quinta-feira, 23 de junho de 2011

A luta para cruzar o México. Parte I

Trem utilizado por imigrantes para se chegar em Ixtepec, Oaxaca.


A cada dia a situação migratória no México se agrava. Milhares vindos de muitos lugares da América Central e Sul buscam primeiro o território mexicano com a esperança de um dia chegar aos Estados Unidos. Para muitos isso nunca irá acontecer e para outros tantos que talvez cruzem a fronteira, será com um alto custo.

A grande maioria dos migrantes tem muito claro que se existissem outras possibilidades para mudar um pouco sua condição material em seus países de origem não estariam fazendo isso. São exilados econômicos, políticos em sua outra definição. Fora das possibilidades de consumo e manutenção das necessidades básicas para viver, iniciam uma jornada absurdamente dura e não raras as vezes, cruel. Assaltos, sequestros, estupros, mortes, acabam infelizmente se tornando acontecimentos frequentes. Como se não fosse suficiente as dores e lamentos que trazem de onde vem, um outro problema, que pode lhes custar a vida, se inicia na fronteira com a Guatemala, em Chiapas.

Podem ser atacados tanto por grupos de narcotraficantes, como pelas Maras (um tipo de gangue), ou ainda por funcionários do governo, seja por policiais municipais ou federais e da migração, não importa, todos tratam de algum modo violenta-los e marginaliza-los.

Estimativas apontam para cerca de 350.000 pessoas que tentam atravessar o México para chegar nos Estados Unidos por ano. Já o número de mexicanos que tentam ir para os Estados Unidos passa de meio milhão. Desses não se pode saber exatamente quantos são mortos, mas sabe-se que o número passa de milhares. Para se ter uma ideia, a fronteira (muro) entre México e Estados Unidos já contabiliza mais mortes que o muro de Berlin nos últimos 15 anos do que todo período da Guerra Fria. Segundo relatório da ONU, apenas nos dois últimos anos mais de 11.000 foram sequestrados em território mexicano.

A situação é desesperadora. O encontro com as Maras normalmente resulta em assaltos, agressões físicas e extorções. Com os funcionários do governo é igual e somasse a possibilidade de sequestro. Normalmente funcionários do Instituto Nacional de Migração (INM) estão associados a grupos de narcotraficantes e redes de tráfico de pessoas. E com os grupos narcotraficantes são todas essas possibilidades, mais o sequestro para trabalho escravo, tráfico de órgãos, exploração sexual e extermínio. São raras as mulheres que não são violentadas por algum desses grupos. As histórias não teminam e o trem do inferno segue viagem.

O pouco de solidariedade que encontram nem sempre pode fazer muito, mas ainda assim é algo para ajuda-los nessa jornada. Vale a pena por exemplo conhecer o Albergue do Imigrante localizado no Istmo de Oaxaca, Ixtepec. Hermanos en el camino é uma base única para esse transito.

Continua...

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