíche de pão com goiabada, garrafa de água e um livro para ganhar o tempo no transporte público. Não faltava nada, mas a sensação permanecia. A brisa na cabeça voltou e me impeliu de volta para dentro de casa. Fui direto até a gaveta da cômoda, peguei um fio de contas. Coloquei no pescoço, ajeitei dentro da blusa. O retorno à casa me fez perder a lotação. Fiquei sozinha no ponto, mas logo, logo, encheria de gente. Veio vindo um rapaz de tênis de cano longo, bermudão, camiseta larga, boné e, lógico, headfone no último volume. Óculos escuros também. Ele se sentou na murada ao meu lado e tirou um cigarro. Antes de acender, parou uma Blazer de vidro fume na nossa frente, saltaram dois caras e cada um pegou num braço dele. Mandaram ficar calado e o jogaram dentro do carro. Alguém gritou lá de dentro: “Pega a mina dele também, vacilão! Vai deixar aí?” A nuvem do desespero turvou meu olhos. Não havia outra mulher por ali. A mina do desconhecido era eu. Me empurraram para o banco de trás junto com meu companheiro de espera da lotação. Eu tentei dizer que era engano. Eu nunca o tinha visto antes, só estava ali esperando o transporte. Ia fazer entrevista de emprego. Tinha a carta de convocação na bolsa, podia mostrar... O motorista mandou que eu calasse a boca, não estava interessado. Ao meu lado, os grandões espancavam o rapaz e gritavam: “Você vai me dar meu dinheiro, vagabundo. Se não der, vai morrer. Tá ligado? Fala! Onde é que você escondeu o dinheiro? Fala, vagabundo, fala”. E dá-lhe porrada. O rapaz calado. Eu queria interferir, pedir para eles pararem de bater no menino, mas aí pensariam mesmo que eu era namorada dele. Paramos num sinal. Tinha um carro da polícia estacionado, vazio. Os policiais deviam estar na padaria comendo coxinha. Por via das dúvidas, afundaram o rapaz no vão entre os dois bancos. Nossos sequestradores ficaram tensos. Engatilharam as armas. Eu, uma filha de Ogum, entro em pânico quando vejo arma de fogo e comecei a tremer e a chorar. Um dos caras passou o braço pelas minhas costas, tapou minha boca com uma mão e com a outra encostou o cano do revólver no meu fígado. Disse que se eu não calasse a boca naquele instante, ele apertaria o gatilho, sem dó. Calei. O sinal abriu. O motorista arrancou devagar. Os donos do carro deram mais umas voltas com a gente. O rapaz espancado não dizia palavra. Eu também, não. Um dos rapazes que batia pegou meu pescoço, apertou meus seios com violência, disse ao suposto namorado que ele veria o que fariam comigo, na frente dele, caso não contasse onde estava o dinheiro. O menino nem abria os olhos, tinha apanhado muito, estava quase desacordado. Chamei por Ogum e a massa de calor em movimento atrás da cabeça me levou a colocar a mão no ombro do caladão sentado à frente. Disparei a falar, era a chance única de salvar minha vida. Repeti a história da entrevista para o emprego, puxei minha carteira de trabalho, o sanduíche de goiabada. Disse que não conhecia o desafeto deles, que simplesmente eu estava no lugar errado, na hora errada. E o outro, louco, noiado, apertando meu pescoço com uma mão e esticando a outra para rasgar minha blusa. Ele arrancou dois botões e enroscou a mão na conta, puxou, cortou o dedo no fio de nylon. Arrebentou tudo. As pedras brancas, como pombas, voaram pelo carro. Bateram no vidro fume, no teto da Blazer, caíram no colo do moço da frente. Ele abriu as mãos para as miçangas e sorriu. Mandou parar o carro. Desceu, abriu a porta, estendeu a mão para mim e disse: “pode ir embora”. Ainda ouvi ele dizendo para os amigos: “Deixa a menina em paz. Não viu que ela é filha de Oxalá? Gente de Oxalá, não mente, não!”

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Para o bem da nação ou um teste para cardíaco.

Foi o professor Hariovaldo quem deu a letra... Fico aqui pensando sobre essa gente que é real, que existe no Brasil e no mundo, é uma beleza! Mulheres de bem que possuem opiniões contundentes e lúcidas sobre o melhor para a nação. Prepare o saquinho de vômito e boa sorte.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

El día de la Conciencia Negra en México


Capoeira Angola, Terreiro Mandiga de Angola (TMA), invita


A la jornada por el Día de la Conciencia Negra, celebrado cada año en Brasil el 20 de noviembre, lo que en efecto coincide con un aniversario más de la Revolución Mexicana, hace 101 años... ¿Pero porqué recordar este día?

