"Qual é a diferença entre o bobo da corte e o rei? Um tem um exército e o outro não".
Definitivamente a coisa tá piorando e somente um idiota pra não ver ou alguém de muita má-fé pra negar. Dois episódios que revelam bem como o fascismo avança a passos largos no Brasil. Dois episódios onde a liberdade é jogada no lixo. Duas cidades. Uma mesma polícia e um mesmo Estado. Um povo. Que venham a Copa e as Olimpíadas!
Primeiro em Belo horizonte onde o artesão é marginalizado e duramente golpeado pelo aparato policial. É 10 de agosto de 2011. As imagens são claras e contra os fatos é sempre mais dificil argumentar. Vão falar o quê?! Talvez alguém diga que são muito mal preparados esses policiais. Discordo. Eles são preparados exatamente para isso: para o monopólio da violência e continuar a segurança de uma elite mediocre e inescrupulosa.
Carta contra a violência policial em Cachoeira (BA)
Por Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB (NNNE)
Cachoeira, 14 de agosto de 2011
Sábado, 13 de agosto, noite de início da Festa da Boa Morte, festividade que atrai muitos visitantes à cidade, a comunidade se reuniu em torno de um movimento cultural. A Praça 25 de junho agrupava na mais recente edição do Reggae na Escadaria - no centro de Cachoeira/BA ? um grande número de pessoas (Famílias, crianças, estudantes, idosos), onde por diversas vezes a viatura da polícia de número 9 2702 placa NTD 8384 passou vagarosamente observando de forma ameaçadora alguns espectadores, dando um prazo limite para que o som fosse desligado.
Por volta das 2 horas da manhã, quando o trânsito foi parado por uma colisão de carros, a viatura que passava no momento parou e os policias desceram, solicitando que o som fosse interrompido. Alegaram que muitas pessoas se reuniam no local atrapalhando o trânsito na via e também alegaram que os organizadores do evento não tinham autorização para realizar aquela atividade.
Os presentes sentiram-se indignados, manifestando-se através de vaias e frases de protesto, pois ao mesmo tempo inúmeros carros tocavam outros tipos de som em volume altíssimo. Os policias reagiram de forma agressiva e opressora. A PM Ednice iniciou a agressão contra um espectador que estava acompanhado por sua esposa e filho, o que causou ainda mais revolta entre os cidadãos. Os policias pararam a viatura ao lado da praça e permaneceram em formação fora do veículo. Uma parte dos policiais estava sem identificação. A residente Flávia Pedroso Silva se aproximou dos soldados e perguntou os nomes dos agentes que participavam da atuação. O que é direito de todo cidadão resultou numa ação ainda mais agressiva. Dois policiais homens a seguraram pelo braço dando voz de prisão por ?desacato à autoridade?. A vítima alegou irregularidade na atuação, pois sabido é que um policial homem não pode autuar mulheres. Os presentes reagiram e tiraram a menina da mão dos policias, que agrediram muitos dos presentes com empurrões quando o PM Elias atirou para cima ameaçando as pessoas que estavam próximas.
Pouco tempo depois chegaram mais duas viaturas e vários soldados que partiram para cima da estudante agredindo a ela e Glauber Elias, também negro e estudante da UFRB. No caso da estudante Flávia, o mais grave em nosso entendimento, os agressores usaram de violência física e psicológica, utilizando palavras de baixo calão, como vadia, puta e vaca. Mostraram também todo o preconceito em relação às tatuagens no corpo da estudante, usando disso para fazerem mais ameaças tais como ?você que gosta de marcas vamos deixar mais marcas em seu corpo?.
A garota foi colocada dentro do camburão, juntamente outro estudante presente, Luis Gabriel, que também questionou a ação dos policiais. Os mesmos soldados continuaram ameaçando outras pessoas, perguntando de forma sarcástica quem mais queria ser detido.
