terça-feira, 26 de julho de 2011

A respeito do diferente ou algo sobre a necessidade de ver o mundo como uma pràtica do extraordinàrio.

Na verdade tinha pensado que o tìtulo desse post deveria ser "As coisas que ainda nao pude entender no México, mas que vou aprender". Falar de cada uma dessas coisas aos poucos, exatamente porque de tempos em tempos me fazem aqui a seguinte pergunta: "o que é que mais te chocou desde que voce chegou?" Essa pergunta pode parecer simples, mas só se a gente se manter em sua superficialidade e objetividade. O que me interessa agora é na verdade pensar porque algumas coisas nos causam tanto estranhamento, e conseguentemente desconforto. Em nosso cotidiano nem sempre nos damos conta disso exatamente porque passamos a considerar tudo que nos cerca como sendo familiar e sem maiores conflitos. Porém até onde podemos olhar aquilo que nos cerca como sendo trivial, apenas banal e totalmente conhecido? Quando saimos de nossas certezas e da seguranca do mundo conhecido é extremamente evidente que quase nao existem momentos banais. Tudo é outra coisa, tudo é diferente do imaginamos. Talvez sofremos porque queremos que essas mesmas coisas continuem sendo o que um dia foram, mesmo quando falamos nao querer mais tal coisa ou tal comportamento. Na psicologia o conceito de repeticao - apesar das diferentes interpretacoes - remete ao retorno do mesmo, a constancia de uma atitude tal qual. A mesmice torna-se um tipo de càrcere e è por isso que nao è suficiente saber que repetimos. Conhecer è apenas o primeiro passo. Fundamental desconstruir o lugar que garante a manutencao do mesmo. A coisa è mais estrutural do que simplesmente de uma "vontade", quero dizer que nao se repete apenas porque nao hà desejo de mudanca (claro que pode existir!), mas tambem porque nao se conhece outro modo de funcionamento. È certo que as questoes do desejo tambem merecem atencao, mas exatamente nessa relacao que nos colocamos em condicoes extremamente confusas. Enfim, a mesmice... Mesmo nos dias em que achamos tudo lindo e maravilhoso, basta uma pequena alteracao no cardápio pra fazer cara de nojo e insatisfacao, basta um ruído um pouco mais alto pra perder a paciencia, uma demora na fila, um ciùmes exagerado, a pessoa seguinte que faz as mesmas coisas que a anterior com quem estivemos e por aí vai. Por isso tenho feito esse exercício: deixar provar ou acontecer aquilo que me parece ser bem pouco provavel. Meus próximos passos totalmente influenciado por minha vida no México e por seus "usos y costumbres", e tentando responder o que mais me provoca por aqui, sao:

1-Comer melância com chilli.
2-Comer manga com chilli.
3-Comer coco verde com limao e chilli.
4-Na verdade aprender a comer qualquer fruta com limao e pimenta.
5-Num dia de calor usar blusa de manga comprida.
6-Entrar no mar de roupa e fazer cara de quem esta aproveitando.
7-Escutar o caminhao do lixo buzinando as 7 horas da manha de domingo e nao ficar furioso.
8-Nao me levar tao a sèrio.
9-Seduzir mais a mim mesmo do que aos outros.
10-Comer mais chapulines e hormigas...

ps- por isso que esse título precisava contar algo sobre a diferenca ou simplesmente constar que na vida nao existem momentos banais. Corriqueiros e repetitivos talvez, mas banais?

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