En el programa: clases abiertas de capoeira angola con el profesor Jagad y danzas afro-brasileiras con profesora Adriana a lo largo de la semana

la exposición fotográfica "Imágenes del Paraíso" de Antonio Castro; la exhibición del documental "De Florida a Coahuila", del director Rafael Rebollar; un panel con letrados participantes para conocer de la expansión de la capoeira en lo ancho del mundo, del movimiento afromexicano en la Costa Chica en Guerrero y Oaxaca y de los orígenes del Día de la Conciencia Negra en Brasil; y para finalizar, la roda de capoeira, como todos los viernes.

Viernes 18 de noviembre de 2011,
Centro Cultural La Pirámide Calle 24 s/n esq. cda. La Pirámide, col. San Pedro de los Pinos, en el cruce de Eje 5 y Periférico (zona poniente-DF),
a unas cuadras de Av Revolución y Metro San Antonio (Línea 7-naranja)
A partir de las 16.30 hrs

Contamos con su presencia y energía en la distancia.
Si saben de alguien que le interese, por favor circulen la información.

Paz, justicia, dignidad y alegría,
Un gran abrazo,


Más información:

http://capoeiratma.blogspot.com

O caixão do morto

Ri ukaxa ri kaminaq

Pa wa jun tinimit are jampa kakam jun
pa jujunal ko´pan
ri alaxik, xuquje ri ke´tam kiwech.

Chikixo´l k´o jujun taq,
ri man kopan Taj rumal ri ajbis,
man rumal ta ri kaminaq,
xa kajaj kakilo ja ucholaj ri ubaxa.

We kikilo che xá jun kolona kaxa
ke´jasjatik kakibij:
“sibalaj achaq ri jun kaxa
ri kuk´amui wa jun tata´.”


O caixão do morto

Neste povoado quando alguém morre
um a um chegam
familiares, amigos e conhecidos.

Entre eles, alguns,
não vão pelos sofridos,
nem pelo morto,
mas para ver o caixão do defunto.

E se vêm que é um caixão simples
cochicham em voz baixa:
que caixinha de merda
a que leva este senhor.”

Humberto Ak'abal
Nació en Momostenango, Totonicapán, Guatemala, en 1952. Autodidacta. Habla, lee y escribe em maya-k´iche´ y español.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Oferendas

Continuando por las ofrendas de la UNAM, pero de noite...

sábado, 12 de novembro de 2011

Ofrendas y dia de muertos

As oferendas com certeza são centrais e fundamentais para a celebração do dia de muertos no México. Suas formas e tamanhos são de uma variedade impressionantes e para quem não esta acostumado com essa tradição as cores são o que mais nos tocam. As oferendas são também formas de materialização da memória dos que estão vivos com relação aos que estão mortos. Porém é importante entender que os mortos não estão desaparecidos ou inexistentes. Nesse período eles retornam, caminham e se reconectam com seus entes queridos e seus hábitos em vida. Os mortos voltam a sentir, a desfrutar e se expressar, e para isso eles necessitam de alguma ajuda. As oferendas são essa ponte, o espaço de religação, o lugar de reencontro. Por isso o cuidado e a atenção em ter uma oferenda bonita e bem disposta, com objetos, fotos, comidas, bebidas e tudo mais que o morto e os ancestrais a serem lembrados gostavam. Entendam uma coisa: não é a imaginação sobre a pessoa que morreu, mas literalmente a presença dela, ou do morto, nesse mundo uma vez mais. Os mexicanos estão convencidos e acreditam que o espírito chega até as oferendas, que esses objetos estão ali para terem essa função. Sem a oferenda o espirito não reconhece, não identifica esse lugar como seu e assim pode se perder e até mesmo não chegar. É o momento para vir de Mictlan, do mundo más allá, do inframundo, para esse outro lado. Por isso a importância de queimar o copal a partir da porta, do caminho de flores, da água, da comida e bebida prediletas, das muitas caveiras, dos crânios e esqueletos, das cores, dos nove círculos, dos nove níveis, do xolo... Cada coisa tem sua razão, nada é casualidade, tudo está em seu lugar. No dia 2 de novembro se dança com as canções prediletas do morto, é quando os mariachis vão ao cemitério e tocam e cantam sobre sua sepultura, é quando se bebe à memória e a nova possibilidade de reencontro, é para resistir, é para não esquecer, é para mudar o presente e encaminhar o futuro. Durante esses dias podemos notar um sincretismo enorme, mas sem sombra de dúvidas essa é uma tradição originariamente indígena.
As imagens abaixo são das megas oferendas feitas na Universidad Autonoma do Mexico. Estive por ai em dois momentos. O primeiro, no dia 31 pela manha - que são as fotos aqui – e depois na noite do dia 2. Nesse caso foi feita uma homenagem a Jorge Luis Borges e muitas oferendas contam com sua presença. Ainda assim há a presença de outros mortos, como daqueles que foram assassinados por lutar por uma sociedade melhor e um mundo mais justo. Volto a falar das oferendas na UNAM em breve.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Muito além da polêmica sobre a presença ou não da PM no campus da USP