Ambos foram levados para o Posto Policial Militar do 2º Pelotão da 27ª CIPM - CPR LESTE, localizado na Rua Direta do Capoeiruçu/ Cachoeira. No local a garota foi agredida com tapas no rosto e agressões verbais em frente ao funcionário que registrava a ocorrência, e que ao ser solicitado o registro de tal agressão o mesmo declarou que não havia visto nada. Enquanto isso, do lado de fora da delegacia, testemunhas que estavam no momento da agressão permaneceram sob tensão com os policiais. A advogada que acompanhou todo o caso permaneceu pelo menos 30 minutos em frente a delegacia sendo impedida de entrar.
A vítima, ao expressar sua vontade de abrir ocorrência contra a violência e o abuso de autoridade, foi informada que não poderia fazê-lo pois, no local, não havia delegado e nem escrivão. Assim sendo, os envolvidos foram encaminhados para a DEPIN - 3ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior - Delegacia Circunscricional de Policia de Santo Amaro ? BA. Mesmo com a alegação da advogada de que seus clientes não poderiam ser transportados na parte traseira da viatura e que ela deveria acompanhá-los, os policias os colocaram no camburão e seguiram dizendo que não esperariam ninguém. Ao chegar em Santo Amaro, as vítimas nada puderam fazer, pois os policiais que receberam o caso disseram que não havia tinta na impressora para registrar a ocorrência da mesma e que esta voltasse num outro momento, atrasando desta forma todo o processo e a possibilidade de se fazer um exame de corpo de delito. Após uma espera ambos foram liberados e convocados para depoimento no dia 15 de agosto, às 10 horas. Vale ressaltar que mesmo com a alegação de não haver tinta na impressora, os policiais agressores registraram a ocorrência de desacato à autoridade.
Como podemos perceber, inúmeras irregularidades ocorreram no procedimento da abordagem policial. Desde o aparente desrespeito por parte destes policiais ao estilo musical Reggae, às reações de extrema violência da polícia para com a população, até os atos de violência ao longo do processo.
Enfatizamos a repressão ao reggae como demonstração de racismo da polícia cachoeirana, lembrando que a maior parte das pessoas que compunham o grupo local eram homens e mulheres negras. Também o tratamento contra a Flávia, desde as agressões físicas cometidas por policias do sexo masculino até os obstáculos postos diante da tentativa de prosseguir com a denúncia contra as ações destes policiais, tanto que até o presente momento ainda não foi possível o registro legal do caso, sendo que há apenas o processo da polícia contra os envolvidos.
Denunciamos assim a opressão explícita, ao saber que este não é o único e nem o primeiro caso de abuso e violência gratuita da polícia militar contra os cidadãos cachoeiranos, e exigimos desta forma providências do Estado contra os crimes praticados de violência policial, abuso de poder e violência do estado contra a população negra, a qual resultou na prisão irregular dos estudantes negros Flávia e Gabriel, configurando crime de racismo institucional.
completamente de acordo meu chapa. a polícia não só é muito bem treinada como cumpre a rigor sua função e indo um pouquinho mais allá é importante recordar que a maioria quantitativa das pessoas estão completamente de acordo com isso. o mundo infelizmente segue dominado pela caretice generalizada e todo esse discurso de aceitação das diferenças, democracia e alteridade ainda segue sendo um blá blá que nunca se realiza. sem falar nesse irritante negócio da tolerância, quem diabos quer ser tolerado??? queremos é existir e viver ainda que sejam entre essas ruínas e esses fantasmas... abraços nuno g.
ResponderExcluirÉ isso mesmo! na real as coisas funcionam exatamente como são planejadas, nós apenas estamos fora do jogo, somos meros coadjuvantes e manipulados. E qualquer desvio, qualquer passo fora do jogo vêm a polícia, boneco do estado, para nos atacar. dizendo ela, a polícia, que só tá cumprindo ordens e leis. Agora o que a polícia não diz que ela usa outra lei, que não tá na constituição, ela usa uma lei da elite, do estado e do poder. porque se a polícia usasse a tal lei para todos, ela deveria prender os políticos corruptos que só atrasam o nosso país,devereia ter a mesma obediência a lei e usar essa mesma força para fazer a lei, para resolver os problemas básicos de emprego moradia saúde educação, mas não, isso não está na regra do jogo, e qualquer passo fora do jogo, é porrada!
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