sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Outra vez: algum dia fomos livres nessa porra?! parte XXI


Juro que estou tentando escrever só sobre o azul do céu e o verde do mar, mas tá difícil. O último texto desse blog falou sobre uma imagem dos protestos no Chile contra a reforma educativa que privatizará todo sistema público de educação e a precarização dos trabalhadores em diferentes setores. A foto era de um policial agarrando pelo colarinho um garoto que deve ter no máximo 14 anos. A imagem é chocante em parte porque deixa claro a relação de forças e o modo de lidar com o tema. A foto continua aqui na sequência... Tinha dito que infelizmente não seria a última vez que veriamos isso acontecer. Pois bem, tragicamente hoje um garoto de 14 anos foi assassinado pela polícia nas marchas que se seguem em Macul. Um estudante exatamente como o da foto abaixo (e que poderia ser o próprio!), era um jovem que não tinha como reagir nem se defender dessa máquina de guerra e que foi trucidado com um tiro no peito. Outra vez a pergunta: como justificar a morte de um adolescente pelas mãos de alguém treinado pelo Estado para matar? O fato foi no Chile, mas poderia ser em qualquer cidade latina, onde a juventude é vista com desconfiança e sua simples presença é motivo de agressão por parte do aparato policial do Estado. A população que mais morre pelas mãos da policia paulista é exatamente a que tem entre 14 e 25 anos. Uma média oficial, e não esclarecidas, de 2 por dia. Na grande maioria homens negros e pobres. Certa vez me chamaram de tendencioso. Passado alguns anos desde esse dia eu tenho que confirmar que sou mesmo. Para muitas coisas nessa vida não existem imparcialidades, neutro é algo impossível. Em se falando de justiça, direito e deveres a coisa não é diferente. Neutralidade é um engodo que serve apenas para disfarçar os privilégios de quem normalmente fala isso, que devemos ser neutros, diga-se, indiferentes. No cenário político a coisa é mais que evidente. Eu simplesmente não confio em gente que diz que "política, futebol e religião não se discute". A coisa é tão tensa nesses três cenários que enquanto o alienado diz que essas são coisas que não se debatem, vai deixando sua vida, e das pessoas a sua volta, serem ditadas por "pseudos" representantes destes espaços. Política. Tudo é política! Desde o preço do pãozinho, a reunião do condomínio, a cachaça no Seu Zé, até os salários dos canalhas que dizem te representar no congresso. Futebol. Já dizia alguém que esse é o verdadeiro ópio do povo, mas eu tenho lá minhas divergências sobre isso. O fato é que futebol e política há muito tempo estão de mãos dadas. E no que diz respeito a elite do esporte, a coisa esta cada vez mais chata, previsível e plastificada. A várzea é muito mais emocionante que a seleção e nem te custa tanto. Religião. Reza a lenda que o Estado é laico, mas queria eu entender por exemplo, porque quando falamos de temas de saúde pública - sim, esses são temas de saúde caso você nunca tenha se dado conta - , como por exemplo aborto, violência doméstica, discriminalização das drogas, reconhecimento de união homoafetivas, um monte de gente evoca Deus para justificar a própria ignorância e preconceitos sobre o assunto? Enquanto isso, continue mesmo pensando que essas são coisas que não se discutem, que não merecem nossa atenção, que são coisas de gente chata e siga acreditando em toda pataquada que o deputado diz, que os cartolas organizam e na promessa do pastor, padre, pai de santo, de que um dia Jesus intercederá por você. Continue mesmo lendo Veja, Época, etc. para se "informar", assistindo o Jornal Nacional ou da Record para "saber" o que acontece no mundo, pensando que o Datena é um grande comunicador preocupado com o povo brasileiro, defendendo a "Rota na rua!", a votar nas próximas eleições e que esse é seu grande exercício de cidadania, e por aí vamos. Confie em mim, eles adoram todos acreditando nisso. Está certo que muita gente que eu gostaria de discutir isso não vai nem chegar perto desse blog, mas tá dito e registrado.

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