Por Raquel Rolnik, no Blog da Raquel Rolnik

Ontem participei, a convite do Grêmio da FAU, de um debate sobre a questão da segurança na USP e a crise que se instalou desde a semana passada, quando policiais abordaram estudantes da FFLCH, cujos colegas reagiram. Além de mim, estavam na mesa o professor Alexandre Delijaicov, também da FAU, e um estudante, representando o movimento de ocupação da Reitoria.

Para além da polêmica em torno da ocupação da Reitoria, me parece que estão em jogo nessa questão três aspectos que têm sido muito pouco abordados. O primeiro refere-se à estrutura de gestão dos processos decisórios dentro da USP: quem e em que circunstâncias decide os rumos da universidade? Não apenas com relação à presença da Polícia Militar ou não, mas com relação à existência de uma estação de metrô dentro do campus ou não, ou da própria política de ensino e pesquisa da universidade e sua relação com a sociedade. A gestão da USP e de seus processos decisórios é absolutamente estruturada em torno da hierarquia da carreira acadêmica.

Há muito tempo está claro que esse modelo não tem capacidade de expressar e representar os distintos segmentos que compõem a universidade, nem de lidar com os conflitos, movimentos e experiências sociopolíticas que dela emergem. O fato é que a direção da USP não se contaminou positivamente pelas experiências de gestão democrática, compartilhada e participativa vividas em vários âmbitos e níveis da gestão pública no Brasil. Enfim, a Universidade de São Paulo não se democratizou.

Um segundo aspecto diz respeito ao tema da segurança no campus em si. É uma enorme falácia, dentro ou fora da universidade, dizer que presença de polícia é sinônimo de segurança e vice-versa. O modelo urbanístico do campus, segregado, unifuncional, com densidade de ocupação baixíssima e com mobilidade baseada no automóvel é o mais inseguro dos modelos urbanísticos, porque tem enormes espaços vazios, sem circulação de pessoas, mal iluminados e abandonados durante várias horas do dia e da noite. Esse modelo, como o de muitos outros campi do Brasil, foi desenhado na época da ditadura militar e até hoje não foi devidamente debatido e superado. É evidente, portanto, que a questão da segurança tem muito a ver com a equação urbanística.

Finalmente, há o debate sobre a presença ou não da PM no campus. Algumas perguntas precisam ser feitas: o campus faz parte ou não da cidade? queremos ou não que o campus faça parte da cidade? Em parte, a resposta dada hoje pela gestão da USP é que a universidade não faz parte da cidade: aqui há poucos serviços para a população, poucas moradias, não pode haver estação de metrô, exige-se carteirinha para entrar à noite e durante o fim de semana. Tudo isso combina com a lógica de que a polícia não deve entrar aqui. Mas a questão é maior: se a entrada da PM no campus significa uma restrição à liberdade de pensamento, de comportamento, de organização e de ação política, nós não deveríamos discutir isso pro conjunto da cidade? Então na USP não pode, mas na cidade toda pode? Que PM é essa?

Essas questões mostram que o que está em jogo é muito mais complexo do que a polêmica sobre a presença ou não da PM no campus.

Eu não vou me mover!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Racismo de Clase - Uma reflexão colombiana, mas que se extende além.

Por: Mauricio García Villegas
Cuando le oigo decir al senador Carlos Martínez que lo persiguen por ser de raza negra, me pongo a pensar en las complejidades que tiene el racismo en Colombia.
Pienso entonces en lo mucho que se habla de discriminación racial contra los afros y los indígenas y en la cantidad de personas y de organizaciones que luchan para erradicar este tipo de prácticas. No dudo de la importancia que tienen estas luchas y de la necesidad de seguir adelante con ellas; pero me pregunto si son suficientes y si no deberíamos tener en cuenta una discriminación racial más profunda y más extendida: la que se ejerce contra los pobres y a la cual podríamos denominar “racismo de clase”.
Colombia tiene una población con dos rasgos muy notorios: existe mucha desigualdad social y mucha mezcla de razas. El mestizaje trajo consigo una relativa pigmentación de los ricos y una relativa despigmentación de los pobres. La clase alta tiende a ser más blanca y la clase baja tiende a ser más oscura, pero la diferencia racial entre las dos dejó de ser siempre clara y neta.
En estas circunstancias y para poder mantener la brecha entre ricos y pobres, las élites en Colombia diversificaron los mecanismos para excluir a los pobres. El hecho de que en este país las posibilidades de volverse rico sean muy limitadas es ya una garantía de que la clase alta se reproduce a sí misma. Pero esto no es lo único, los mecanismos de discriminación cultural son tan poderosos como los económicos. Entre ellos está, por supuesto, el blanqueamiento de la cultura dominante: la élite siempre ha buscado la manera de aparecer más blanca de lo que realmente es (en la época de la colonia se compraban los certificados de raza blanca) y de mostrar a los pobres más oscuros de lo que realmente son. Pero quizás el mecanismo más poderoso de separación entre ricos y pobres sea el carácter dominante de la cultura de clase alta, asociado, claro, a la élite “blanca”. Esto es a lo que llamo racismo de clase.
El lenguaje, el acento, los gustos, los nombres personales, el vestido, etc., son rasgos culturales que abren o cierran puertas de manera tan drástica como lo hace el dinero o la raza. Estas marcas culturales encadenan a los pobres a sus círculos de pobreza y son casi tan indelebles e irreversibles como el color de la piel.
Las causas de la relativa inmovilidad de las clases sociales en Colombia no sólo deben buscarse en el modelo económico, sino también en la cultura dominante y muy particularmente en el sistema educativo. Se supone que la escuela debe servir para limar esas diferencias culturales y para formar ciudadanos con capacidades básicas similares. En Colombia, sin embargo, la escuela hace justamente lo contrario, ahonda esas diferencias a través de un modelo de apartheid educativo en donde los ricos y los pobres no sólo estudian por su lado, sino los primeros reciben una educación de mejor calidad que los segundos.
Así, pues, el problema en Colombia no es sólo que una gran mayoría (80%) compuesta por blancos y mestizos discrimine a unas pequeñas minorías étnicas (25%); el problema es también que una pequeña minoría (10%) de clase alta (tendencialmente blanca) discrimine a una mayoría (55%) de gente pobre (tendencialmente de piel morena).
La lucha contra estos dos tipos de racismo es parte de la batalla que hay que librar para conseguir una sociedad más incluyente y civilizada. Si no hacemos nada por ello, cada día será más difícil evitar que personas como el senador Martínez y la gente que lo acompaña se metan a la brava en los círculos de poder.

*Encontrado aqui

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dia de muertos por Coyoacan. parte 3

Essa é a última parte com imagens sobre Coyoacan e seu dia de muertos. Começamos com a linda e distinta dama conhecida por Catrina. Com certeza uma das imagens mais populares no México e muito presente em el dia de muertos. Por absoluta falta de vergonha na cara, reproduzo algumas informações básicas desse ícone retiradas do oráculo Wikipédia.
La Catrina de los toletes, na cultura popular mexicana, é a representação humorística do esqueleto de uma dama da alta sociedade. A palavra catrina é a variante feminina da palabra catrín, que significa dândi em espanhol. O personagem se caracteriza como um esqueleto de mulher usando um chapéu, como distintivo da alta sociedades do início do século XX e tem uma função dememento mori destinado a lembrar que as diferenças sociais não significam nada, diante da morte.
Muito popular na época de Posada, o personagem tornou-se um dos principais símbolos das manifestações artísticas do dia de Finados no México e da cultura mexicana em geral, após a descoberta da obra de Posada pelo artista ehistoriador da arte, pouco depois da Revolução Mexicana. La Calavera de la Catrina foi então reproduzida e tornou-se símbolo da renovação indigenista da arte mexicana. Assim, la Catrina aparece na pintura mural de Diego Rivera denominada Sueño de un domingo por la tarde en la alameda que contém outras imagens de Posada. Além do seu uso como imagem, ela foi também interpretada em outras formas artísticas, dentre as quais a escultura.